Se não houvesse a imposição da quarentena, cada pessoa e empresa teria
criado formas de atender a seus interesses particulares considerando a
realidade da pandemia. Artigo de João Cesar de Melo, publicado pelo Instituto Liberal:
Ao proibir que milhões de pessoas estudem, trabalhem e circulem sob o
argumento de que isso será bom para o coletivo, o estado está proibindo
que cada indivíduo priorize seu bem-estar e seja responsável por seus
atos − somos um bando de animais incapazes de pensar e discernir.
Portanto, os políticos devem cuidar de nossas vidas.
O fato é que não existe uma única pessoa neste mundo que queira ser
infectada por qualquer vírus. Também não há empresário que não esteja
disposto a sacrificar seus lucros para manter seu negócio funcionando;
assim como não existe ninguém fora dos sindicatos e dos partidos de
esquerda que prefira o desemprego ao emprego.
Se não houvesse a imposição da quarentena, cada pessoa e empresa
teria criado formas de atender a seus interesses particulares
considerando a realidade da pandemia.
Se o governo atuasse apenas como portal de informações e de
recomendações, distribuindo itens de higiene nas áreas mais pobres e
promovendo a higienização de locais públicos de grande movimento,
pessoas e empresas teriam conhecimento dos riscos de contágio, dos
procedimentos para evitá-lo e condições para discernir sobre como
ajustar suas atividades à situação.
Empresários de todos os portes decidiriam manter ou não seus negócios
abertos. Decidindo por abri-los, tomariam determinadas precauções
justamente por saber que seus clientes não querem correr risco de
contágio, o que os levaria a proporcionar ambientes de trabalho mais
seguros para seus funcionários.
Sendo o transporte coletivo um cartel legitimado pelo estado, as
empresas teriam que atender a normas de higienização e de contenção de
aglomerações.
Quando o estado cobra impostos da população, ele é responsável pela
manutenção dos serviços públicos. Deve, portanto, manter suas escolas e
universidades funcionando, adequando-as à situação da pandemia.
Não estou “viajando” na teoria. Supermercados estão dando o exemplo
de como fazer isso. Uma grande rede mantém há duas semanas funcionários
especificamente para despejar álcool gel nas mãos dos fregueses e nas
barras de contato dos carrinhos de compras. Vários outros cuidados estão
sendo feitos sem qualquer obrigação legal.
Os restaurantes que continuam funcionando sob sistema drive thru ou
delivery adotaram outras normas, com cada um encontrando um modo de se
ajustar à situação.
Esses exemplos indicam que todo o restante da economia poderia ter
sido mantido livre para trabalhar. Quem quisesse trabalhar, trabalharia,
sendo responsável por esta decisão. Cada consumidor decidiria quais
locais e situações lhe seriam seguras. Cada cidadão avaliaria os riscos
de suas atividades.
Devemos nos lembrar que um dos principais argumentos liberais contra a
intervenção do estado na economia é que leis e normas gerais são burras
e injustas, porque ignoram as características e as necessidades de cada
pessoa e empresa. Cada pessoa sabe, melhor do que qualquer político, o
que é melhor para si.
Se os princípios liberais de responsabilidade tivessem sido
considerados, caberia aos chefes de família proteger e acompanhar
adequadamente seus dependentes que compõem o grupo de risco.
Sempre foi bem assimilado que se uma pessoa da família estiver com
catapora, sarampo ou conjuntivite, por exemplo, certos procedimentos
devem ser adotados. A possibilidade de que alguém possa estar
contaminado pelo coronavirus num ambiente familiar forçaria a adoção de
outros procedimentos – o que já foi explicado e sugerido por vários
pesquisadores.
Dada a emergência da situação, as pessoas deveriam ter ainda a
liberdade de utilizar os medicamentos que já vêm apresentando bons
resultados, mesmo que eles ainda não tenham sido aprovados pelos órgãos
governamentais.
As pessoas também teriam liberdade para ir e vir pela cidade,
frequentar praias, praças e parques de acordo com a avaliação de cada
um. A consciência da pandemia basta para as pessoas evitarem
aglomerações.
Neste cenário, o estado concentraria seus esforços na prontidão de
uma estrutura de acolhimento e tratamento emergencial das vítimas.
Isso nos faria superar essa crise de saúde pública sem criar uma crise econômica. Então, por que não foi feito dessa maneira?
Porque não daria protagonismo político. As ações contra a pandemia
estariam dispersas por toda a sociedade, com as pessoas pensando e
discernindo conforme cada situação, com o estado apresentando-se apenas
para orientar e acolher.
Sem a quarentena, não haveria justificativa para o governo iniciar mais uma onda de protecionismo e assistencialismo.
Sem a quarentena, também não haveria ambiente para os absurdos que
muitos agentes do estado estão promovendo, saqueando empresas e
constrangendo cidadãos honestos.
A imposição da quarentena criou ainda a necessidade de o estado
perseguir uma meta de número de mortos pelo vírus – como a medida
sugerida pelo Ministro da Saúde e acatada pelo CNJ, de que todos os
óbitos sem causa conhecida devem ser registrados como morte por
coronavírus. O estado precisa que muitas pessoas morram para justificar o
circo. Se morrer um número muito menor de pessoas do que o previsto, o
povo poderá descobrir que foi maquiavelicamente enganado – o que muita
gente, principalmente nas periferias, já está descobrindo.
Resumo:
Não foi suprimida apenas a liberdade individual, mas a
responsabilidade das pessoas. Em vez de cada cidadão ser estimulado a
pensar e discernir por si mesmo, foram convencidos de que devem fazer o
que os políticos mandam, inquestionavelmente, com cada um se tornando
fiscal do estado contra a desobediência de vizinhos, amigos e colegas.
Comunismo. Socialismo. Fascismo. Tudo junto e misturado.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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