MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

sábado, 25 de março de 2017

Mutirão leva cultura do graffiti ao Centro


90 artistas locais e nacionais vão mostrar a diversidade no centro antigo da cidade

por
Gabriele Galvão
Publicada em TRIBUNA VDA BAHIA
Foto: Romildo de Jesus
Proteger a especulação mobilizaria e a gentrificação dos moradores para substituição por outra camada social.  Este é objetivo do mutirão de graffiti, realizado ontem, na Ladeira da Preguiça, segundo idealizador e fundador do Centro Cultural Que Ladeira é Essa? Marcelo Teles.
A ação faz parte da terceira edição, do Festival de Graffiti Bahia de Todas as Cores (BTC) que reúne até este domingo mais de 90 artistas locais e nacionais para mostrar sua diversidade de cores no Centro Antigo de Salvador. Entre os desenhos estão barcos de pesca, crianças, mulheres, entre outros.
A grafiteira Cherme Ferreira ressaltou que cada morador é o curador de cada painel. “Grafitamos com a autorização de cada morador e é ele que escolhe o tipo de desenho que quer na sua fachada, se depois de pronto, ele não gostar, apagamos e refazemos de acordo com sua vontade”, explicou. Para ela, a comunidade passou muito tempo sendo marginalizada e precisava de ajuda.
“Nossa intenção é grafitar essas ruas e chamar a atenção da sociedade para o lado social desse lugar. Aqui existe uma história que precisa ser resgatada”, afirmou.
Marcelo Teles explicou que a ação irá contribuir para a democratização da arte e o embelezamento da paisagem urbana. “Os grafites levantam a alta estima dos moradores, que não tem condições financeiras para reformar suas casas que estão em estado de degradação”, disse, acrescentando que, “o projeto começou com iniciativa própria, pois essa classe não conta com o apoio do Poder Público”.
O artista plástico argentino Raffu ressaltou a importância de envolver a comunidade residente no mutirão. “Juntos somos mais fortes para contribuir com o debate acerca da valorização deste local, que é alvo de preconceito por alguns”, disse.
De acordo com o vendedor Carlos da Silva, que mora no local há 15 anos, a iniciativa permite um novo olhar para a comunidade. “As pessoas tinham medo de passar por aqui, as casas destruídas e as ruas feias. As pinturas valorizaram o lugar trazendo vida e cores. Estamos muito felizes com a nova cara da ladeira”, afirmou.
O Festival de Graffiti Bahia de Todas as Cores continua neste sábado, com o circuito de pintura, com a construção de painéis espalhados na Ladeira da Preguiça, Ladeira da Montanha, Final de linha da Barroquinha e a famosa escadaria, onde ocorria o comércio de couro. Ainda neste sábado acontecem, das 17 às 19 horas, uma feira de arte urbana e uma batalha de mc’s.
Das 19h às 21h30h, discotecagem do Dj Marve e dj Kajaman, logos depois a noite é encerrada com show do grupo feirense Roça Sound.
No domingo, o circuito de pintura terá oficina de graffiti para crianças às 14 horas; apresentação do projeto Playgrude, das cantoras Marcela Bellas e Taís Nader; Slam das Minas, uma batalha feminina de poesia falada, das 17h às 18h; intervenção do poeta Marcio Slam, das 18h às 19h; e encerramento da noite com o grupo percussivo Funfun Dúdú, às 19 horas.
O BTC é uma realização do Coletivo Vai e Faz (formado por artistas, comunicadores, produtores e estudiosos do tema) e da Prefeitura de Salvador, através da Fundação Gregório de Matos.

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