MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

sábado, 31 de maio de 2014

AS ESCOLAS DE ANTIGAMENTE



Vou falar das Escolas que cursamos no passado. No meu caso, das militares, da Escola Preparatória de Porto Alegre (EPPA) e da Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN).

Gen. Bda Rfm Valmir Fonseca Azevedo Pereira
Nelas, tivemos os exemplos de bons instrutores e monitores, de Tenentes dedicados, todos de conduta ilibada e por vezes mais severos do que gostaria a nossa juventude.
Olhávamos com respeito, os Capitães, os superiores, e, até com certo temor as maiores autoridades, os Coronéis, e principalmente, os Generais. Com maior razão o General Comandante da AMAN.
E eles nos ensinavam os assuntos militares e os morais e cívicos, pregavam a obediência a princípios fundamentais, falam sobre valores, e sublinhavam o respeito aos subordinados.
Em geral apregoavam a máxima de “não faças aos outros, o que não desejas que façam contigo”.
Acordávamos cedo e lá estavam eles, exigiam o traquejo na farda e lá estavam eles, impecáveis, destacavam a importância da disciplina e do cumprimento da hierarquia.
E assim, durante anos naqueles bancos escolares eles passaram por nós, Oficiais, Sargentos e Praças, em decorrência das transferências; mas mudava o homem e não a tônica do exemplo e da dedicação.
A qualquer momento lá estavam eles, nas instruções, nas provas, e mesmo nas dificuldades em apoio aos necessitados.
Ah, nas escolas de antigamente aprendemos ensinamentos maravilhosos, tantos que de certa forma a sua influência faz parte de nosso caráter.
Somos gratos.
Contudo, hoje é flagrante que cometeram “falhas imperdoáveis”, pois não nos ensinaram a ser patifes, calhordas, cretinos, nem desonestos, nem falsos, nem bandidos, nem a conviver com estes tipos de indivíduos, e, o pior, nem a combatê-los.
Hoje, reclamamos e tornamos público a nossa falta de capacidade e despreparo para engolir o que assistimos: a ganância, a corrupção, o apogeu da mentira e a enganação.
“Incompetentes” instrutores e monitores que não nos prepararam para conviver sob a égide dos “fins justificando os meios, e de que tudo vale em beneficio de seus interesses”, que nos moldaram sob as premissas da virtude, e a preservação da honra e da dignidade, a qualquer custo.
Mas, na certeza de que não agiram de má fé, desculpamos a sua inocência ou a sua boa intenção de esconder-nos que lá fora, um dia, nesta Terra predominaria a falta de caráter, a impunidade, e que o mérito seria um nauseabundo defunto diante dos interesses pessoais.
Infelizmente, sob o peso dos anos, nós que frequentamos as escolas de antigamente, não temos mais tempo nem saco de apreendermos a arte da patifaria e, por isso, vez por outra, indignados por assistir a tantas falsidades, ao ver florescer o escárnio e a injustiça, reclamamos, denunciamos.
Mas é um grito inútil, pois os tempos são outros, a escolas de antigamente foram substituídas, e sabe-se lá o que os novos mestres ensinam, neste caso, em preparação dos jovens para se saírem bem entre os demais patifes. Nós, infeliz ou felizmente, deste tema, nada aprendemos.
Evidentemente, a História da Humanidade tem nas suas linhas uma infindável lista de indivíduos de baixíssimo padrão moral, pessoas sem escrúpulos.  E assim será, agora e sempre.
Porém, o duro é testemunhar no Brasil, que aqui, quanto mais cretino melhor, como comprovamos no nosso dia a dia.
Mas é tarde para voltar aos bancos escolares, e mais difícil viver nestes novos tempos sem reclamar daqueles antigos Mestres, que não nos prepararam para viver nesta fedorenta esbórnia.
A grande dúvida é se diante de tantos patifes, a História da Pátria poderia perdoar-nos se liderássemos uma revolução que sob a desculpa do “paredón” eliminasse sem piedade, os abomináveis detratores da honra e da grandeza do Brasil.                                         
Brasília, DF, 31 de maio de 2014
Cadete do último ano do Curso de Infantaria da AMAN, sob o Comando do inesquecível General Emílio Garrastazu Médici, em 31 de março de 1964.

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