MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

domingo, 28 de agosto de 2016

Por que eu deveria votar em candidatos de direita que não querem fundo partidário?


Por que eu deveria votar em candidatos de direita que não querem fundo partidário?
Uma amiga ligada ao Partido Novo me comentou sobre a questão do fundo partidário: o partido não o aceita. Isso me fez retrucar com uma pergunta que a incomodou: “por que eu deveria votar em um candidato de direita que não quer fundo partidário?”.
Minha questão pode parecer incômoda, mas é mais óbvia do que parece. Uma vez que eu escolha um candidato, estou depositando expectativas em alguém que decididamente quis lutar pelo poder. Conquistando o poder, essa pessoa poderá lutar por uma agenda com a qual eu concordei mais, na comparação com a agenda de oponentes. Mas por que eu deveria depositar meu voto em alguém que não quer disputar de fato o poder?
Vamos a uma discussão pragmática sobre “mundos”:
  1. O mundo ideal para nós, onde não existe fundo partidário para ninguém
  2. O mundo presente, onde existe o fundo partidário para todos
  3. O mundo ideal de nossos oponentes, onde existe o fundo partidário para eles
A coisa é bem prática. Quem realmente luta pelo mundo (1) deve evitar que o mundo (3) aconteça. Assim, dentro do mundo (2), ele deve ir aos poucos lutando para criar o mundo (1).
Logo, a primeira prioridade de quem é contra a existência do fundo partidário não é deixar de recebê-lo, mas recebê-lo de modo isonômico em comparação aos seus oponentes, para, com estes recursos, lutar para extingui-lo para todos, não apenas para você. Mas isso vem com o tempo.
Apliquemos esta regra no cotidiano dos concursos públicos. Imagine que alguém decida, por princípio, deixar de concorrer ao serviço público. Se a intenção for lutar por um mundo sem funcionalismo público, tal ação é quimérica, uma vez que outros irão se candidatar ao serviço público no lugar dele. Logo, esta ação, tomada por princípio, não faz nada em direção a uma suposta proposta de eliminação do funcionalismo público.
Por outro lado, se alguém unicamente toma uma decisão política por princípio, então talvez essa pessoa não esteja dedicada a um projeto de poder, mas à manias particulares. Se assim o é, por que eu deveria dedicar meu voto à essa pessoa?
Claro que devemos abrir exceção às pessoas que possuem um séquito muito grande de admiradores que adorariam vê-la abandonar o fundo partidário e, em troca disso, votariam nelas em quantidade suficiente para elegê-las. Mas geralmente este não é o caso. Algumas pessoas abandonam o fundo partidário por uma simples questão de purismo.
Todavia a realidade é dura. E nesta realidade, para que as agendas políticas avancem, é preciso adquirir o poder. Um político com capacidade de fazer avançar nossa agenda, é alguém que deve lutar ferrenhamente pelo poder, situação a qual permitirá que ele leve nossas propostas adiante. Mas alguém que, sem uma razão estratégica, decide deixar de receber o fundo partidário, talvez não esteja tão dedicada a uma verdadeira luta por poder. Talvez concorra por ego, ou por pura diversão. Nesse caso, já que a pessoa não está tão decidida a conquistar o poder, também não deveria receber nossos votos.
É como fazemos nas empresas. As pessoas mais dedicadas a conquistarem um cargo são mais valorizadas. Do mesmo modo, aqueles mais dedicados a conquistarem os cargos públicos, talvez mereçam mais nossos votos nesse intento. A primeira condição a ser observada é notar se o candidato não está disposto a criar “molezas” para os adversários em nome de manias puristas.

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