Agora
que o número de mortos e infectados diminuiu, já é possível mostrar o
tamanho do estrago dessa pandemia até hoje. Acredite: em 2018, um homem
brasileiro poderia esperar viver 72,5 anos. Estima-se que, com o total
de óbitos registrados até o último dia 8 de setembro, essa expectativa
tenha caído para 71,5. “Ou seja, pode-se falar de uma perda de... um ano
na vida dos homens brasileiros, até este momento”, diz a economista Ana
Amélia Camarano, pesquisadora do Ipea e nossa grande especialista em
envelhecimento. Como 57,9% dos óbitos são de homens, o impacto maior é
na expectativa de vida masculina. Segundo Ana, essa perda só não foi
maior porque 75,2% do total dos óbitos por Covid-19 atingem a população
com 60 anos ou mais. Afinal, o aumento da expectativa de vida por aqui
esteve sempre muito ligado à queda da mortalidade infantil — quanto
menos uma criança vive, menor, na média, será a esperança de vida de uma
população. Fazendo um corte apenas sobre as pessoas com 60 anos ou
mais, a pesquisadora do Ipea diz que, para esse grupo, a expectativa de
vida caiu ainda mais: 1,1 ano ou treze meses. “Nesta faixa, um homem
tinha uma expectativa de sobrevida de mais 21,6 anos. Agora, ela é de
mais 20,5 anos”. completa Ana. Não é justo. (Ancelmo Gois)
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