Gustavo Nogy, blogueiro da Gazeta do Povo,
cada vez melhor, caçoa da reação esquerdista contra o filme O
Mecanismo, de José Padilha. Aliás, estou curioso para assistir e, já que
os esquerdistas dizem estar cancelando a assinatura do Netflix, que
produziu o filme, vou correndo assiná-la. Bene, a esquerda é a prova
viva de que ideologia emburrece:
Ainda não assisti à
série O Mecanismo, do diretor José Padilha, mas sei que tem causado
barulho. O crítico de cinema Pablo Villaça soltou os guevaras e tem
feito campanha para que seus leitores cancelem a assinatura da produtora
Netflix.
Ele não viu, não
verá, não criticou, não criticará O Mecanismo: ele se nega a fazer o seu
trabalho – em tese, crítica cinematográfica – por causa de suas
convicções políticas. Nobre, nobilíssimo.
E quais são as
convicções políticas do Pablo Villaça? Não, ele não é de esquerda. Quer
dizer, ele é de esquerda, mas isso seria simplificar muito as coisas.
Ele é de esquerda e se recusa a sequer tomar contato com qualquer coisa
que ouse questionar os fatos tais como acreditados, narrados,
catalogados pela esquerda.
Lula é inocente, mas
Aécio é culpado. Dilma é inocente, mas Eduardo Cunha é culpado. Não há
provas contra o PT, mas há provas contra o PSDB. Etc. Se a historinha
não for contada assim, sabemos do que se trata: é golpe.
(Sobrou até para a Marina Silva, aquela que foi despedaçada pela campanha petista nas últimas eleições.)
O inacreditável
Fernando Haddad disse que a série pertence ao gênero recém-inventado da
“fake fiction”. Pois é. Queria uma vez na vida entrar no cérebro do
Fernando Haddad só pra ver o que tem lá dentro; deve ser divertido.
Divertidamente.
Chega a ser
compreensível que Haddad não perceba o disparate proferido, porque a
ficção armada pelos correligionários petistas é falsa até para eles;
nisso têm experiência de sobra. Essa fiction toda é tão fake, mas tão
fake, que acaba enganando quem a inventou.
Dilma Rousseff afirmou que “Netflix não está sabendo onde se meteu”. Work alcoolic.
José de Abreu
garantiu ter cancelado a assinatura. Duvido muito, porque esse aí tem
jeito de quem não lida bem com tecnologia; mas não importa: podem deixar
desmarcado, que dele a natureza cuida.
O que a série tem de
ruim é misturar falas, embaralhar atribuições, forçar interpretações?
Não sei, me contaram, pretendo conferir. Se for isso, será mais ou menos
como toda obra de ficção já feita na história do mundo. Ou, com um
pouquinho de má vontade, se isso acontece, então acontece mais ou menos
como nos filmes do conspiratório Oliver Stone, ou nos documentários –
esses sim “mais estranhos que a ficção” – do pelas esquerdas sempre
louvado Michel Moore.
Quanto aos
arreganhos, cabe perguntar: então esse tipo de atitude histérica, mais
ou menos escandalizada, diante de uma obra de arte – boa ou ruim, não
vem ao caso, para o momento – é uma das atitudes possíveis de crítica?
Anotado.
*
A caravana do
ex-presidente e atual condenado pelo Rio Grande do Sul não parece ter
sido boa ideia. As hostes petistas têm sido hostilizadas por onde
passam; ovos e pedras no cardápio. Eu quase comemoro. Não comemoro com
muito gosto, porque ainda faço força para fingir uma civilidade que eles
já não fingem.
É evidente que atos
violentos assim podem, de alguma maneira, reforçar a mania de
perseguição política da trupe vermelha. Isso não é bom. No entanto,
convenhamos, falta a Lula o mínimo de recato, aquele restinho de
decência tirado a balde do volume morto em que consiste a ética petista.
Não sobrou nada.
*
Ainda sobre o circo
ideológico mambembe e respectivas reações, Lula disse que esperava da
Polícia Militar que tivesse a “responsabilidade” de invadir o prédio de
onde vinham os ovos que lhe acertavam a dignidade, e “desse um corretivo” no “canalha”. Ora vejam: de repente, violência policial se justifica. Vamos ou não vamos acabar com a PM?
– Lula, paz e amor
BLOG ORLANDO TAMBOSI

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