RIO DE JANEIRO – Em meio aos escândalos de doping, como o protagonizado recentemente pela Rússia, a influência de interesses políticos e econômicos estão atingindo níveis insalubres no esporte de alto rendimento mundial. A avaliação é do alemão Norbert Müller, presidente do Comitê Internacional Pierre de Coubertin.
Ele foi um dos convidados a falar no 2º Simpósio Internacional Pierre de Coubertin, realizado na Universidade Santa Úrsula (USU).
Por problemas de saúde, Müller não pôde participar presencialmente, mas encaminhou um texto que foi lido pelo professor doutor Christian Wacker, presidente do comitê alemão do órgão. “Este simpósio vai traduzir e atualizar o pensamento de Coubertin”, dizia a mensagem.
Na opinião de Wacker, que é pesquisador da história do esporte, o problema básico é que as competições têm sido utilizadas como instrumentalização política, e o caso de dopagem de atletas russos exemplifica isso, já que o governo esteve envolvido para incentivar e acobertar trapaças.
“Por causa disso, os valores olímpicos estão ficando para trás. Um dos nossos interesses básicos é conseguir implementar os estudos olímpicos como foi definido por Coubertin, para a sociedade também, e não apenas para os atletas. Para resumir, qual a diferença entre uma grande festa esportiva e os jogos olímpicos? São os valores. Os valores se manifestam também nos rituais, a tocha olímpica, o fogo, os anéis”, argumenta.
Para o reitor da USU, Gilberto Chaves, o simpósio contribuiu para a produção de conhecimento, partindo dos preceitos estabelecidos pelo francês.
“Hoje, a Universidade Santa Úrsula está fazendo aqui no Rio de Janeiro, junto com a Olimpíada, um evento dessa magnitude, trazendo uma continuidade da produção de conhecimento que será capaz de, no futuro, gerar novos estudos, novas pesquisas, novas publicações sobre o tema”, enfatizou o reitor, que, após a mesa de abertura do simpósio, foi condecorado com uma medalha pelo comitê.
História
Pedagogo e historiador, Coubertin é reconhecido como o fundador dos Jogos na era moderna. Os valores olímpicos são excelência, respeito e amizade, e os paralímpicos são determinação, coragem, inspiração e igualdade.
Uma pensamento clássico atribuído a ele, destacado por mais de um palestrante na USU, e que engloba os valores olímpicos, é “olhar longe, falar amigavelmente, atuar firme”.
O simpósio reuniu apresentações orais de 43 trabalhados acadêmicos. Estiveram presentes pesquisadores dos meios esportivo e educacional de vários países, como Brasil, Alemanha, Argentina, Nova Zelândia e Canadá.
Um dos palestrantes foi Richard Pound, que recentemente presidiu o Comitê Independente da Agência Mundial Antidoping e investigou a acusação contra a Rússia.
O trabalho dele baseou a exclusão de boa parte dos atletas do país na Olimpíada do Rio.
Nesta quinta-feira, a USU receberá o professor Jean-Loup Chappelet, do Instituto de Altos Estudos em Administração Pública da Universidade de Lausanne (Suíça). O professor falará sobre a organização dos Jogos e outros eventos esportivos como estratégias de política pública regional e nacional.