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Mariana Benedito –
Psicanalista em formação; MBA Executivo em Negócios; Pós-Graduada em
Administração Mercadológica; Consultora de Projetos da AM3–Consultoria e
Assessoria. E-mail: mari.benedito@outlook.com
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Somos resultado de crenças. Ao longo
da vida nos foram determinados padrões, diretrizes, normas e regras de
convivência e sociabilização. Ainda bem, convenhamos! As reprimendas, o
não, as repressões são fundamentais para a construção de qualquer
indivíduo, porque senão seríamos animais puramente instintivos, sem
nenhum tipo de senso social e nem de limites. Entretanto, essas
diretrizes de conduta social nos são passadas por pais, cuidadores,
educadores perpassam, também, pelo polimento, enquadramento e uma
constante necessidade de adaptação. Juntando-se a isso – e ainda de
maneira mais forte e poderosa – existe a cobrança latente por adequação
em sociedade, que provém da própria sociedade.
Ao nascer, a criança vem desprovida
de qualquer polidez. Se estiver com fome, ela chora e pouco importa se a
mãe está longe, ocupada, sem poder atendê-la naquele momento; quer ser
alimentada. Independente se está chorando numa hora que não deveria, se
está incomodando vizinhos, quer ser alimentada. A criança cresce e vai
sendo educada, guiada a compreender e assimilar que existem condutas a
serem seguidas, que não é possível ser atendida o tempo todo, que existe
a lei do esforço e reconhecimento, que existem direitos e deveres; bem
como existem crenças que são passadas de gerações em gerações e
alimentadas por um meio social cada vez mais segregador, seletivo,
julgador. Com isso, a essência pueril vai sendo tolhida, a
espontaneidade natural vai sendo perdida, dando espaço para as defesas,
para as couraças que vão sendo criadas ao longo da vida, para que ela
possa se sentir adaptada, aceita, amada.
Esta essência, no entanto, continua
vibrando no indivíduo ao longo de sua vida. Existe um desejo pulsante de
ser aquilo que se é, de expressar sentimentos, de mostrar sua verdade;
porém existe – em paralelo – o medo de ser julgado, de ser apontado, de
se revelar. Acontece, com isso, algo bastante comum em nossa sociedade
que é, como se chama na área da Psicanálise, a formação reativa, um
mecanismo de defesa que ocorre quando uma pessoa tem o desejo de fazer
ou dizer algo, mas por receio de punições sociais, diz e age de forma
totalmente oposta. Ou seja, o indivíduo procura – inconscientemente –
encobrir algum aspecto que julga ser inaceitável, com base naquelas
diretrizes e crenças que lhe foram passadas na infância, com a adoção de
uma postura oposta. Um exemplo recente tivemos na novela “O Outro Lado
do Paraíso”: um homem que não assumia sua homossexualidade por receio da
opinião e julgamento da sociedade, critica e repreende um gay assumido e
bem resolvido em sua sexualidade.
Dizer ‘não’ ao que é imposto e que
tolhe, que vai de encontro com a verdade emocional e psíquica e ser
aquilo que se é, passa por um processo profundo de autoconhecimento, de
aceitação e, principalmente, de coragem para ir de encontro ao que o
meio apregoa como verdade absoluta, como única conduta a ser seguida,
como padrão, como norma. O indiano Osho, renomado mestre espiritual,
pregava que não há grande diferença entre o covarde e corajoso, ambos
têm medo; a diferença é que o primeiro escuta seus medos e os segue,
enquanto o outro os põe de lado e vai em frente.
É preciso ter coragem. Coragem para olhar dentro de si e ser o que se é!
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