Coluna de Carlos Brickmann, publicada nos jornais de quarta-feira, 24:
Ainda há tempo para 2020 terminar bem: a vacina inglesa desenvolvida
pelo Imperial College de Oxford e os laboratórios Astra-Zeneca vai bem
nos testes e está quase no ponto de ser produzida em todo o mundo,
incluindo o Brasil. Nesta semana, disse o ministro da Saúde, general
Eduardo Pazuello, pode ser assinado o acordo do Laboratório de
Manguinhos e da Fundação Oswaldo Cruz com os ingleses. A Escola Paulista
de Medicina, da Universidade Federal de São Paulo, e a Fundação Jorge
Paulo Lehman podem aplicar vacinas em voluntários. É a última etapa
antes da produção em massa.
Simultaneamente, o Instituto Butantan, da Universidade de São Paulo,
se apronta para produzir a vacina chinesa da Sinovac. Pelo menos mais
duas vacinas estão no forno, criadas pelas americanas Gilead e Moderna. A
OMS ainda estudará a taxa de imunização de cada vacina, para
estabelecer os seus protocolos. Mas, enquanto os estudos tentam apontar a
mais adequada, todas estarão à disposição para prevenir a doença. Nada
impede que todas acabem sendo indicadas: no caso da paralisia infantil, a
vacina mais usada no mundo é a Sabin (a da gotinha), mas a Suécia faz a
vacinação com a pioneira Salk.
Quando começa a vacinação em massa, como será distribuída a produção
mundial de vacinas? Não há resposta exata, ainda, mas a vacinação em
massa está perto de começar. Espera-se ainda a aprovação de remédios
para quem já pegou a doença. Enfim, o Covid poderá ser comparado a uma
gripezinha.
Brasil prioritário
Reafirmando: ao se envolver diretamente nos testes com duas das
vacinas, o Brasil estará na lista prioritária para importá-las e
produzi-las. A prioridade é essencial: imaginemos que 25% da população
mundial tenham de ser vacinados. Serão dois bilhões de doses, se a
imunização pedir uma só dose. Produzir dois bilhões de vacinas leva
tempo e muitos países ficarão para trás.
O custo da vida
Comenta-se, sem maiores detalhes, que a vacina não deve ser cara e
que, produzida em bilhões de doses, o custo tende a se reduzir. Mas
chegar a ela custou caro: entraram no jogo fundações como a de Jorge
Paulo Lehman (um dos maiores acionistas da AB-Inbev, da Heinz, da Burger
King) e a de Bill Gates, da Microsoft, além dos gigantes farmacêuticos
mundiais. Trump pôs em dúvida, antes, a gravidade do Covid, e virou
cloroquineiro – igualzinho, igualzinho. Mas mostrou que era diferente ao
perceber a gravidade do Covid, e o Governo americano colocou algo como
US$ 1 bilhão na Moderna, na busca da solução.
Este colunista não se surpreenderá se for informado de que as
despesas na busca da vacina e do remédio alcançaram uns US$ 10 bilhões.
Dúvida
O escritor Olavo de Carvalho gravou vídeo em que se queixa de não ter
tido qualquer auxílio do Governo e ameaça derrubar Bolsonaro se não o
receber. Quantificando, são R$ 2,8 milhões de multas à Justiça, mais
recursos para que continue vivendo nos EUA. Disse que condecoraçõezinhas
não quer e sugeriu que Bolsonaro as coloque num local que vive citando,
até em reuniões ministeriais.
A dúvida: já deram ajuda a Olavo de Carvalho? E, como não recebeu nenhuma condecoração, sua sugestão terá sido seguida?
Dia bom
O Senado deve votar hoje o Marco do Saneamento Básico, pelo qual a
iniciativa privada terá papel preponderante em levar a toda a população
do país os esgotos e a água potável até 2033. Hoje, mesmo cidades como o
Rio e São Paulo dispõem de saneamento básico insuficiente – e o
presidente até já apresentou isso como uma virtude, o brasileiro precisa
ser estudado, pula no esgoto e não acontece nada. Saneamento básico
para todos representará forte queda na mortalidade infantil, redução dos
custos do SUS, facilidade para o combate a doenças transmitidas por
insetos e por roedores. Mais: são obras razoavelmente simples, que
empregam muita gente e que podem atrair investimentos calculados em R$
700 bilhões.
Aprovado (e implantado) este Marco do Saneamento Básico, a história do Brasil se dividirá em duas partes.
Números
Hoje, metade da população não tem água tratada. E 1/7 não têm esgotos.
Os extremos se tocam
A casa em Atibaia (que não é nem de Lula nem de Queiroz, mas de
amigos deles) não é a única coisa comum a ambos os casos. As explicações
são sempre curiosas: nas duas casas o dono não aparece, uma tem placa
de escritório de advocacia, e um cavalheiro fica um ano morando lá sem
que o dono saiba (isso na primeira versão: na segunda o dono sabe, mas
prefere nada comentar para que outro de seus clientes, embora amigo do
cavalheiro escondido, não se preocupe). E neste ano jamais conversaram.
Normal, né?
Quem defende
Wasseff tinha procuração de Bolsonaro. Karina Kuffa disse que o
cliente era dela. Ele então desistiu de defender Flávio. Mas a briga era
pelo outro!
BLOG ORLANDO TAMBOSI

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