MEDIÇÃO DE TERRA

MEDIÇÃO DE TERRA
MEDIÇÃO DE TERRAS

domingo, 19 de abril de 2020

Carreatas pelo país pedem fim do isolamento após 206 novas mortes por coronavírus

POLIICA LIVRE
brasil
Pelo segundo dia consecutivo, apoiadores de Jair Bolsonaro desafiaram a regra de isolamento social contra o coronavírus recomendadas pela Organização Mundial da Saúde para protestar em carreata neste domingo (19).
Há manifestações em curso em diferentes pontos do país, como Salvador, Manaus e Brasília, além de um início de concentração em São Paulo, onde a carreata está prevista para o início da tarde.
Bolsonaro tem negado a gravidade da pandemia, promovendo passeios e aglomerações em Brasília, ao contrário do que recomenda a OMS. O presidente demitiu seu então ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, por discordar de seu posicionamento técnico.
Além da gestão Bolsonaro, outros governos que ignoram a seriedade da doença são Turcomenistão, Nicarágua e Belarus.
Os manifestantes da carreatas pedem a volta ao trabalho e a abertura do comércio. Há discursos em defesa do isolamento vertical, quando só os grupos de risco ficam em isolamento.
Neste domingo, em Brasília, a carreata, além de pedir o fim do isolamento social, ocorre em apoio ao presidente Bolsonaro e pede o fechamento do Congresso e do STF (Supremo Tribunal Federal).
O ato convocado por grupos conservadores percorre os principais pontos políticos da capital federal. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), é o mais atacado pelos manifestantes. O protesto também teve como alvo as medidas de isolamento adotadas pelo governador Ibanês Rocha (MDB).
“Isolamento vertical”, “Fora, Maia”, “AI-5 já ” e “Globo lixo” estampavam adesivos nos veículos e em camisas dos manifestantes. Com um carro de som e mais de cem motos e carros, a carreata tentou parar em frente ao Palácio do Planalto, mas foi impedida pela Polícia Militar do Distrito Federal.
Além de bandeiras do Brasil e faixas contra os poderes Legislativo e Judiciário, alguns manifestantes carregavam cartazes pedindo intervenção militar e até o “direito de explodir a cabeça de um petista” caso ele invada sua propriedade.
Neste sábado (18), o número de mortes pelo novo coronavírus chegou a 2.347 no Brasil. Em 24 horas, foram registrados 206 óbitos pela doença. Os dados foram divulgados pelo Ministério da Saúde. Ao todo, são 36.599 casos confirmados da Covid-19.
De acordo com o balanço, o índice de letalidade do novo vírus, em relação ao total de casos, está em 6,4%. No dia anterior eram 33.682 casos e 2.141 mortes.
O ministério, porém, afirma que a tendência é que o número real de casos seja maior, já que apenas pacientes internados em hospitais fazem testes e há casos que ainda esperam confirmação.
São Paulo continua sendo o estado mais afetado pela pandemia. Já são 991 mortes pela doença e 13.894 casos confirmados.
O Rio de Janeiro é o segundo com mais casos e mortes em decorrência da Covid-19. São 387 óbitos e 4.543 com o teste positivo para Sars-CoV-2. Em relação ao número de mortes, aparecem na sequência Pernambuco, com 205, Ceará, com 176 e Amazonas, com 161.
Depois de São Paulo e do Rio de Janeiro, os estados com maior número de casos confirmados são Ceará, com 3034 , Pernambuco, com 2.193, e Amazonas, com 1897.
O apoio à quarentena como forma de evitar a disseminação do novo coronavírus sofreu uma queda nas duas últimas semanas, mas ainda é majoritária entre os brasileiros.
Segundo o Datafolha, são 68% aqueles que dizem acreditar que ficar em casa para conter o vírus é mais importante, ainda que isso prejudique a economia e gere desemprego.
No levantamento anterior do instituto, feito de 1º a 3 de abril, eram 76%. A pesquisa atual ouviu 1.606 pessoas na sexta (17) e tem margem de erro de três pontos percentuais.
Essa queda não se reverteu integralmente em apoio à afirmação contrária, de que vale a pena acabar com isolamento social em nome da reativação econômica. O índice dos que concordam com isso oscilou positivamente de 18% para 22%, enquanto aqueles que não sabem foram de 6% para 10% no período.
O debate, visto por especialistas tanto em economia como em saúde como desfocado e politizado, tem pautado polêmicas envolvendo Jair Bolsonaro (sem partido).
Depois de minimizar a gravidade da Covid-19, a comparando a uma “gripezinha”, o presidente passou a insistir no foco do impacto econômico das quarentenas.
No cálculo, está o temor de que a recessão que provavelmente seguirá a emergência sanitária do Sars-CoV-2 solape seu apoio em cerca de um terço do eleitorado.
Em oposição, governadores como João Doria (PSDB-SP) e Wilson Witzel (PSC-RJ), assumiram a linha de seguir as recomendações internacionais de saúde, priorizando o isolamento.
O resultado é uma queda de braço que marca a organização do combate à pandemia no Brasil e já deixou vítimas políticas no caminho.
Luiz Henrique Mandetta perdeu o cargo de ministro da Saúde na quinta (16), entre outros motivos, por não concordar com as diretrizes de Bolsonaro sobre o isolamento social.
O Supremo Tribunal Federal interveio e decidiu na quarta (15) que os estados e municípios têm liberdade para impor as restrições que decidirem durante a crise.
Isso contrariou o presidente Bolsonaro, que se queixou de estar de mãos atadas na questão. Ele queria editar decreto obrigando a reabertura do comércio. Manteve o tom na sexta (17), quando sugeriu que as pessoas desobedecessem as ordens locais.
Além disso, a maioria expressiva dos brasileiros, 79%, defende algum tipo de punição para pessoas que violem regras de quarentena devido ao novo coronavírus no país. Desses, contudo, apenas 3% acham que prisão seria uma sanção aceitável. Já multas têm apoio de 33% e advertências verbais, de 43%.
A aplicação de medidas restritivas de circulação de pessoas entrou no debate público na semana retrasada. O governador paulista, João Doria (PSDB), disse que poderia considerar até a detenção como recurso último caso a pandemia se agravasse.
Hoje, não há no país quarentena que impeça pessoas de ir à rua, apenas determinando o fechamento de comércio não essencial.
Doria foi acusado por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de arbítrio. O tucano recuou e não falou mais no tema. Na sexta (17), ele estendeu a quarentena paulista até 10 de maio, sem endurecer regras.
Para 18% dos ouvidos pelo Datafolha, os governos não deveriam ter direitos sobre a circulação das pessoas. Outros 3% não souberam responder.

Nenhum comentário:

Postar um comentário