Narcos agem como narcos. Em 1989, Pablo Escobar, o chefão do Cartel de
Medellín, tentou matar o então ministro da Justiça e candidato à
Presidência da Colômbia, César Gaviria. Com a ajuda de um terrorista do
ETA (o grupo separatista basco, da Espanha), seus capangas plantaram uma
bomba em um voo de carreira no qual Gaviria embarcaria. A explosão
deixou um saldo de 110 mortos. Gaviria não estava a bordo. Vinte e sete
anos depois, a audácia se repete. Na semana passada, autoridades do
Paraguai revelaram que bandidos brasileiros que operam no país puseram a
cabeça do presidente Horacio Cartes a prêmio: 5 milhões de dólares para
quem o matar. A oferta, segundo o ministro-chefe da Secretaria Nacional
Antidrogas do Paraguai, Hugo Vera, partiu do Primeiro Comando da
Capital (PCC), a organização criminosa que surgiu em São Paulo em 1993 e
hoje busca a hegemonia do tráfico de drogas no país vizinho. A
revelação de que o PCC planeja atentar contra a vida do presidente do
Paraguai foi confirmada a VEJA pelo ministro Francisco de Vargas, do
Interior. Ele disse que informações de inteligência “bastante sólidas”
levaram a um reforço na segurança de Cartes e seus familiares. Segundo
as autoridades paraguaias, a ordem para o atentado foi emitida pelo
traficante brasileiro Jarvis Chimenes Pavão, reconhecido como o maior
nome do PCC no Paraguai e um admirador de Pablo Escobar. Pavão ganhou as
páginas do noticiário paraguaio há dois meses, quando o Ministério
Público revelou que ele — a exemplo de seu ídolo colombiano — mandara
construir instalações repletas de conforto para o cumprimento de sua
pena dentro de um presídio de segurança máxima. O pavilhão vip de Pavão
era equipado com três suítes, camas de casal e televisores, além de
contar com uma biblioteca, uma cozinha e um escritório onde ele
despachava com seus comandados. A descoberta da existência da cela de
luxo, que tinha o aval dos diretores do maior presídio do Paraguai,
resultou na queda da ministra da Justiça, Carla Bacigalupo, e serviu
para aprofundar as tensões entre o PCC e o governo de Assunção. A reação
do Estado, que levou ao fim dos privilégios de Pavão, teve início em
junho, quando o traficante brasileiro Jorge Rafaat foi executado na
cidade de Pedro Juan Caballero, na fronteira com o Brasil. O PCC usou
uma metralhadora antiaérea para vencer os 22 homens que faziam a
segurança de Rafaat — todos armados com fuzil. (Veja)
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