Coluna de Alexandre Garcia, publicada pela Gazeta do Povo:
Eu venho acompanhando todos os dias a evolução das mortes no Brasil
pela Covid-19. Nós vinhamos mantendo um decréscimo nos números e o
último número deu um susto. Foram 407 óbitos, metade em São Paulo.
Antes o número de mortes por dia era um entre 110 e 160. Tomara que
seja o que estão explicando, falta de notificação em decorrência do
feriado. Mesmo assim esse aumento não é justificado.
Nós não estamos em um posição ruim se comparado os sete países com
melhor desempenho econômico. Nós temos 16 mortos por milhão de
habitantes, e os Estados Unidos está com 150, por exemplo.
Já a Itália tem 423 óbitos por milhão de habitantes, a França tem
335, a Alemanha está com 64 mortes, o Reino Unido tem 276, o Canadá com
57 e o Japão tem apenas 2 mortes por milhão.
Qualquer imagem que vocês veem do povo japonês vocês sempre vão
encontrar alguém com máscara, há décadas. Eles têm esse hábito. Nós, no
Brasil, ficamos gripados e vamos trabalhar, andamos de ônibus e de
elevador e ficamos em locais com aglomeração.
Os brasileiros distribuem o vírus para todo mundo. No Japão não é
assim. Tanto que o governo asiático não colocou os habitantes em
isolamento social, a medida que eles tomaram foi decretar estado de
emergência.
Pró-Brasil e a recuperação da economia
O programa Pró-Brasil foi lançado para a recuperar a economia e dos
empregos. Nós ficamos com 13 milhões de desempregados na recessão
anterior, vamos ver quantos empregos nós vamos perder com essa pandemia.
O lado bom do coronavírus é que o governo descobriu que há uma imensa
necessidade de investimento na infraestrutura desde sempre. Querem
destinar R$ 250 bilhões para a infraestrutura por meio de concessões e
privatizações. Também querem empregar dinheiro público na área, mas essa
verba não poder ser alta porque a arrecadação vai cair.
Nós vamos sair dessa crise sanitária com uma infraestrutura melhor o
que vai nos dar capacidade para crescer no futuro. Mas para se fazer um
investimento a longo prazo é preciso ter ordem jurídica confiável, não
dá para ter a insegurança jurídica que temos hoje.
Insegurança na política
O diretor da Polícia Federal avisou os delegados regionais que está
querendo sair e que o ministro Sergio Moro já está avisado. Eu não sei
como essa notícia se tornou a saída de Moro.
Qualquer notícia vira a saída de um membro da União ou uma briga
entre integrantes do governo. Faz parte essa militância que se mistura
com o jornalismo. Não foi assim que eu aprendi na PUC-RS.
As relações do governo com o Legislativo
O presidente percebeu que tem que conversar com o legislativo, ele
não tem saída. Afinal, Bolsonaro já tem 30 anos na Câmara. Jânio Quadros
me contou que renunciou porque deu as costas para o legislativo.
A gente viu que Collor, com a sua arrogância em relação ao
Legislativo, foi impeachmado. A ex-presidente Dilma não conseguia nem
conversar com o próprio partido. O diálogo é necessário.
Desde quarta-feira Bolsonaro está conversando com as lideranças do
centrão. Com os parlamentares do DEM, Progressistas, PSD, Republicanos e
do PL. O líder do centrão, Arthur Lira, chegou a gravar uma conversa
muita amistosa com o presidente.
O que não se tem que fazer é entregar o poder Executivo, ministérios e
estatais para que os partidos políticos se locupletem. Ainda mais nesse
ano eleitoral e todo mundo está de olho nesse "covidão" que são essas
verbas soltas.
A verba eleitoral deste ano está sem controle, sem fiscalização e sem
orçamento. O gasto eleitoral de campanha certamente vai ter pouca
contribuição porque boa parte da economia parou.
BLOG ORLANDO TAMBOSI

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