Alex Pipkin, PhD
Quem tem filhos, certamente sabe como funciona a adolescência.
Pai e mãe ensinam pela “janela aumentada”, mas a rebeldia e a vontade de
fantasiar parecem não ter fim. Ademais, há sempre os “outros” do grupo
que impingem comportamentos a serem seguidos.
Com uma visão maior de mundo e maturidade, as pessoas têm atitudes e
comportamentos mais racionais, baseados na lógica da realidade, não
necessariamente previsíveis.
É surpreendente que os países latino-americanos, tais como Argentina,
Venezuela, agora Chile e Colômbia, e Brasil, entre outros, não tenham
ultrapassado a mentalidade adolescente. Com efeito, pesaroso.
Na terra dos caudilhos, as populações em geral acreditam no
inacreditável, fantasiando desejos irrealizáveis e, desafortunadamente,
apreciando questões presentes que devastam concretamente um futuro
melhor.
Existem razões ligadas à colonização, a formação cultural e às instituições extrativas que se formaram nesses países.
Os brasileiros, por exemplo, notadamente creem no salvador da pátria, e
quase a metade da população vê o governo como responsável pelo
atendimento de suas necessidades, ao invés de creditar seu
desenvolvimento ao esforço individual.
Não resta dúvida de que um ensino de qualidade é fundamental para se
reverter tal ótica utópica, não por meio do engodo de colocar mais gente
para dentro de universidades que formam militantes em vez de
profissionais qualificados.
Urge reestruturar o ensino nacional com a participação de especialistas
de fato, de todas as correntes doutrinárias. Reproduzir aquilo que dá
certo no mundo, também é um sinal de inteligência. Neste sentido, é
preciso investir e exigir a certificação de professores, criar cursos
nas áreas vocacionais, e fazer com que o governo financie determinadas
escolas particulares.
Inevitavelmente, tem que ser cortado na raiz o domínio das “elites progressistas” nas decisões educacionais brasileiras.
Inclusão não deve ocorrer quantitativamente, necessita-se transformar e
ocupar todos os espaços, principalmente, técnicos, propiciando melhorias
efetivas em nível individual e para a nação.
Aliás, isso não é ideológico, é pragmático, basta ver os péssimos
resultados do ensino “progressista”; o que dá errado tem que ser
alterado!
O professor Eli Somer, da Universidade de Haifa, em Israel, nominou o
transtorno mental de viver uma fantasia, de sonhar acordado, como
devaneio excessivo.
Na verdade, o sonho coletivista, que se apossou das instituições
brasileiras, logrou na prática, inclusive, transmutar o significado da
palavra verdade, uma vez que aqueles que a afirmam factualmente hoje,
são acusados de mentir por meio do multifacetado “discurso de ódio”. Os
conceitos de liberdade, de direito e de justiça, desgraçadamente, vão
nessa mesma linha.
Pois o devaneio próprio da adolescência tem exercido um protagonismo
“mágico” na Venezuela, na Argentina, no Chile, na Colômbia, e pode se
concretizar nefastamente no Brasil.
Como pode a contundente filosofia do fracasso, o coletivismo, ser
profetizado e aceito - a narrativa e a promessa são sedutoras - mesmo
quando os resultados de sua implementação são comprovadamente mortes,
fome, miséria, pobreza e subdesenvolvimento?
Não tenho a resposta. Porém, isso também é decorrência de transtornos em
nível individual, tais como o devaneio excessivo, e transtornos no
âmbito coletivo, via o aparelhamento institucional e cultural por meio
do pensamento coletivista.
Para a perversão da realidade se materializar foi preciso que
embusteiros, politiqueiros, mídia e “intelectuais”, operassem
intensamente na divisão da sociedade entre “nós e eles”, embaralhando
palavras, políticas e ações, que fundamentadamente conduzem ao
crescimento econômico e social.
Nessa era “progressista”, ou melhor, da pós-verdade, de autoritários disfarçados de democratas, tudo pode acontecer.
Lembrei de uma frase, atribuída a Joseph De Maistre: “Cada povo tem o governo que merece”.
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