Não tem sentido o
argumento de Renan et caterva de que ele precisa continuar na
presidência do Senado para não prejudicar a agenda econômica. Texto de
Carlos Alberto Sardenberg, publicado no jornal O Globo:
Claro que será melhor
se a emenda do teto de gastos for aprovada em votação final antes do
fim do ano. Mas está claro também que a recuperação da economia
brasileira, no curto prazo — ano que vem, por exemplo — não depende
disso. O teto de gastos é crucial para o longo processo de ajuste das
contas públicas, e sua aprovação terá efeito positivo nas expectativas.
Não fará grande diferença, entretanto, se for aprovada agora ou no
início de 2017.
Portanto, não faz
sentido o argumento de Renan e sua turma de que ele não pode ser
afastado da presidência do Senado para não prejudicar a agenda
econômica. E — quer saber? — seria ainda pior se a agenda de interesse
nacional dependesse do comando de um réu, acusado de desvio de dinheiro
público.
Tem coisas que ou têm
ou não têm cabimento. E não tem cabimento achar que o ordenamento das
contas públicas, o restabelecimento da austeridade, depende de um
político acusado de malversação do dinheiro do contribuinte.
O teto dos gastos e,
especialmente, sua medida complementar, a reforma da Previdência,
dependem de amplo entendimento nacional e sólida base política. Isso é
necessário em dois momentos. Primeiro, na aprovação e, segundo, na
implementação.
Reparem: sem a
reforma da Previdência, não haverá como conter o crescimento das
despesas públicas. Permitam uns poucos números: no ano passado, o INSS
pagou R$ 436 bilhões em aposentadorias, pensões e outros benefícios;
neste ano, vai passar de R$ 500 bilhões. A arrecadação do INSS no ano
passado foi de R$ 350 bilhões. Neste ano, nem chegará a R$ 360 bi. Não é
preciso nenhum especialista para se verificar que o déficit é
explosivo.
Ora, se a emenda do
teto de gastos está quase aprovada, a reforma da Previdência, na melhor
das hipóteses, somente será votada em caráter final lá por dezembro de
2017. Ou seja, o ajuste não é coisa simples, depende de árduo trabalho
político do governo Temer.
E será difícil obter e
manter apoio político para isso enquanto o presidente Temer estiver
acompanhado de políticos desmoralizados.
Uma história
paralela: o senador Garibaldi Alves, aliado, recebe uma aposentadoria de
R$ 20.250, benefício que adquiriu com 15 anos de trabalho como deputado
estadual do Rio Grande do Norte. O senador considera muito justa essa
aposentadoria, assim como acha normal acumulá-la com o salário de
senador, de R$ 33 mil. E assim estoura o teto salarial do serviço
público.
Ora, como esse
senador pode votar uma reforma que vai pedir idade mínima de 65 anos e
49 anos de contribuição para um aposentadoria que seria hoje de R$
5.189,92?
Com essa situação toda, ficar dependendo de Renan....
FIM DA RECESSÃO
A recuperação mais
imediata da economia depende de dois fatores: um, a queda dos juros em
ritmo mais intenso; e, dois, uma administração da política econômica
mais eficaz.
O Banco Central quase
certamente vai acelerar a queda dos juros já em janeiro. O presidente
Ilan Goldfajn praticamente garantiu isso, sempre, é claro, com a
ressalva de que se as circunstâncias mudarem....
Já uma gestão mais
eficaz da política econômica no dia a dia vai depender de uma reforma no
gabinete de Temer com a entrada de gente mais habilitada e menos
suspeita.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
Nenhum comentário:
Postar um comentário