Percival
Puggina critica o estelionato praticado por professores universitários
mais comprometidos com ideologia que com conhecimento, e que estão
oferecendo cursos sobre o impeachment constitucional de Dilma, ainda
tratado por eles como "golpe". Puggina faz bem em encabeçar o artigo com o Art. 171 do Código Penal, que trata precisamente do estelionato:
Art. 171 do
Código Penal - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em
prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante
artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento.
A
definição de estelionato serve como uma luva aos ardilosos cursos
universitários de extensão que estão sendo organizados no ano eleitoral
de 2018 e papagueiam sobre “O Golpe de 2016 e a Nova Onda Conservadora
no Brasil”. Não ria que é sério. A moda começou na Univo ersidade de
Brasília e já repicou na UFRGS, no embalo de impróprias intenções e
incompreensíveis justificativas. A diretora do Instituto de Filosofia e
Ciências Humanas (IFCH), em matéria publicada no jornal Zero Hora de 2
de março, afirmou que “em resumo, a gente acha que foi golpe”.
Como os
promotores do curso mandam no seu quadrado, farão um curso acadêmico
sobre aquilo que “acham” (com dinheiro do contribuinte, claro, que
ninguém dá aula de graça). Militância com contracheque, bem se vê,
comprometida com a necessidade de enfrentar a “nova onda conservadora no
Brasil”, inconveniente aos anseios “progressistas” dessa destapada
militância acadêmica.
A
narrativa que convém aos partidos de esquerda, aquilo que eles acham,
ficaria adequadamente exposto em salinhas dos diretórios do PT, PSOL,
PCdoB e PSTU. Jamais com prerrogativas de extensão acadêmica, numa
universidade federal. Todas as seis universidades que já anunciaram
seus cursinhos para militantes são públicas. Por que será? Ao saber que o
ministro da Educação solicitara a órgãos e instituições federais
competentes que apurassem a responsabilidade administrativa dos
promotores do curso, estes se insurgiram invocando “a autonomia
universitária e a independência necessária para que a comunidade
científica possa levar adiante o seu labor” (ainda no mesmo jornal).
Filosofando com os cotovelos, em português ruim até para o ENEM, um
professor de História adicionou que “as universidades devem esse
compromisso com a sociedade, que é converter em conhecimento as
opiniões, as teses diferentes”. Diferentes, professor? Cadê a diferença,
se o curso já traz a conclusão no título?
Trata-se,
isto sim, de um esforço concentrado, em ano eleitoral, para transformar
em “conhecimento” aquilo que os professores acham, reproduzindo o
discurso de “golpe” e combatendo a “onda conservadora”. Tudo sem
precisar mexer nos fundos partidários. Gleisi Hoffmann agradece a
vantagem ilícita.
Se
alguém afirmar que esse tipo de ensino é o avesso do pluralismo inerente
ao ambiente e ao espírito universitário, a resposta já vem colada na
sola das havaianas que sustentam esse edifício retórico: “Quem acha que
não foi golpe que crie seu curso”. Tal foi a manifestação de um
parlamentar petista interrogado sobre o assunto em GaúchaZH de 01/03.
Está
completa a analogia com o estelionato: 1) obtenção de vantagem política e
organização de militância jovem; 2) induzindo alguém ao erro pela
ocultação do vasto contraditório disponível; 3) mediante uso ardiloso de
meios públicos (a universidade federal); 4) em prejuízo da maioria da
população brasileira que compreende a necessidade de retomar valores
morais, ditos conservadores, que se perderam na bruma do “progressismo”.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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