"O recado foi curto e simples: ou a mídia como um todo passa a estudar e
entender a realidade, a verdade mais contingente e óbvia e, sobretudo, a
experiência que levou o discurso de esquerda a se revelar algo
imensamente tolo e contraditório, ou seguirá passando vergonha pública". Artigo do advogado Bruno Dornelles, publicado pela Gazeta do Povo:
Desde o momento em que Olavo de Carvalho sugeriu a Jair Bolsonaro os
nomes de Ernesto Araújo para ministro das Relações Exteriores e de
Ricardo Vélez Rodriguez para o Ministério da Educação, a grande mídia,
composta dos já conhecidos conglomerados, passou a ceder espaços e
buscar entrevistas com o filósofo. O que os jornais, revistas e seus
jornalistas não esperavam é o quão humilhante e libertador essa
experiência seria, tanto para os próprios conglomerados como para os
entrevistadores, totalmente alheios à realidade da maioria, que se
autodenominou “Povo da Nova Era” (em referência a uma fanfic humorística
inspirada em outra ficção viral, na qual uma petista havia relatado em
seu Facebook que seu pai havia lhe ameaçado com uma arma afirmando “é a
nova era, tá com medo, petista safada?”). Assim, o que se viu, muito
além de uma entrevista, acabou sendo uma aula de jornalismo e de análise
política.
Primeiramente, todos os entrevistadores mostraram-se completamente
inaptos a fazer a entrevista. A maioria afirmava não ter lido um só
livro ou artigo de Olavo de Carvalho, demonstrando a mais absoluta
incapacidade de elaborar um simples perfil ou resumo do filósofo,
fazendo-o apenas com base nos jargões esquerdoides que corriam por suas
redações ou, quem sabe, pela simples impressão imediata de quem nem
sequer teve a mínima boa vontade de usar o intelecto para tentar
compreender o entrevistado. Seja como for, o resultado já se ensaiava
como precário, restando a alguns, como no caso da revista Veja, recorrer
ao coitadismo e à bajulação para que ao menos existisse uma entrevista.
Assim, o que se viu, em todos os casos, era justamente o esperado: o
questionamento de dados sem comprovação de fontes primárias, tal como os
usos de jargões baixos, que tentassem revelar uma espécie de relação de
“guru” entre Olavo e Bolsonaro, sempre respondidos com literais e
brutais verdades, combinadas com doses de humor e ironia que
desmoralizaram por completo qualquer meio de comunicação que tentasse
permanecer com a velha e burra retórica corrente imposta pelo
politicamente correto de esquerda. Uma verdadeira aula de bom senso e de
leveza em prol da verdade sufocada.
Ao mesmo tempo em que os entrevistadores despejavam panfletos de
senso ideológico, eram também questionados por terem, por tanto tempo,
cometido o crime dos crimes: não terem relatado em uma só linha a
existência, a ocorrência e a influência do Foro de São Paulo nas
políticas de esquerda da América Latina, o que alguns, no passado,
chegaram ao cúmulo de denominar “teoria da conspiração”.
O recado foi curto e simples: ou a mídia como um todo passa a estudar
e entender a realidade, a verdade mais contingente e óbvia e,
sobretudo, a experiência que levou o discurso de esquerda a se revelar
algo imensamente tolo e contraditório, ou seguirá passando vergonha
pública. No fim das contas, deveriam os jornalistas seguir um conselho
dado pela própria fanfic humorística citada no início deste texto: “é
melhor ‘jair’ se acostumando”.
Bruno Dornelles é advogado especializado em Direito Tributário e mestre em Direito Público.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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