Na
votação havida na Câmara dos Deputados em 17 de abril último, que resultou na
aprovação, naquela Casa Legislativa, do parecer favorável ao
impeachment da presidente Dilma, grande número dos deputados justificou
sua escolha pelo “sim” com base em Deus, na família, nos filhos, netos
etc.
Essa
escolha religiosa-social chamou a atenção do Brasil inteiro. A maior parte de
nossos patrícios ficou agradavelmente surpresa com essas justificativas
apresentadas pelos deputados. Aliás, é de notar que, em boa medida, eles assim
justificaram seu voto para agradar suas bases eleitorais, uma vez que o Brasil
autêntico quer ouvir falar em Deus e nos valores familiares, diferentemente
desse Brasil de superfície retratado pelas novelas, pelos conchavos políticos, e
por tantas outras coisas que desagradam o Brasil autêntico.
A
respeito dos deputados que invocaram a Deus e a família, escreveu o articulista
Helio Dias Viana: “Orgulho-me de dizer que, como brasileiro e como católico,
estou do lado deles, embora saiba que muitos não são católicos, nem levam uma
vida familiar consentânea com os sentimentos ali expressos. Mas estou com eles
porque, com uma simplicidade e um modo de ser autenticamente brasileiros,
manifestaram com evocações familiares a preeminência destes valores sobre os
demais, tendo sido esta uma das principais razões por que, em consequência,
votavam pelo impedimento da presidente Dilma” (“A bondade venceu o ódio”,
in Catolicismo, maio/2016).
* *
*
Depois
disso veio a votação no Senado com a consequente suspensão das funções da
Presidente Dilma por 180 dias, até que se consume todo o processo e se pronuncie
o impeachment definitivo, o que parece provável
acontecer.
O
Brasil autêntico recebeu com alívio e com calma esse tão esperado afastamento da
Presidente. As manifestações de desagrado, produzidas por arruaceiros dos
movimentos ditos “sociais”, não impressionaram. A esquerda católica, origem do
PT, estrebuchou.
O
diário “El País”, de Madrid, viu no impeachment
“O
crepúsculo dos deuses das esquerdas latino-americanas”.
Impeachment passou
a ser a palavra de desafogo do brasileiro comum.
Entretanto, não faltaram os que criticaram acerbamente
os deputados pelas justificativas que apresentaram. Deles tratou o jornalista
Luiz Felipe Pondé em artigo para a “Folha de S. Paulo” (2-5-16), intitulado
“Nojinho de Deus e da família”. Afirma Pondé que, para tais críticos, “o
nojinho aqui vai além do blábláblá sobre a ‘qualidade de nossos políticos’. O
nojinho é, na verdade, nojinho de Deus, da religião e da família mesmo. Seria
fácil identificar em muitos ateus rancorosos (mesmo que digam que não) um ódio
de Deus que os faz pensar mais Nele do que os crentes o fazem.
[...]
“Claro
que em épocas do politicamente correto todo mundo tem que posar de ‘doce
relativista’ e esconder que suspeita que essa ‘gente simples’ que crê em
pastores, padres e afins seja gente ignorante que não entende nada da realidade.
[...]
“E o
nojinho da família? Esse é fruto de ideias como ‘família é o lugar da opressão
patriarcal’, ‘família é coisa de gente heteronormativa’. Basta alguém dizer que
uma mulher é ‘recatada e do lar’ para um exército de chatos e ofendidos
protestarem contra a opressão exercida pelas mulheres ‘recatadas e do lar’ sobre
todas as outras que não querem ter recato ou um lar”.
*
* *
Esses
tais contribuem para que o País oficial (da política, da TV etc.) discrimine e
mesmo massacre o País real (dos que creem em Deus, amam a família, defendem a
propriedade). Qual dos dois Brasis é o autêntico? Com a palavra o
leitor.
(*)
Gregorio Vivanco Lopes é advogado e colaborador da ABIM
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