MEDIÇÃO DE TERRA

MEDIÇÃO DE TERRA
MEDIÇÃO DE TERRAS

sexta-feira, 2 de setembro de 2016

Algumas perplexidades de um cidadão após o processo de impeachment


Charge do Oliveira, reprodução do Diário Gaúcho
Marcelo Câmara
O Ministro Ricardo Lewandowski, ao dividir ao meio a sanção constitucional, una e explicitamente indivisível, decorrente do impedimento da Presidente da República pelo cometimento de crimes de responsabilidade, dando um entendimento esdrúxulo ao Parágrafo Único, do Artigo 52 da Constituição, sob a justificativa de que se tratava de “um destaque”, semelhante aos que colocou em votação na Sessão de Pronúncia – levou o Senado a se assemelhar a um empregador que dispensa um empregado por justa causa e lhe entrega uma “carta de referência” positiva ao mercado, recomendando-lhe “como um honesto, competente e produtivo trabalhador”.
O dispositivo constitucional citado determina: “… limitando-se a condenação, que somente será proferida por dois terços dos votos do Senado Federal, à perda do cargo, com inabilitação, por oito anos, para o exercício de função pública, sem prejuízo das demais sanções judiciais cabíveis.”
Ora, o entendimento literal, claro, cristalino, para qualquer alfabetizado, da preposição “com” traduz-se numa adição, numa companhia inseparável, vinculante, em simultaneidade, num acréscimo insubstituível que forma uma sanção única, indissolúvel. Não existe a conjunção alternativa “ou”. Nem a conjunção coordenativa aditiva “e”, que poderia ser entendida como uma “pena acessória”, como “algo mais”.
ERRO PRIMÁRIO – No mínimo, o Presidente deveria dar ao Plenário o direito de decidir sobre o corte ao meio, a separação da sanção em duas sanções. Errou Lewandowski. Primariamente. E todos comeram moscas ao considerar que, no País, só existe função pública, que à Dilma não é possível, naturalmente, procurar ocupação ou emprego no setor privado, como faz a maioria dos brasileiros.
A presidente Dilma foi ao Senado na última quinta-feira. Não respondeu a uma pergunta sequer. Disse o que quis, como quis, no tempo que lhe conveio. Com um discurso deplorável na forma, prenhe de erros, e no conteúdo, falso, inverídico, infundado. Sem réplicas. Ginasianamente. Seus asseclas disseram que ela “demoliu a acusação”. Na realidade, houve uma auto-implosão asnal. Perguntada, nada disse. E tudo lhe foi perguntado. Melhor seria que nada se perguntasse. E tempo não se perdesse.
FALAS PATÉTICAS – Este Senado não tem moral para julgar a Presidenta Dilma” – ( Gleisi Hoffmann, inflando-se de moralismo e sem argumentos.)
Eu acuso… Eu acuso… Eu acuso…” – (Lindbergh Farias, tentando ser tribuno, fingindo genialidade, ao plagiar mal o repetido recurso estilístico que Émile Zola utilizou – “J’acuse” – na carta ao Presidente Felix Faure, na França de 1898. Enquanto isto, os seus eleitores aguardam, até hoje, a sua prometida e devastadora ação parlamentar contra a privataria do PSDB, discurso com o qual se elegeu, enganando os eleitores em 2002.)
A Presidenta Dilma vai ficar com uma aposentadoria de R$ 5 mil. Ela não vai poder dar aulas em universidades… Por isto, peço às senhoras e aos senhores que não votem pela inabilitação para o exercício de funções públicas.” (Kátia Abreu clamando ao plenário para não aplicar a devida pena de inabilitação, certa de que Dilma pode dar aula em universidades quando a falecida “Presidenta” está, há vinte anos, para concluir o curso de mestrado.)
ONOMATOPEIAS – Voz de manicure aflita e endividada. (Gleisi Hoffmann em arroubos de inconformismo)
Voz de menino contrariado, forçado a ir ao dentista e com mesada atrasada. (Lindberg Farias raivoso com Ronaldo Caiado)
PEÇAS DE HUMOR – As falas críticas e verdadeiras do senador Magno Malta, em linguagem popular, repletas de adágios, folclore brasileiro, citações bíblicas e alcunhas perfeitas criadas por ele mesmo.
O Ministro Lewandowski chamando o Senador Cidinho Santos de “Senadora Cidinha Santos”, e o Senador Cristóvão Buarque de “Senador Cristóvão Colombo”.
JARGÕES MAIS OUVIDOS – “Todo esse processo é uma farsa, uma fraude nascida do ódio de Eduardo Cunha contra a Presidenta Dilma, uma vingança do ex-presidente da Câmara. Trata-se de um processo nascido de um desvio de finalidade. Não existem as digitais de Dilma…”
“A presidenta Dilma é uma mulher honrada, uma mulher honesta…”
“Não mente, nunca mentiu, nunca enganou ninguém…” – diziam alguns petistas.
“Não está provado o crime de responsabilidade.”
“Onde está o crime? Se não há crime, não há autoria. E onde está o autor?” – perguntou o petista. “No Alvorada” – respondeu um senador do PMDB.
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