Leio no “Diário do Brasil” e republicado neste blog da Tribuna da Internet, que o sr. Guilherme Boulos, na condição de coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), afirma que “se houver impeachment da presidente Dilma Rousseff e Lula for preso, o Brasil será incendiado por greves, ocupações e mobilizações”. E este senhor diz mais, segundo leio, “Não haverá um dia de paz no Brasil. Podem querer derrubar o governo, podem prender arbitrariamente o Lula ou quem quer que seja, podem querer criminalizar os movimentos populares, mas achar que vão fazer isso e depois vai (sic) reinar o silêncio e a paz de cemitério é uma ilusão de quem não conhece a história de movimento neste país. Não será assim. Este país vai ser incendiado por greves, por ocupações, mobilizações, travamentos. Se forem até às últimas consequências nisso, não vai haver um dia de paz no Brasil”.
Vejo que se trata de um homem valente mesmo. Defende uma causa, uma ideologia, uma convicção, um partido político, um governo, um governante… com todas as armas que estejam ao seu alcance. Pelo menos é o que ele prevê, sem hesitar, que poderá acontecer. E fala, por si e por seus camaradas, com tanta certeza de que essa “insurreição” vai mesmo ser deflagrada que levo a sério suas previsões.
PONDERAÇÕES – Justamente por levar a sério esse tipo de ameaça e por ser eu um experiente advogado, com 44 anos de exercício da profissão e 70 de idade, que vivi e vivo a vida estudando e pregando a paz, faço algumas ponderações. Se a presidente Dilma for definitivamente afastada do exercício da presidência, o impedimento para que ela continuasse no cargo decorreu de um legítimo processo legal, do começo ao fim. E tudo sob o crivo da Suprema Corte da Justiça brasileira, que é o STF.
Caso Lula venha ser preso, sua prisão necessariamente haverá de ser fundamentada e por justa razão. E contra a decisão do juiz que a decretar (talvez Sérgio Moro) cabe recurso para a imediata libertação, se a prisão não se revestiu das formalidade legais e não tenha sido ela devida e justa.
Vivemos a plena democracia que nos foi tirada com o golpe de 64 e, depois de muita luta, devolvida na década de 80. Até que não foram tantos anos de ditadura. A bandeira que o senhor desfralda na defesa daqueles sem teto e sem voz é mais do que justa. Mas sem violência. Porque o que o senhor prenuncia que vai acontecer poderá representar um retrocesso ao desenvolvimento social e político do Brasil.
DEMOCRACIA –As Forças Armadas intervirão e os militares poderão voltar ao poder. Ninguém deseja isso. Todos queremos a Democracia, o Estado Democrático de Direito, o respeito às Instituições…Queremos todos os três poderes da República funcionando na sua plenitude, sem embaraço, com sabedoria, lisura e nenhuma corrupção. Queremos a paz. Queremos a felicidade. Queremos a segurança.
Boulos declarou que não conhecemos a história de movimentos populares no Brasil. Mesmo sem ser historiador, me recordo que no Colégio São Bento, onde estudei, o professor Azevedo Correia — um mestre e historiador de nomeada —- nos fez estudar diversos movimentos separatistas e insurreições contra o governo imperial: cabanagem, balaiada, sabinada, insurreição pernambucana, farrapos, inconfidência mineira… E sabe no que deu, senhor Boulos? Não deu em nada. As forças armadas entraram em ação e todos foram presos.
Ninguém deseja repetir a história que o senhor diz que não sabemos. Sabemos, sim. Vai aqui um conselho, fácil de atender e constatar: pesquise no Google com esta busca “Lei 1802, de 5.1.1953”. E leia seus 43 artigos. Esta lei define os crimes contra o Estado e a Ordem Política e Social. É antiga, mas vigente. E como são duras as penas! Tudo o que o senhor antecipou que pode acontecer está lá definido na lei. Confira. Veja as punições como são severas. Tudo, tudinho está lá muito bem tipificado criminalmente. E a cana é dura.
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