Uma
fraude cometida por atletas da delegação da Espanha durante a
Paralimpíada de Sydney, em 2000, fez com que os atletas com deficiência
intelectual ficassem de fora das disputas mundiais por 12 anos. A farsa,
considerada um dos grandes escândalos do esporte mundial, até hoje
prejudica esses atletas, que estarão disputando medalhas na Paralimpíada
do Rio de Janeiro, mas com participação reduzida.
Em
2000, durante a Paralimpíada de Sydney, um grupo de pessoas se fez
passar por atletas com deficiência mental para integrar a delegação de
basquete da Espanha. A seleção ganhou medalha de ouro, mas a história
foi revelada meses depois por um jornalista, que integrava o grupo. Em
2013, eles tiveram que devolver as medalhas e os prêmios recebidos.
Após
esse episódio, o Comitê Paralímpico Internacional decidiu que não
haveria mais provas para deficientes mentais nos campeonatos promovidos
pela entidade. Por isso, esses atletas não participaram da Paralimpíada
de Atenas, em 2004, de Pequim, em 2008, e tiveram seu retorno liberado
nos jogos de Londres, em 2012 . Também não houve competição para
deficientes intelectuais nos Jogos Parapan-Americanos realizados no
período, inclusive nos do Rio de Janeiro, em 2007.
Neste
ano, os atletas com deficiência intelectual vão participar de provas na
natação, no atletismo e no tênis de mesa. O Brasil terá três atletas
com esse tipo de deficiência disputando medalhas: Daniel Tavares, no
atletismo, e Beatriz Borges Carneiro e Felipe Caltran Vila Real, na
natação.
Ssegundo
o coordenador técnico da Associação Brasileira de Desporto para
Deficientes Intelectuais (Abdem), Roberto Di Cunto, mesmo agora que a
situação já foi regularizada, a inclusão está sendo feita aos poucos.
“Ainda é uma participação bem pequena, só liberaram quatro provas em
cada modalidade”, diz. Segundo ele, há expectativa de que na próxima
Paralimpíada, em Tóquio, haja mais provas no atletismo e na natação, mas
isso só será conhecido mais tarde.
Para
Di Cunto, a decisão de banir os atletas com deficiência intelectual de
jogos mundiais foi injusta. “Foi uma decisão que a gente nunca vai
concordar nem entender. A Espanha fez a fraude e o mundo inteiro pagou o
pato”, lamenta.
Segundo
o dirigente, a classificação dos deficientes intelectuais no
paradesporto exige laudos de psicólogos para comprovar a deficiência. “
São vários testes que têm de ser feitos para saber que ele é deficiente e
uma parte descritiva, falando das dificuldades que a pessoa tem no dia a
dia, de locomoção, cuidar de dinheiro, trabalho. É um laudo bem
complexo, com documentos para comprovar isso”, diz.
VERDINHO DE ITABUNA
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