MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

sábado, 30 de julho de 2016

Mirem-se na Turquia e lembrem: a pior democracia é superior à melhor ditadura


Charge sem assinatura, reprodução do Arquivo Google
Roberto Nascimento
O desastre do governo Dilma está bem fresco na memória de todos, nem precisa gastar tinta para comentar. A novela dessa tragédia política e econômica termina no final de agosto, um mês fatídico de tantas mudanças políticas. Então, não há que se falar, a meu juízo, em questões ideológicas, tanto no campo da esquerda ou da direita. O PSDB e o PT, com o PMDB no meio do jogo, são partidos conservadores na forma e no conteúdo. Não há diferenças fundamentais entre esses três protagonistas da cena política brasileira nos últimos anos. E tão cedo não haverá mudanças no horizonte deste Brasil varonil.
O programa “Ponte para o Futuro”, um conjunto de medidas administrativas e econômicas, gestado na Fundação Ulisses Guimarães sob liderança do ex-governador Moreira Franco, depois de demitido do cargo de ministro pela presidente Dilma Rousseff, foi sem dúvida um contraponto à política do PT. Tanto assim é que a presidente Dilma ficou profundamente irritada com o lançamento da tal ponte para uma troca de governo. Os petistas então começaram a percebeu o cheiro que exalava de seu principal parceiro na aliança governamental. E logo depois emergiu a criticada Carta de Temer, endereçada a Dilma.
Fica claro que o governo da Dilma acabou no instante em que o PMDB decidiu retirar o apoio à aliança, que vinha desde 2002, com a vitória de Lula. E o novo processo de impeachment também é de caráter político, como ocorreu com o presidente Fernando Collor.
DILMA CAUSOU TUDO – A política segue os ditames da natureza. Quer dizer, uma grande tempestade começa com pingos de chuva, depois vem a borrasca. Tudo começou quando Dilma demitiu Moreira Franco do governo e depois tirou o tapete do substituto dele, Eliseu Padilha, ambos ligados diretamente a Michel Temer. Com isso, Dilma praticamente colocou seu vice na oposição, que então se fortaleceu a ponto de desencadear a queda do governo, o que hoje parece irreversível.
Nada acontece por acaso em política. Dilma jamais poderia desprezar a força do PMDB no comando de Câmara e Senado, além de ocupar a vice-presidência. Dilma também não deveria ter minimizado a relação de causa e efeito que seria causada pela reação do PMDB. Ou seja, sem ter uma ampla maioria no Congresso, Dilma conseguiu brigar com o maior partido, que então se aliou à terceira força, o PSDB, para apeá-la do poder.
ESTELIONATO ELEITORAL – Agora, voltando ao tema inicial, é bom alertar os próceres do PMDB sobre a repetição do estelionato eleitoral do Plano Cruzado. Naquela época, quando Dilson Funaro, ministro da Fazenda, quis tomar medidas de ajuste na economia antes das eleições de outubro, o PMDB vetou. O partido então teve uma das maiores vitórias de sua história, apenas dois governadores não foram eleitos pelo PMDB, e logo em novembro o governo Sarney adotou as medidas impopulares.
E qual foi o resultado desse estelionato eleitoral? Foi a vitória de um líder messiânico, governador de Alagoas, filiado a um partido minúsculo, o PRN. Trata-se de Fernando Collor, eleito pelo furor contra a corrupção e os marajás. Só faltou a vassoura mágica de Jânio Quadros, destinada a varrer os corruptos do mapa.
Se o PMDB errar novamente pelas mesmas circunstâncias ou similares a elas, um novo salvador da Pátria, com a bandeira anticorrupção, será eleito à margem do PSDB, do PT e do PMDB, e poderá arrastar a nação para um vale perigoso de lágrimas e sangue. A missão dos amantes da liberdade e da democracia é justamente evitar que se repita o drama que vive o povo turco, nas mãos de um governante despreparado, corrupto e ditatorial. A sorte está lançada.
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