MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

domingo, 28 de fevereiro de 2016

Maria Rita Kehl: 'Dilma está se isolando não por defeitos, mas por virtudes'

Psicanalista diz que PMDB perdeu sua importância e virou um 'partido ônibus'

Jornal do BrasilEduardo Miranda
Integrante de um seminário promovido pela Fundação Perseu Abramo neste sábado (27), no Rio de Janeiro, sobre as transformações do capitalismo no Brasil e o desafio das esquerdas, a psicanalista Maria Rita Kehl conversou com o Jornal do Brasil sobre as dificuldades da presidente Dilma Rousseff para governar.
Segundo a psicanalista, a intolerância de Dilma ao que ela classificou de "negociatas" a deixam mais isolada de sua base aliada, sobretudo de partidos como o PMDB.
"A Dilma está se isolando não por seus defeitos, mas por suas virtudes. Ela é mais intransigente e fica escandalizada com as negociatas. O Lula, até pela prática sindicalista, conseguia negociar uma pequena vantagem. Mas a realidade é que a esquerda não consegue governar no Brasil. Não é só por ser a Dilma. A esquerda consegue implementar algumas políticas negociando com uma maioria política que não é de esquerda", afirmou Kehl.
Maria Rita Kehl participou de seminário sobre as esquerdas, em evento de aniversário do PT
Maria Rita Kehl participou de seminário sobre as esquerdas, em evento de aniversário do PT
A psicanalista argumenta que o PMDB perdeu seu papel contestador no período da ditadura militar e se tornou um "vendedor de apoio" em tempos atuais.
"Qualquer governo no Brasil, seja do PT, do DEM ou do PSDB, será refém de um partido que se tornou puramente fisiológico. O PMDB foi muito importante no tempo da ditadura, mas hoje ninguém honra essa sigla. Ele virou um 'partido ônibus' em que todo mundo entra e vende apoio para quem está no poder", disse Kehl, que é também uma das fundadoras da Comissão Nacional da Verdade (CNV) para investigar violações aos direitos humanos cometidas no Brasil no período da ditadura militar.
Indagada sobre as divergências que vêm surgindo entre o Palácio do Planalto e o Partido dos Trabalhadores em relação a pautas como CPMF, pré-sal e reforma da Previdência, Maria Rita Kehl, que esteve presente no aniversário de 36 anos do PT, neste sábado, fez questão de lembrar que não é petista, mas defendeu que o partido pressione por políticas de esquerda.
"O partido faz muito bem em manter certa independência, ele tem um pouco a função de pressionar o governo para que ele vá para o lado de políticas de esquerda. Agora, no Congresso Nacional, o PT é também refém do PMDB, um partido oportunista que tem na Câmara dos Deputados um presidente (Eduardo Cunha) psicopata que só manipula. Fica muito difícil manter uma harmonia entre governo e Congresso", criticou.

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