MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

sábado, 25 de fevereiro de 2023

Pazuello disse ter avisado ao comandante do Exército que iria à motociata com Bolsonaro

 



Processo sobre participação de Pazuello em ato político estava sob sigilo

Pazuello alegou também que não pretendia fazer discurso

Daniel Gullino e Patrik Camporez
O Globo — Brasília

Alvo de processo disciplinar por infringir as regras do Exército, a participação do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello em um ato com o então presidente Jair Bolsonaro, no dia 23 de maio de 2021, foi previamente comunicada ao comandante da Força da época, general Paulo Sérgio Nogueira.

A informação consta no procedimento interno aberto pelo Exército, que havia ganhado sigilo de 100 anos na administração Bolsonaro, mas foi divulgado nesta sexta-feira por determinação da Controladoria-Geral da União (CGU).

FEZ DISCURSO – Na ocasião, o ex-ministro participou de uma motociata ao lado de Bolsonaro no Rio de Janeiro. Depois, os dois discursaram em cima de um carro de som. Na época, Pazuello era general da ativa do Exército.

O processo disciplinar foi aberto porque militares da ativa não podem se manifestar politicamente. O ex-ministro, contudo, não recebeu qualquer punição e, no ano passado, foi eleito deputado federal com a segunda maior votação no estado.

Em sua defesa no processo, só agora revelado, Pazuello afirma que informou “por telefone no sábado que iria ao passeio no domingo, a convite do presidente”. O general disse ainda ter aceitado participar do evento devido aos “laços de respeito e camaradagem” que tem com Bolsonaro.

HOUVE DISCURSOS – A participação em motociatas com apoiadores se tornou uma marca da campanha eleitoral de Bolsonaro, que não conseguiu se reeleger ao Palácio do Planalto, mas ajudou o PL, seu partido, a eleger a maior bancada da Câmara neste ano, incluindo Pazuello.

No discurso que contou com a presença de Pazuello, Bolsonaro fez referência à candidatura do então ministro da Infraestrutura e atual governador de São Paulo, Tarcísio Gomes de Freitas, o que de fato ocorreu no ano seguinte. O então presidente também afirmou que era preciso “agradecer à nossa direita”.

No documento, ao analisar o caso, o então comandante do Exército confirma ter recebido a comunicação prévia, embora não cite se houve ou não uma autorização formal para a participação do ex-ministro no ato. “Insta saliente, inicialmente, que o oficial-general em tela efetivamente comunicou a este comandante que se deslocaria à cidade do Rio de Janeiro, a fim de participar do passeio motociclístico, a convite do senhor Presidente da República”, escreveu.

SEM VIÉS POLÍTICO – Ao justificar o arquivamento do processo, Nogueira afirmou ainda considerar que a participação de Pazuello no ato de Bolsonaro não teve “viés político-partidário”, porque ele falou de “forma improvisada” e apenas “cumprimentou os presentes e enalteceu o passeio” realizado.

“Da análise acurada dos fatos, bem como das alegações do referido oficial-general, depreende-se, de forma peremptória, não haver viés político-partidiário nas palavras proferidas, repisa-se, de improviso, pelo arrolado, naquele momento”, afirmou Nogueira na manifestação que arquivou o processo.

Na defesa, Pazuello afirmou que não tinha conhecimento de que haveria um carro de som no local e que também foi “surpreendido” pelo pedido de Bolsonaro para que ele discursasse. “Acrescento que fui surpreendido quando o presidente me chamou para ficar ao seu lado na lateral do caminhão. Fiquei mais surpreso, ainda, quando o presidente passou às minhas mãos o microfone para que me dirigisse ao público”, escreveu.

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