MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

Por que exigem tanto de Jair Bolsonaro?, por Raul Monteiro*

POLITICA LIVRE
Foto: Divulgação/Arquivo
Ex-presidente Jair Bolsonaro
Supreende a cobrança que a sociedade, provavelmente grande parte ou a maioria daqueles que votaram nele, a classe política e o mercado passaram a fazer ao presidente Jair Bolsonaro por conta do desgastante episódio envolvendo um de seus filhos políticos, Carlos, aparentemente o mais ciumento da prole de cinco, que resultou na demissão de Gustavo Bebianno da Secretaria-Geral da Presidência e na deflagração de uma crise de proporções inesperadas contados apenas 45 dias de governo, cerca de 20 dos quais passados pelo chefe do Executivo internado num hospital.
Afinal, equilíbrio, preparo e competência, suficientes para que o desentendimento não transbordasse como acabou acontecendo, jogando um país inteiro no plano da expectativa, como à espera de um novo capítulo de uma boa novela da Globo, nunca foram as características mais fortes do candidato Bolsonaro. Pelo contrário, quem votou no capitão reformado, fugindo do PT ou se auto-enganando com a idéia de que ele era o novo e iria quebrar o sistema, apesar de seus 30 anos de vida pública como parlamentar, não tem agora porque exigir o que simplesmente ele não pode dá.
Como é possível recordar, a agressividade e o destempero, bem como conceitos atrasados e estapafúrdios, expressos em discursos, entrevistas ou mesmo no confronto direto com desafetos, alguns chocantes, nunca foram escondidos por Bolsonaro de ninguém, condição desde sempre reveladora de que nunca se esteve diante de um grande líder e, ainda mais, de um estadista, capaz de levar as mais elevadas aspirações nacionais ao plano da concretude, para ficar numa leitura rasa da conceituação de Joaquim Nabuco, um dos primeiros pensadores políticos brasileiros.
Não dá agora, portanto, para que se chore o leite derramado, ainda mais se sabendo que no campo da oposição ao petismo, em que Bolsonaro jogou praticamente sozinho e firmou sua competitividade e vitória, havia um amplo leque de opções, todas desprezadas pela imensa maioria sob os mais disparatados argumentos. Como o país não pode mais continuar se arrastando, o que do ponto de vista econômico já acontece há pelo menos cinco anos, o governo dignou-se a apresentar ontem a proposta de reforma da Previdência ao Congresso, desfocando naturalmente as atenções para assunto verdadeiramente importante e capital.
A perspectiva de votar a reforma do sistema previdenciário é talvez hoje o maior sentido da presença de Bolsonaro na Presidência. Ele já foi catequizado no sentido de que sua votação, ainda que depois de modificações que deverá sofrer no Congresso e da imensa pressão das corporações do alto funcionalismo que não querem perder seus privilégios, é fundamental para resolver o imenso problema fiscal que os governos petistas legaram ao país, por sua vez, condição essencial para que a economia possa ser reativada e ele, quem sabe, consiga superar a fragilidade que só tem, a olhos vistos, ampliado a tutela de seu governo pelos militares.
* Artigo do editor Raul Monteiro publicado na edição de hoje na Tribuna.
Raul Monteiro*

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