*Alexandre Peconick
“Acabou!” Normalmente esta palavra, com esta
ênfase, seria associada a uma felicidade, a um alívio, por um título ou vitória
esportiva. Contudo, o que se viu hoje na final entre Vasco e Flamengo – Estadual
2014 - foi uma vergonha, que nada mais tem a ver com esporte. Discordo
frontalmente de Nelson Rodrigues, que historicamente em seus textos dizia que
“era o gol roubado que dava graça ao futebol”. Com muito mérito, aos 45 minutos
do segundo tempo, o Vasco vencia o jogo contra o Flamengo e seria, com justiça,
o campeão estadual do Rio, após 11 anos de espera.
Assistia ao jogo com o meu filho e a minha
esposa na sala na sala. Os minutos finais foram eletrizantes. Na bola, o
Flamengo não conseguia o empate que lhe daria o título. Veio o fatídico
escanteio, aos 45 minutos do segundo tempo. Após uma cabeçada no travessão, dois
jogadores do Flamengo, em clamoroso impedimento, apontado até mesmo pela TV
Globo, outrora defensora oficial do rubro-negro, se posicionam diante da bola.
Um deles e empurra para o gol. E com muita cara-de-pau comemoram o gol em
impedimento. A imagem mostra que o bandeirinha viu o lance em impedimento e nada
apontou. Sinceramente não consegui explicar ao meu filho até agora porquê um gol
em impedimento tirou o título legítimo do Vasco. Também não consegui explicar à
minha esposa (que me perguntou isso) porque o Vasco não pôde recorrer à Justiça
para reclamar a irregularidade. São duas idiossincrasias deste “esporte” (entre
aspas) chamado futebol.
Este momento foi um balde de água fria em qualquer
credibilidade, qualquer ética, qualquer bom senso. Ali, diante do meu filho e da
minha esposa, senti-me com cara de palhaço, literalmente. Mais palhaços ainda
são aqueles “torcedores” que comemoram um título conseguido debaixo de um roubo
descarado. São os mesmos que, no dia a dia, “dão um jeitinho em
tudo”.
Chega! Basta! Eu tenho a força! Eu tenho a
prerrogativa do controle remoto. E decido NÃO MAIS assistir a esta vergonha
chamada futebol. Futebol, o dicionário Aurélio já pode ser atualizado: seu
sinônimo é vergonha!
Continuo sendo Vasco. Esta, sim, uma paixão.
Mas não perderei mais o meu tempo diante de um aparelho de TV, sabendo que do
outro lado há um jogo literalmente decidido pelo “lado comercial”, pelo
“interesse alheio”. Tô cansado de cartas marcadas. Cansado de ver um time
medíocre, muito mais fraco do que o meu, levar vantagem graças ao tal do
“jeitinho brasileiro”. Hoje eu fiquei com nojo por algum dia ter gostado de
futebol. Desculpa gente, mas hoje eu senti nojo de ser brasileiro. Senti
vergonha de mim mesmo e senti-me ridicularizado perante pessoas especiais que eu
amo: meu filho e minha esposa.
Isto, gente, não é mais esporte. Está longe
de ser. Talvez eu vá continuar a assistir corridas de F-Indy, F-1, a ver outros
esportes, dignos de ter esta qualificação: esporte. Diz o dicionário que esporte
é algo decidido dentro das regras, dentro da esfera da atividade física. O que
eu vi hoje, aos 45 minutos do segundo tempo, às barbas do juiz e do bandeirinha,
foi o ato descarado de burlar as regras.
E essa nojenta torcida que veste o “vermelho da vergonha”
e o “preto da sujeira” está aqui na minha janela fazendo apologia da
roubalheira, da falta de ética. Pela internet já li milhares de comentários
deles dizendo, “que bom que foi roubado”; “melhor que tivesse sido de mão”.
Sinceramente: esse tipo de brasileiro merece o politicozinho de m... que tem,
merece ser roubado na carga de impostos, merece uma saúde e educação sucateados
e o Partido da Tramoia (PT) que se perpetua no poder enganando gregos e
troianos.
Na Libertadores, com uma arbitragem séria,
que obviamente não é brasileira, o Flamengo foi para o espaço. Perdeu para um
medíocre time mexicano e empatou com a escória da Bolívia. E teria perdido hoje
para O Vasco. Para um dos piores times do Vasco que eu já vi. Se fosse só
esporte, teria perdido para o Vasco. Ah, mas isto, comercialmente, não era
interessante. O dia em que eu puder acreditar que o futebol é um esporte, quem
sabe eu volte a assistir.
Por enquanto, o futebol, para mim, acaba de
ser enterrado. Eu deveria ter escutado a minha esposa que sempre disse que “tudo
isso segue um interesse que não depende da minha torcida”. Sinceramente e com
todo respeito: quem ainda perde tempo diante de uma TV assistindo esse jogo de
interesses, está sendo enganado e não sabe – ou pior: sabe e deixa por isto
mesmo.
Mas eu tenho a prerrogativa do controle
remoto. Parabéns Flamengo. Comemore a sua taça roubada. Vibre em zoar um
adversário que insistiu em jogar seguindo as regras. Siga, quando isto lhe for
possível, triunfando a qualquer custo e jogando a ética para escanteio. Não é o
que fazem as as nossas autoridades. Eu é que não vou mais perder tempo com essa
palhaçada!
Adeus futebol. O último a sair, por favor,
que não se esqueça de apagar a luz hein!.
Alexandre Peconick é jornalista, vascaíno e leva a
sua vida seguindo princípios éticos que aprendeu ainda criança com os seus
pais.
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