Pedro do Coutto
O ex-presidente Lula – reportagem de Thiago Herdy e Sérgio Roxo, O Globo de sexta-feira – tomou a espantosa iniciativa de recorrer à ONU contra o juiz Sérgio Moro, numa tentativa de criar um clima capaz de impedir a possível decretação de sua prisão pela Justiça Federal do Paraná. Não creio no êxito de tal manobra. Afinal de contas, o que tem a Organização das Nações Unidas com os rumos e consequências da Operação Lava Jato?
Isso, em primeiro lugar. Em segundo, assim agindo o ex-presidente nega tacitamente qualidade para que o Supremo Tribunal Federal possa decidir sobre sua situação. Além de passar por cima do STF, Lula revela não considerar o Poder Judiciário brasileiro apto a decidir sobre o direito de defesa que alega estar sendo violado. Uma agressão, no fundo, a todos os integrantes dos tribunais superiores do país.
E cabe a pergunta: o que a ONU poderia fazer? Não tem o poder de interferir no assunto. Certamente vai, diplomaticamente, rejeitar o pedido. Mas Luiz Inácio da Silva sabe disso e seus advogados também. Logo, o real objetivo do recurso internacional que propõe tem outro alvo.
PROBLEMA POLÍTICO – Não se trata, de fato, de problema jurídico e sim político. A iniciativa alcançou grande repercussão, objeto também de matérias publicadas com destaque tanto pela Folha de São Paulo quanto pelo O Estado de São Paulo. O alvo verdadeiro é preparar uma atmosfera capaz de lhe proporcionar a concessão de asilo político no exterior, como a revista Veja já noticiou, na edição que circulou dia 19 de março, falando que ele iria para a Itália, porque a mulher e os filhos têm dupla cidadania. Existem provavelmente alguns países que poderão conceder o asilo. Este, sim, é o sentido real do recurso para além das fronteiras de nosso país.
Lula está sentindo que cada vez o círculo de giz das investigações da Polícia Federal e das representações da Procuradoria Geral da República fecha em torno dele. Na mesma edição de sexta-feira, O Globo divulgou também com grande destaque os avanços da Política Federal quanto ao fato do ex-presidente e também dona Marisa, terem orientado a realização de obras no sítio de Atibaia. Obras pagas pela OAS e Odebrecht. Além disso, aprofunda-se a delação premiada de Marcelo Odebrecht e diversos executivos da empresa.
SEM DESMENTIDOS – As delações premiadas são irrecorríveis em matéria de fatos concretos, pois ninguém vai dizer ter efetuado pagamentos desse tipo se eles fossem obras de ficção. Se alguém afirma que pagou propina é porque pagou mesmo. Pessoa alguma inventaria. Principalmente porque seria desmentido e acionado na Justiça por calúnia e difamação. Até hoje, acusado algum processou seu acusador ou seus acusadores.
Aliás, nesta altura dos acontecimentos, não faltam acusadores e acusações. É tal a multiplicidade que não é outra questão essencial. Pertence ao amplo universo do mar de corrupção que submergiu o Brasil.
Voltando ao plano, mais aparente do que oculto, da iniciativa de Lula recorrer à ONU, percebe-se cada vez mais nitidamente que ele traduz um pedido de asilo político, primeiro numa embaixada, depois no país que o tenha acolhido. Conseguir asilo, francamente, não é difícil. Nada fácil é escapar da prisão, inclusive porque o STF ao remeter seu processo à Justiça de Curitiba, praticamente selou seu destino. Cada vez mais próximo, por sinal.
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O ex-presidente Lula – reportagem de Thiago Herdy e Sérgio Roxo, O Globo de sexta-feira – tomou a espantosa iniciativa de recorrer à ONU contra o juiz Sérgio Moro, numa tentativa de criar um clima capaz de impedir a possível decretação de sua prisão pela Justiça Federal do Paraná. Não creio no êxito de tal manobra. Afinal de contas, o que tem a Organização das Nações Unidas com os rumos e consequências da Operação Lava Jato?
Isso, em primeiro lugar. Em segundo, assim agindo o ex-presidente nega tacitamente qualidade para que o Supremo Tribunal Federal possa decidir sobre sua situação. Além de passar por cima do STF, Lula revela não considerar o Poder Judiciário brasileiro apto a decidir sobre o direito de defesa que alega estar sendo violado. Uma agressão, no fundo, a todos os integrantes dos tribunais superiores do país.
E cabe a pergunta: o que a ONU poderia fazer? Não tem o poder de interferir no assunto. Certamente vai, diplomaticamente, rejeitar o pedido. Mas Luiz Inácio da Silva sabe disso e seus advogados também. Logo, o real objetivo do recurso internacional que propõe tem outro alvo.
PROBLEMA POLÍTICO – Não se trata, de fato, de problema jurídico e sim político. A iniciativa alcançou grande repercussão, objeto também de matérias publicadas com destaque tanto pela Folha de São Paulo quanto pelo O Estado de São Paulo. O alvo verdadeiro é preparar uma atmosfera capaz de lhe proporcionar a concessão de asilo político no exterior, como a revista Veja já noticiou, na edição que circulou dia 19 de março, falando que ele iria para a Itália, porque a mulher e os filhos têm dupla cidadania. Existem provavelmente alguns países que poderão conceder o asilo. Este, sim, é o sentido real do recurso para além das fronteiras de nosso país.
Lula está sentindo que cada vez o círculo de giz das investigações da Polícia Federal e das representações da Procuradoria Geral da República fecha em torno dele. Na mesma edição de sexta-feira, O Globo divulgou também com grande destaque os avanços da Política Federal quanto ao fato do ex-presidente e também dona Marisa, terem orientado a realização de obras no sítio de Atibaia. Obras pagas pela OAS e Odebrecht. Além disso, aprofunda-se a delação premiada de Marcelo Odebrecht e diversos executivos da empresa.
SEM DESMENTIDOS – As delações premiadas são irrecorríveis em matéria de fatos concretos, pois ninguém vai dizer ter efetuado pagamentos desse tipo se eles fossem obras de ficção. Se alguém afirma que pagou propina é porque pagou mesmo. Pessoa alguma inventaria. Principalmente porque seria desmentido e acionado na Justiça por calúnia e difamação. Até hoje, acusado algum processou seu acusador ou seus acusadores.
Aliás, nesta altura dos acontecimentos, não faltam acusadores e acusações. É tal a multiplicidade que não é outra questão essencial. Pertence ao amplo universo do mar de corrupção que submergiu o Brasil.
Voltando ao plano, mais aparente do que oculto, da iniciativa de Lula recorrer à ONU, percebe-se cada vez mais nitidamente que ele traduz um pedido de asilo político, primeiro numa embaixada, depois no país que o tenha acolhido. Conseguir asilo, francamente, não é difícil. Nada fácil é escapar da prisão, inclusive porque o STF ao remeter seu processo à Justiça de Curitiba, praticamente selou seu destino. Cada vez mais próximo, por sinal.
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