MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

segunda-feira, 28 de julho de 2014

PSD: Kassab apoia Dilma, o partido apoia Aécio.


Montado à imagem e semelhança de seu líder Gilberto Kassab, homem que galgou postos e fez-se poderoso pelo talento para manejar o xadrez político nacional, o PSD converteu-se em símbolo do pragmatismo nas eleições de 2014. Primeiro partido a anunciar apoio à presidente Dilma Rousseff em sua busca pela reeleição, ainda em novembro, o PSD se aliou a chapas contrárias às do PT em 20 Estados brasileiros. Mais que isso, a sigla ocupa as mesmas coligações que o PSDB de Aécio Neves em 14 Estados e que o PSB, de Eduardo Campos, em nove.
No rol de apoios diretos oferecidos pelo partido de Kassab, a discrepância é ainda mais explícita. O PSD apoia candidaturas a governo do PSDB em oito Estados, do PSB em outros quatro e do PT apenas na Bahia e no Ceará. Desses partidos, recebe o apoio petista no Rio Grande do Norte e do PSDB no Amapá.
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Ao Valor, Kassab garante que, se Dilma sair derrotada da disputa eleitoral, o PSD irá para a oposição. Mas a promessa não encontra eco em seus pares, que creem que as composições regionais do partido o levarão naturalmente a estar no próximo governo, vença Dilma, Aécio ou Campos. Mais que isso, líderes da sigla atestam que, na maioria dos Estados, a máquina partidária do PSD está trabalhando fortemente pela eleição de Aécio.
"Os quadros vieram de origens diversas. Sempre dissemos que essa identidade partidária iríamos buscar pós 2015, quando o PSD passasse por uma eleição nacional", afirma o deputado Eduardo Sciarra. Presidente do partido no Paraná, seu Estado é um exemplo da falta de vínculos com a candidatura presidencial petista. "Sou coordenador da campanha do governador Beto Richa [PSDB] à reeleição. Nosso grupo político é o mesmo", diz. O material de campanha do governador, que o PSD ajuda a colocar na rua, sai casado com o nacional, que tem Aécio. A maioria dos candidatos do PSD paranaense, conta, fez seu santinho também se vinculando ao tucano. "Não dá para eu ir no palanque da Dilma, fica incoerente. A maioria do PSD aqui está trabalhando pelo Aécio, sem dúvida", atesta.
Não é uma realidade isolada. Reservadamente, dirigentes da sigla dizem que o grosso do PSD nos Estados trabalha para fazer Aécio presidente. Líder da bancada do PSD na Câmara, o deputado Moreira Mendes, de Rondônia, concorre a uma vaga ao Senado aliado aos tucanos locais. "Em Rondônia historicamente essas forças de centro-direita estão sempre aglutinadas. Dependemos de agricultura e pecuária, uma área que não se dá com o pessoal do PT", diz. Ele duvida que o PSD ocupe um espaço de oposição mesmo em uma eventual derrota de Dilma. "Eu me dou muitíssimo bem com o Aécio e o PSD não tem esse espírito de oposição radical. Um partido com 50 deputados sempre vai ter espaço de negociação", avalia. Sciarra segue o mesmo raciocínio. "Teremos peso político e, até pelo apoio dado a ele em vários Estados, é natural que vá haver vínculo com um eventual governo do Aécio".
Por ser um partido de centro, diz Kassab, "há propostas um pouco mais sintonizadas com o campo da esquerda e outras, com o campo liberal. O PSD defende com muita intensidade investimentos na saúde pública, educação e segurança, mas no campo da economia tem visão liberal, defende economia de mercado, parcerias público-privadas". E, claro, a liberdade de imprensa. "Triste é o partido que não sabe conviver com a liberdade de imprensa". Chega a perguntar, simpaticamente, como os jornalistas estão vendo o seu partido.
Kassab não nega o insólito da distribuição de apoios regionais do PSD não refletir a posição em âmbito nacional. Rebate com uma questão local. "Se é insólita a nossa posição, é também a do PSDB de São Paulo, que terá 40 comitês em conjunto com o PSB. Vai ter o Geraldo Alckmin circulando numa cédula com o Eduardo Campos. Na verdade, somos todos vítimas da ausência de uma reformulação na legislação partidária. Não é privilégio ou característica do PSD".
O acordo nacional com o PT, dizem aliados, foi o somatório de opção mais cômoda com pagamento de uma dívida de gratidão. Ao contrário da postura tomada até pelo PSDB, o PT não atrapalhou o caminho do PSD na busca, junto à Justiça, de tempo de exposição em rádio e TV e fundo partidário proporcionais à bancada - e o Palácio do Planalto operou para isso. Aécio, atestam, é ciente dos motivos desse acerto.
No mais, estar com o PT e migrar para a base de um eventual governo de PSDB ou PSB seria algo "sem trauma", avalia um dirigente. O contrário seria um processo desgastante.
Na conta da sigla, serão eleitos este ano entre 45 e 50 deputados federais do PSD. Para 2018, Kassab vislumbra lançar um candidato a presidente da República. "Temos bons quadros. Por que não pensar em ter um candidato a presidente em 2018? Henrique Meirelles poderia sim ser um bom presidente", avalia, lembrando o correligionário e ex-presidente do Banco Central.
Numa passagem aparentemente desimportante, ao comentar sua relação atual com Aécio Neves e Eduardo Campos, Kassab de certa maneira resume a própria trajetória e do pragmático PSD. "Mantenho relações com eles do ponto de vista pessoal e político. Porque um partido de centro comporta esses entendimentos". (Valor Econômico)
BLOG DO CORONEL

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