Poucas comemorações e muitos protestos acontecem na data
No Dia Internacional dos Trabalhadores, comemorado nesta quinta-feira (1), o número de categorias em greve
impressiona. Na cidade do Rio de Janeiro estão paralisados médicos,
profissionais da saúde e os servidores de todas as universidades públicas
federais. Os professores cariocas estão indicando greve, depois de diversos
profissionais dos municípios ao redor já estarem paralisados. No país, a polícia militar parou
por três dias e os policiais federais, por um dia, prometendo greve para a Copa.
Para Darby Igayara, presidente da Central Única dos Trabalhadores do Rio de
Janeiro, a quantidade de paralisações indica duas coisas: que o
governo é intransigente e as negociações não avançam e que os trabalhadores estão bem mobilizados.
Os
professores da rede municipal de São Gonçalo estão
paralisados há mais de um mês. Além deles, profissionais de Búzios,
Caxias e Nova Friburgo estão
em greve. Paralisações estão sendo feitas esporadicamente em Nilópolis,
Nova
Iguaçu e Cachoeiras de Macacu e Nova Friburgo está mobilizando. O
Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Rio de Janeiro (Sepe) têm uma assembleia planejada
para a próxima semana, também com indicativo de greve para a rede estadual e
municipal do Rio. Servidores das principais universidades públicas da cidade
também estão paralisados. Assim como os profissionais da saúde e os médicos, em
greve desde fevereiro. Fora do Rio, A Polícia Militar de Salvador ficou em
greve por três dias, até que um dos líderes da greve foi preso, numa situação
em que em menos de uma semana, 59 pessoas foram vítimas de homicídio. A Polícia
Federal fez uma paralisação e também indicou possibilidade de greve durante a
Copa.
“O problema maior é quando os
trabalhadores não conseguem fazer greve, isso demonstra a desmobilização dos
sindicatos. Para nós esse é um cenário positivo. É hora de sentar e
conversar”, completa o diretor da CUT, que trabalha como bancário há 35 anos e diz
nunca ter conseguido fechar um acordo
sem greve, na sua própria categoria. Para ele, o grande ganho recente dos
trabalhadores é a mobilização social. “Os grandes movimentos que eclodiram no
Brasil, a população ocupando as ruas, toda a sociedade envolvida. Esse foi um
movimento muito importante, para além das outras questões, é sim um motivo de
comemoração dos trabalhadores, temos que continuar na rua pressionando patrões
e governos”, relembra ele, se referindo às manifestações de junho de 2013.
Francisco
de Assis, coordenador
geral do Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Universidade
Federal do Rio de Janeiro (Sintufrj) corrobora a ideia de Igayara. Com a
greve feita pelos funcionários em 2012, um acordo para aumento de 15%
foi negociado. Porém, só o resgate financeiro não é o suficiente "Nós
queremos a democratização da universidade, queremos que os terceirizados
possam exercer funções de confiança. Fizemos vários debates e o governo
não chegou a uma posição. Por isso paralisamos novamente", completa. O
Sintufrj fez um protesto no último dia 29, em frente a Candelária.
Suzana
Gutierrez, coordenadora do Sepe, diz que a paralisação é causada
justamente pela falta de posicionamento e cumprimento das promessas
governamentais " A principal dificuldade é
a intransigência do governo. Eles não recebem os representantes. Nada
foi cumprido", diz ela, referindo-se ao período após a greve de 2013.
"Uma série de melhorias nas condições de
trabalho, redução de quantitativo de alunos, melhoria para os
funcionários. Os profissionais têm uma remuneração ruim, os que têm
nível superior
recebem bem abaixo de profissionais com mesmo nível em outras áreas. E a
situação nas escolas é
absurda. Falta de tudo! Isso dificulta bastante o desenvolvimento do
processo
de ensino", completa.
"Outro problema fundamental é que a educação
tem uma verba carimbada, tanto a
prefeitura quanto o governo são obrigados a investir 25% do que
arrecadam. Esse
valor não é investido, a maior parte alega que não tem dinheiro, mas a
caixa
preta nunca é aberta. Eles não apresentam os números, não há
transparência", encerra. Os professores também realizam um ato no dia
1º, saindo da Fiocruz, na Avenida Brasil, até a entrada da Maré. Quanto a
uma possível paralisação ou greve, a Secretaria de Estado de Educação
declarou que lamenta tais atitudes, pois prejudica os alunos. Eles ainda
informaram que houve uma reunião entre o secretário e o Sepe na última
terça-feira (29) e informou aos sindicalistas que haverá reajuste com
aumento real este ano.
Os médicos federais estão em
greve desde fevereiro. Uma das reivindicações mais específicas da categoria é a
gratificação de desempenho que, para esses profissionais, é inferior ao que é
pago para todos os outros profissionais com nível superior. “Nós achamos que
essa situação absurda é uma retaliação que o governo federal fez por termos
contestado contra uma medida provisória que tinha como consequência a redução do
salário dos médicos, passando por cima do princípio constitucional da
irredutibilidade dos salários. Houve uma ampla repercussão e o governo teve que
recuar, mas ele concedeu essa gratificação inferior para os médicos”, denuncia
Jorge Darze, presidente do Sindicado dos Médicos do Rio (SinMed/RJ). Ele ainda
afirma que o próprio Ministério da Saúde admite que a situação está irregular,
mas ainda não apresentou soluções concretas.O Ministério da Saúde declarou que se mantém em diálogo permanente com a categoria.
Os profissionais da saúde,
através do Sindicato dos Trabalhadores em Saúde, Trabalho e Previdência Social
do Estado do Rio de Janeiro (Sindsprev-RJ), anunciaram que estão de volta à
greve. Eles iniciaram em fevereiro, pararam depois de promessas do governo e,
agora, retornam à paralisação, exigindo maior flexibilidade. Depois da greve,
as demandas aumentaram devido às ações governamentais “Queremos que o governo
reconheça que nenhum serviço essencial foi paralisado, que ele abrisse mão do
processo judicial que está em curso contra nós”, esclarece Cristiane Gerardo, diretora
do sindicato.
A categoria volta a reivindicar a permanência
das 30 horas semanais e da incorporação da tabela salarial do Instituto Nacional
do Seguro Social (INSS), pelo fim da privatização da saúde e melhores condições
de trabalho. “O trabalhador não tem nada pra comemorar, só tem motivo para
lutar: assedio moral, privatização dos serviços públicos. O maior motivo que o
trabalhador tem para lutar são os ataques que o governo está constantemente
fazendo. É no Dia do Trabalho que podemos mostrar a força para o governo”,
completa Cristiane. A categoria vai fazer uma manifestação em frente ao
Copacabana Palace no dia 1º de maio, com apoio do Sindicato dos Médicos. Contatado através do seu Núcleo Estadual
no Rio de Janeiro (Nerj), o Ministério não respondeu até o fechamento desta
matéria.
*Do Programa de Estágio do JB
Os professores da rede municipal de São Gonçalo estão paralisados há mais de um mês. Além deles, profissionais de Búzios, Caxias e Nova Friburgo estão em greve. Paralisações estão sendo feitas esporadicamente em Nilópolis, Nova Iguaçu e Cachoeiras de Macacu e Nova Friburgo está mobilizando. O Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Rio de Janeiro (Sepe) têm uma assembleia planejada para a próxima semana, também com indicativo de greve para a rede estadual e municipal do Rio. Servidores das principais universidades públicas da cidade também estão paralisados. Assim como os profissionais da saúde e os médicos, em greve desde fevereiro. Fora do Rio, A Polícia Militar de Salvador ficou em greve por três dias, até que um dos líderes da greve foi preso, numa situação em que em menos de uma semana, 59 pessoas foram vítimas de homicídio. A Polícia Federal fez uma paralisação e também indicou possibilidade de greve durante a Copa.
“O problema maior é quando os trabalhadores não conseguem fazer greve, isso demonstra a desmobilização dos sindicatos. Para nós esse é um cenário positivo. É hora de sentar e conversar”, completa o diretor da CUT, que trabalha como bancário há 35 anos e diz nunca ter conseguido fechar um acordo sem greve, na sua própria categoria. Para ele, o grande ganho recente dos trabalhadores é a mobilização social. “Os grandes movimentos que eclodiram no Brasil, a população ocupando as ruas, toda a sociedade envolvida. Esse foi um movimento muito importante, para além das outras questões, é sim um motivo de comemoração dos trabalhadores, temos que continuar na rua pressionando patrões e governos”, relembra ele, se referindo às manifestações de junho de 2013.
Francisco de Assis, coordenador geral do Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Sintufrj) corrobora a ideia de Igayara. Com a greve feita pelos funcionários em 2012, um acordo para aumento de 15% foi negociado. Porém, só o resgate financeiro não é o suficiente "Nós queremos a democratização da universidade, queremos que os terceirizados possam exercer funções de confiança. Fizemos vários debates e o governo não chegou a uma posição. Por isso paralisamos novamente", completa. O Sintufrj fez um protesto no último dia 29, em frente a Candelária.
Suzana Gutierrez, coordenadora do Sepe, diz que a paralisação é causada justamente pela falta de posicionamento e cumprimento das promessas governamentais " A principal dificuldade é a intransigência do governo. Eles não recebem os representantes. Nada foi cumprido", diz ela, referindo-se ao período após a greve de 2013. "Uma série de melhorias nas condições de trabalho, redução de quantitativo de alunos, melhoria para os funcionários. Os profissionais têm uma remuneração ruim, os que têm nível superior recebem bem abaixo de profissionais com mesmo nível em outras áreas. E a situação nas escolas é absurda. Falta de tudo! Isso dificulta bastante o desenvolvimento do processo de ensino", completa.
"Outro problema fundamental é que a educação tem uma verba carimbada, tanto a prefeitura quanto o governo são obrigados a investir 25% do que arrecadam. Esse valor não é investido, a maior parte alega que não tem dinheiro, mas a caixa preta nunca é aberta. Eles não apresentam os números, não há transparência", encerra. Os professores também realizam um ato no dia 1º, saindo da Fiocruz, na Avenida Brasil, até a entrada da Maré. Quanto a uma possível paralisação ou greve, a Secretaria de Estado de Educação declarou que lamenta tais atitudes, pois prejudica os alunos. Eles ainda informaram que houve uma reunião entre o secretário e o Sepe na última terça-feira (29) e informou aos sindicalistas que haverá reajuste com aumento real este ano.
Os médicos federais estão em greve desde fevereiro. Uma das reivindicações mais específicas da categoria é a gratificação de desempenho que, para esses profissionais, é inferior ao que é pago para todos os outros profissionais com nível superior. “Nós achamos que essa situação absurda é uma retaliação que o governo federal fez por termos contestado contra uma medida provisória que tinha como consequência a redução do salário dos médicos, passando por cima do princípio constitucional da irredutibilidade dos salários. Houve uma ampla repercussão e o governo teve que recuar, mas ele concedeu essa gratificação inferior para os médicos”, denuncia Jorge Darze, presidente do Sindicado dos Médicos do Rio (SinMed/RJ). Ele ainda afirma que o próprio Ministério da Saúde admite que a situação está irregular, mas ainda não apresentou soluções concretas.O Ministério da Saúde declarou que se mantém em diálogo permanente com a categoria.
Os profissionais da saúde, através do Sindicato dos Trabalhadores em Saúde, Trabalho e Previdência Social do Estado do Rio de Janeiro (Sindsprev-RJ), anunciaram que estão de volta à greve. Eles iniciaram em fevereiro, pararam depois de promessas do governo e, agora, retornam à paralisação, exigindo maior flexibilidade. Depois da greve, as demandas aumentaram devido às ações governamentais “Queremos que o governo reconheça que nenhum serviço essencial foi paralisado, que ele abrisse mão do processo judicial que está em curso contra nós”, esclarece Cristiane Gerardo, diretora do sindicato.
A categoria volta a reivindicar a permanência das 30 horas semanais e da incorporação da tabela salarial do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), pelo fim da privatização da saúde e melhores condições de trabalho. “O trabalhador não tem nada pra comemorar, só tem motivo para lutar: assedio moral, privatização dos serviços públicos. O maior motivo que o trabalhador tem para lutar são os ataques que o governo está constantemente fazendo. É no Dia do Trabalho que podemos mostrar a força para o governo”, completa Cristiane. A categoria vai fazer uma manifestação em frente ao Copacabana Palace no dia 1º de maio, com apoio do Sindicato dos Médicos. Contatado através do seu Núcleo Estadual no Rio de Janeiro (Nerj), o Ministério não respondeu até o fechamento desta matéria.
*Do Programa de Estágio do JB
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