Agricultor afirma que família tomou bebida durante encontro em Feijó.
'Foi uma surpresa para nós', diz técnica da Secretaria de Saúde do Acre.
Ao G1, a técnica responsável pela Doença de Chagas e Leishmaniose da Sesacre, Carmelinda Gonçalves, disse ter sido informada recentemente sobre o consumo de açaí pelos pacientes. Carmelinda enfatiza, no entanto, que só poderá afirmar que a transmissão foi pela bebida após o término das investigações da equipe enviada ao seringal.
"Foi uma surpresa para nós saber dessa informação, porque o que me passaram não era isso. Outras pessoas também consumiram e nada aconteceu. Eles podem ter consumido outras coisas a mais. É uma suspeita", argumentou.
De acordo com o agricultor, que prefere não ser identificado, toda família teria consumido açaí durante um encontro evangélico realizado na comunidade e apresentado sintomas da doença algumas semanas depois.
"Estávamos em um grupo e o dono da casa ofereceu açaí depois da celebração. Não foi confirmado, mas a maioria que tomou do açaí está aqui no hospital. O dono da casa, que também é nosso parente, não ficou doente", relembra.
'Falamos que tínhamos tomado açaí'
O homem diz também, que ao contrário do que foi divulgado pela Saúde, todos informaram o consumo do suco da fruta antes de adoecerem durante uma entrevista no hospital.“Na hora que a mulher foi fazer a entrevista com a gente estávamos todos dentro de um quarto. Falamos que tínhamos tomado açaí", declara.
Sobre a possibilidade da contaminação ter sido a picada do inseto, o morador afirma que nunca viu barbeiros pela região. "Acho que não foi assim. O barbeiro não ia andar com uma lista de todos nós para ferrar", argumenta.
Equipe da Fiocruz esteve na região do Vale do Juruá,
no interior do Acre
(Foto: Carmelinda Gonçalves/Arquivo pessoal )
Mortesno interior do Acre
(Foto: Carmelinda Gonçalves/Arquivo pessoal )
Em março deste ano, o casal Francisco Maian da Costa, de 18 anos, e Celiana Silva, de 17, nos dias 26 e 29 de fevereiro, respectivamente, morreram após tomar açaí contaminado pelo barbeiro.
A família do casal mora em uma comunidade rural da cidade de Rodrigues Alves, a 627 km da capital acrena. Inicialmente, a doença de Chagas era apenas a suspeita, sendo confirmado o diagnóstico no dia 11 de março pela Saúde do Acre.
Duas irmãs de Costa também foram diagnosticadas com a doença. A pequena Francisca Adrielly, de 12 anos, ficou internada por mais de um mês no Hospital da Criança, em Rio Branco, e ficou com uma lesão no coração, por causa da enfermidade, segundo a médica que a atendeu.
Pesquisa
Dois meses após os casos em Rodrigues Alves, a coordenação que trata sobre doença de Chagas no Acre visitou as cidades da região do Vale do Juruá, como Cruzeiro do Sul, Rodrigues Alves, Mâncio Lima, Porto Walter e Marechal Thaumaturgo. A medida fez parte de uma campanha de prevenção e conscientização após a região registrar nove casos da doença.
Uma equipe da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) de Brasília também esteve no local e fez pesquisas na comunidade Nova Cíntra, onde sete casos da doença foram confirmados neste ano.
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