Maioria concorda em aumentar a segurança, mas reclama do descaso com a população
A Tocha Olímpica finalmente chegou ao Estado do Rio de Janeiro e já sofreu obstruções na cidade de Angra dos Reis, na Costa Verde do Rio, na noite desta quarta-feira (27), ao ser apagada durante um protesto de servidores na região. A segurança para a vinda dela à cidade do Rio de Janeiro foi reforçada e grande parte da população local apóia tal atitude, apesar de achar injusta a atenção dada às Olimpíadas em detrimento da saúde, educação e segurança dos moradores.
O segurança metroviário Paulo Cesar Rodrigues, de 47 anos, fala que se alguém quisesse protestar contra, deveria ter feito isso antes e que a condição de vida no Rio já era precária faz tempo: “O povo e os governantes tinham que ter pensado nisso antes, quando levou a proposta para o Rio sediar uma Olimpíada. A questão chegou no auge agora, mas os problemas já são antigos. Não temos escola, educação, saúde, hospital, segurança, só que não é agora que devemos tirar o foco do que já foi planejado”.
Da mesma forma, Luciene Dutra, de 31 anos, funcionária de uma empresa de comércio exterior, endossa as questões trazidas por Paulo: “Tivemos tempo para questionar isso, agora o dinheiro já foi usado. O problema do Brasil é que deixa tudo para cima da hora. Na época, todo mundo ficou feliz com o evento e agora que ele já está pronto não tem mais como mudar.” E também consegue ver a situação com positividade: “De repente, as Olimpíadas nos ajudam a resolver os problemas financeiros com tanto turista vindo, né.”
“Tem sempre gente insatisfeita, mas não precisa fazer nada contra a tocha. É tudo errado, óbvio. Estamos em estado de calamidade, situação caótica e tem dinheiro para a tocha? E a educação e saúde? Temos hospital sem médico, escola sem professor. Acho certo protestar por isso”, disse Fabíola de Souza, de 19 anos, fazendo coro com aqueles que concordam com as injustiças, mas que não veem relação com a tocha.
Por outro lado, há aqueles que são contra a Olimpíada e se sentem vítima do sistema que, segundo eles próprios, valoriza as questões esportivas e deixam de lado as sociais. A estudante Ageny Felix, de 17 anos, comenta: “Eles investem para proteger a tocha e as comunidades, como ficam? Falaram que não tinham dinheiro para nada que a população precisa e agora arranjaram para tudo. Dão valor quando a tocha apaga, mas não dão quando morre alguém”.
Futuro do Brasil, como a própria Ageny se intitula, a estudante de escola estadual pública afirma: “O governo vê a tocha, mas não vê os hospitais, não vê as escolas. Estamos sem aula, sem professor porque o dinheiro está todo nas Olimpíadas. Esquece de nós, estudantes, futuro do Brasil”.
A operadora de caixa Maria de Sousa, de 24 anos, enfatiza a diferença de tratamento dado às regiões cariocas: “Por mim, não teria Olimpíada aqui no Rio. Com esse dinheiro, poderíamos melhorar a qualidade da saúde que está péssima, a infra-estrutura, a educação. A segurança é na Zona Sul, porque na Zona Norte e Oeste não têm nada disso. Olimpíada só beneficia algumas pessoas”.
Jorge Santana, de 41 anos, analista de suporte, fala em outro tipo de protesto: “Se fosse para escolher mesmo, não era pra ter Olimpíada, mas o evento já começou e protestar por uma coisa que não tem mais volta é perda de tempo. Nosso protesto tem que ser nas urnas”, diz ele.
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