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| Venezuela sob a ditadura chavista |
Analisando a tragédia venezuelana, João Luiz Mauad afirma que "um
modelo que privilegia a liberdade e a persuasão não pode ser mais
imoral ou injusto que um cuja ênfase está na coação e no uso da força".
Se não há livre mercado, não há liberdade:
Notícias e
imagens incrivelmente chocantes nos têm chegado da Venezuela
ultimamente. São centenas de milhares de cidadãos atravessando
fronteiras de países vizinhos em busca de alimentos e gêneros de
primeira necessidade. Gente morrendo em hospitais por falta de
medicamentos básicos, como antibióticos. Pessoas revirando lixo, como
ratos, atrás de restos de comida, enquanto os índices de violência
crescem de forma assustadora. Tudo isso em meio a uma onda de repressão
cada vez mais violenta e de medidas econômicas totalmente absurdas.
Qualquer
pessoa com um mínimo de conhecimento histórico e econômico sabe que a
atual situação da Venezuela é o resultado previsível do mau
funcionamento das instituições capitalistas. A carestia decorre
basicamente do descontrole da emissão de moeda e do aumento crescente
dos gastos públicos, enquanto a escassez de produtos resulta do
congelamento de preços e lucros, medida tão populista quanto estúpida
contra a inflação causada pelo próprio governo. O festival de horrores
se fecha com o crescente desrespeito do Estado pela propriedade e pelos
contratos privados.
É
lamentável que, em pleno século XXI, ainda sejamos testemunhas de
episódios como esse, na Venezuela, onde milhões de pessoas foram levadas
a acreditar numa quimera socialista já testada e reprovada inúmeras
vezes através dos tempos. Infelizmente, por trás desse engodo está a má
reputação do capitalismo, nem tanto em relação aos seus aspectos
econômicos, mas especialmente morais.
Muito
embora nem os mais empedernidos marxistas neguem que o advento do
capitalismo possibilitou uma prosperidade material constante e
crescente, tirando da miséria milhões de pessoas nos quatro cantos da
Terra, muitos ainda continuam desconfiados do sistema e prontos a
culpá-lo pela maioria dos problemas sociais, reféns que são de clichês
como “um outro mundo é possível” ou “de cada um conforme a sua
capacidade, para cada um conforme a sua necessidade”.
Do outro
lado, há muito pouca gente interessada em demonstrar as vantagens e,
principalmente, o lado moral e ético do capitalismo. Poucos se dão
conta, por exemplo, de que, no livre mercado, os indivíduos só são
recompensados quando satisfazem as demandas dos outros, ainda que isso
seja feito exclusivamente visando aos próprios interesses. Ao contrário
de outros modelos, o capitalismo não pretende extinguir o egoísmo
inerente à condição humana, porém nos obriga constantemente a pensar na
satisfação do próximo, se quisermos prosperar. Além disso, para obter
sucesso em grande escala, você tem de produzir algo que agrade e seja
acessível a muitas pessoas, inclusive aos mais pobres, e não apenas aos
mais abastados.
E as
desigualdades? Bem, elas estão presentes em todos os sistemas econômicos
até hoje testados. As pessoas com as melhores ideias, as mentes mais
criativas e mais energia para o trabalho tenderão a alcançar o topo,
tanto no capitalismo como numa burocracia socialista. A diferença é que,
no sistema capitalista, as ditas elites têm menos poder e influência do
que as elites políticas num sistema predominantemente estatal. Mesmo
numa democracia, só as autoridades eleitas têm, por exemplo, o poder de
retirar, através de pesadas taxações, porções cada vez maiores de nossa
renda, ainda que contra a nossa vontade, algo impensável até mesmo aos
maiores empresários.
Já no
capitalismo, as transações são sempre voluntárias. Vale dizer, dentro da
lei, a única forma de eu conseguir colocar a mão no seu dinheiro é
oferecendo-lhe algo que você valorize mais do que esse dinheiro. Não por
acaso, quando um cliente entra numa loja, a primeira coisa que ouve do
vendedor é: “Em que posso ajudá-lo?”. E a última coisa que ambos dizem,
depois de uma compra, é um duplo “obrigado!”. Um sinal inequívoco de que
aquela transação foi vantajosa para ambos. Isso vale para qualquer
negócio ou contrato, desde a compra de um picolé à aquisição de uma
grande indústria.
Ademais,
um modelo que privilegia a liberdade e a persuasão não pode ser mais
imoral ou injusto que um cuja ênfase está na coação e no uso da força. (O Globo).
BLOG ORLANDO TAMBOSI

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