O futuro da energia é o tema desta série de reportagens da Oeste. Por Dagomir Marquezi:
Pense
na sua vida sem eletricidade. Por apenas um dia. Ou uma hora que seja.
Nossa vida está dependendo cada vez mais de energia elétrica. Rotina,
saúde, vida financeira, diversão, comunicação, trabalho, tudo hoje
precisa estar conectado a uma tomada. Ou usa baterias, que mais cedo ou
mais tarde terão de ser recarregadas.
Agora
pense que essa necessidade tende a aumentar rapidamente, especialmente
na área dos transportes. Por enquanto, pouco mais de 2% de carros e
caminhões são elétricos. Mas a tendência é que essa fatia aumente muito
quando os veículos se tornarem mais confiáveis e baratos. Barcos e
aviões estão mudando para a eletricidade. Cerca de 75% da rede de trens
de passageiros já é elétrica. Novas tecnologias, como drones, Hyperloop e
maglev também funcionam com eletricidade.
Segundo
a Enciclopédia Britannica, no início do século 21, 80% das fontes de
energia eram derivadas de combustíveis fósseis, como carvão, petróleo e
gás natural. Com uso minimamente racional, essas fontes podem durar até
cerca de 2050.
Existem
alguns fatos incômodos sobre os combustíveis fósseis que não se
encaixam nos conceitos de direita e esquerda: 1) eles vão acabar, e a
metade do século 21 está a apenas 29 anos de distância; 2) sua
exploração não costuma ser amistosa com o meio ambiente; 3) sua emissão
não faz bem para a saúde nem para a natureza. E nem falamos aqui da
discutível questão das mudanças climáticas.
Vivemos
a segunda revolução da eletricidade. A primeira sacudiu o mundo no
final do século 19, quando os lampiões deram lugar à luz elétrica, o
metrô se tornou possível e começaram a se popularizar refrigeradores e
rádios.
Essa
nova fase está levando a um momento em que a eletricidade deixa de ser
um conforto para se tornar um fator de dependência. E precisaremos de
redes cada vez mais complexas de geração de energia. Logo mais estaremos
em veículos movidos a baterias e numa densa rede de sinais 5G guiando
nossos dias.
É
desagradável dizer isso, mas nada é completamente seguro. Os ataques de
hackers estão se tornando cada vez mais ousados e poderosos, e um dos
alvos prioritários são as redes de eletricidade. Uma única bomba nuclear
de baixa potência que exploda em grande altitude pode torrar a rede
elétrica de grandes complexos urbanos através do EMP (ou Pulso
Eletromagnético).
Mas
já temos pesadelos apocalíticos demais para evitar. Paralelamente à
dependência cada vez maior da eletricidade, estamos em busca de novas
fontes seguras e sustentáveis de energia, como o hidrogênio e a fusão
nuclear.
O
futuro da energia é o tema desta série de reportagens de Oeste. É um
problema vital, que precisa ser equacionado com rapidez e mente aberta.
Vamos analisar diversas opções, algumas mais tradicionais, outras ainda
no campo da experimentação.
A
primeira reportagem, do engenheiro Gerhard Walter Schultz, toca num
ponto nevrálgico da realidade. Passamos as últimas décadas aprendendo a
repelir a energia nuclear como perigosa, usando o caso de Chernobyl como
modelo. Quando na verdade Chernobyl foi uma exceção.
Na última edição de Oeste, o climatologista Ricardo Felício
deixou claro quando perguntado sobre as opções energéticas do Brasil:
“Eu investiria em energia nuclear”, afirmou. “Ela é a mais eficiente e a
que produz mais ocupando menos espaço, tem resíduo controlado e ainda
gera desenvolvimento em qualquer lugar — uma vez que atrai um capital
humano altamente qualificado. Construiria três usinas atômicas em cada
uma das grandes regiões do país. Essas tecnologias estão avançando e nós
estamos ficando para trás. Índia, China, Rússia, Estados Unidos e
grande parte da Europa, por exemplo, são parceiros no desenvolvimento do
Reator Internacional Termonuclear Experimental, o Iter [na sigla em
inglês], que promete revolucionar a geração de energia”.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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