Darwin, a vítima da vez. |
O Museu de História Natural de Londres, na Inglaterra, começou a
fazer uma revisão de sua coleção depois que uma auditoria interna
alertou que exposições de Charles Darwin, o Pai da Teoria da Evolução,
poderiam ser vistas como "ofensivas". Segundo informações do jornal
britânico The Telegraph, divulgadas no sábado, 5, a iniciativa partiu da
própria instituição. O museu deve fazer, segundo a reportagem, uma
revisão dos nomes das salas existentes, assim como vai analisar estátuas
e coleções que podem ser consideradas ofensivas. A decisão é motivada,
ainda de acordo com The Telegraph, após as manifestações Black Lives
Matter e protestos antirracistas que tomaram conta de diversas cidades
do mundo neste ano.
Um artigo acadêmico que fala sobre as conexões imperiais ligadas à
ciência foi compartilhado com a equipe do museu, de acordo com a
reportagem, apontando a relação entre ciência, racismo e poder colonial,
como fatores inerentemente entrelaçados.
O trabalho argumenta ainda que os "museus foram criados para
legitimar uma ideologia racista", e que "o racismo oculto existe nas
lacunas entre as exibições" e, como resultado, "as coleções precisam ser
descolonizadas".
Entre as exposições que podem ser revistas está a expedição às Ilhas
Galápagos, com o capitão Robert FitzRoy a bordo do navio HMS Beagle,
onde Charles Darwin escreveu importantes manuscritos para sua obra "A
Origem das Espécies".
A viagem foi citada por um curador como uma das muitas expedições
científicas colonialistas britânicas. "Sua jornada compartilhada para a
América do Sul foi na intenção de permitir um maior controle britânico
da região", diz o artigo compartilhado com a equipe.
A diretoria executiva do museu afirmou estar "muito envolvida" com a
questão antirracista. Segundo o The Telegraph, a instituição está
"desesperadamente buscando abordar o que alguns funcionários acreditam
ser 'legados de colônias, escravidão e império', potencialmente
renomeando, reclassificando ou removendo esses vestígios da
instituição".
Um dos diretores disse em documentos internos que novas ações tomadas
para resolver essas questões alterariam o uso e a exibição das coleções
e espaços públicos.
O assunto tem gerado polêmica nas redes sociais, inclusive com
crítica feita pelo biólogo britânico Richard Dawkins. "Que ridículo. O
museu deve ignorar desdenhosamente esse absurdo".
As espécies de flora de um dos fundadores do museu britânico, Sir
Hans Sloane, que se beneficiou da escravidão na Jamaica, também
constituem uma grande parte da coleção da instituição. Conjuntos
históricos de itens desta coleção também podem ser revisados.
Segundo o The Telegraph, o diretor do museu, Michael Dixon, disse aos
funcionários que "o movimento Black Lives Matter tem demonstrado que
precisamos fazer mais e agir mais rápido, então, como primeiro passo,
iniciamos uma revisão em toda a instituição sobre nomenclatura e
reconhecimento. Queremos aprender e nos educar, reconhecendo que uma
maior compreensão e consciência sobre a diversidade e inclusão são
essenciais".
BLOG ORLANDO TAMBOI
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