Agora estamos aprendendo que Pequim transformou o impulso humano de
ajudar os necessitados em uma arma do Estado. Artigo de Howard Husock
para o City Journal e traduzido para a Gazeta do Povo:
Desde o início da crise de Covid-19, a China abordou a pandemia de
maneira profundamente diferente da dos países democráticos. No início
deste ano, autoridades preocupadas com uma punição do Partido Comunista
Chinês (PCC) aparentemente demoraram a relatar o que sabiam sobre o
vírus. Então, refletindo a propensão do PCC ao sigilo, Pequim divulgou
dados questionáveis sobre o número de infecções. Agora, estamos
aprendendo que Pequim transformou o impulso humano de ajudar os
necessitados em uma arma do Estado.
A China comunista considera as organizações da sociedade civil -
igrejas, mesquitas e o Falun Gong - traiçoeiras por causa de sua
independência do Estado. De fato, pouco depois de assumir o poder na
década de 1940, Mao Tse Tung expulsou missionários protestantes do país.
O PCC chegou ao ponto de desmantelar a unidade mais básica da
civilização fora do governo - a família - através de sua infame política
de filho único, que proíbe efetivamente a existência de irmãos e irmãs.
Hoje, é falta de educação perguntar se alguém tem filhos. Em vez disso,
é preciso perguntar: "Você tem um filho?"
O PCC não arrisca permitir que formas independentes de ajuda mútua
possam surgir da pandemia. Como a revista The Economist relatou
recentemente, "voluntários" levando comida para pessoas isoladas não
eram vizinhos agindo por bondade, mas sim agentes do PCC no bairro, cuja
presença data da era Mao. Embora os membros do Partido entregassem
suprimentos, eles também usavam webcams para garantir que as pessoas
ficassem lá dentro. Durante a crise, eles agiram como guardas em cerca
de 100.000 bairros, "policiando quem poderia sair e entrar" e repassando
as instruções do governo pelo WeChat (o aplicativo de mensagem
instantânea mais popular da China).
Essas políticas representavam muito mais que um esforço enérgico para
impor os bloqueios locais. Como observa a The Economist, o governo
central ficou cada vez mais preocupado com o fato de as associações de
proprietários de casas e os grupos de moradores de apartamentos não
incluírem necessariamente membros do Partido. Em resposta, o governo
está tentando garantir essa representação por meio do "gerenciamento de
propriedades vermelhas", permitindo que o PCC se torne a voz dos
residentes. A pandemia, em outras palavras, ajudou o Partido a
enfraquecer a sociedade civil e impedir o crescimento de vozes e grupos
independentes.
Por outro lado, nos Estados Unidos, a pandemia renovou a tradição de
ajuda mútua, de vizinhos ajudando idosos isolados a organizações sem
fins lucrativos ajudando restaurantes em dificuldades para alimentar os
profissionais de saúde e aqueles que sofrem de "insegurança alimentar".
Os americanos tomam como certo que tais esforços surgem
independentemente do governo e são louváveis. A pandemia serviu como um
lembrete importante da independência e vitalidade da sociedade civil
americana, com suas inúmeras instituições, incluindo novas que se
formaram em resposta ao Covid-19.
É também um lembrete de que o socialismo - com planejamento central
em seu DNA - inevitavelmente verá a sociedade civil como uma ameaça. De
fato, na Resilience, uma revista democrata-socialista americana, Russel
Arben Fox reconheceu isso. “Nós servimos mal ao socialismo ao não
reconhecer quanto da oposição de pessoas conservadoras, rurais e,
principalmente, de igrejas ao socialismo democrático é o resultado da
sensaão de que não haveria espaço sob a ordem socialista para suas
comunidades e tradições ”, escreveu Fox. Ele levanta uma pergunta
perturbadora: "Dado que muitas dessas crenças e práticas locais
tradicionais são excludentes e não são igualitárias, por que devemos
levar seus medos a sério?"
Mesmo enquadrar a questão dessa maneira revela tudo o que se precisa
saber sobre socialismo ou comunismo. Se alguém precisar de mais
informações, Pequim está fornecendo.
Howard Husock é membro sênior do
Instituto Manhattan e autor de "Who Killed Civil Society? The Rise of
Big Government and Decline of Bourgeois Norms. (Quem matou a sociedade
civil? A ascensão do grande governo e o declínio das normas burguesas).
BLOG ORLANDO TAMBOSI

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