Caminhada de 2 mil km partiu da Argentina e chegou ao Rio Grande do Sul.
Eles deixaram a barba crescer e só vão cortar se Inglaterra for eliminada.
Os
amigos Adam, Pete, David e Ben com o cachorro Jefferson, que se uniu a
eles na viagem (Foto: Arquivo pessoal/Walk to the World Cup)
Mais morenos, mais barbudos e mais magros, os ingleses Adam Burns, David Bewick e Pete Johnston, que estão fazendo uma caminhada de quase 2 mil km para assistir à Copa do Mundo, finalmente chegaram ao Brasil.
Quando a viagem começou, eram apenas Adam,
Pete e David (Foto: Arquivo pessoal/
Walk to the World Cup)
Na jornada de quase três meses com os pés (literalmente) na estrada,
eles atravessaram a Argentina e o Uruguai, ganharam mais dois
companheiros de viagem e enfrentaram até um jacaré.Pete e David (Foto: Arquivo pessoal/
Walk to the World Cup)
O projeto foi batizado de Walk to the World Cup (caminhada para a Copa do Mundo). Eles saíram de Mendoza, na Argentina, no dia 3 de março, passaram pelo Uruguai e cruzaram a fronteira no último dia 16. Do Chuí (RS), andaram até Santa Vitória do Palmar, depois até a Praia do Cassino e no momento estão na cidade de Cristal.
A ideia é percorrer os 295 km que faltam até Porto Alegre até o dia 8 de junho, e chegar ao Estádio Beira Rio, onde serão realizados os jogos da Copa na cidade gaúcha, na tarde desse dia. “Esperamos que a população de Porto Alegre venha torcer por nós enquanto andamos nossos últimos quilômetros”, disse Adam ao G1.
Cachorro leal
O cachorro Jefferson; eles buscam um lar para o animal em Porto Alegre (Foto: Arquivo pessoal/Walk to the World Cup)
A chegada de um dos novos companheiros ao grupo já estava prevista.
Amigo do trio, o também inglês Ben Olsen uniu-se à viagem a partir de
Buenos Aires.Já o segundo novo membro chegou por acaso. Trata-se de Jefferson Ramsey Moore, um cachorro de rua uruguaio que recebeu esses dois “sobrenomes” em homenagem aos lendários Alf Ramsey e Bobby Moore, respectivamente técnico e capitão do time da Inglaterra campeã do mundo em 1966.
David conta que o grupo estava caminhando pela costa do Uruguai quando um “cachorro de rua fedorento” começou a segui-los. “Isso não era incomum. Já houve vários cachorros nos seguindo por um quilômetro ou dois. Mas quando vimos que ele ainda estava com a gente depois de 30 km, percebemos que esse era diferente”, diz o rapaz.
Jefferson, que ganhou até sua própria “camisa da Inglaterra” para poder se vestir como os amigos, já caminhou mais de 400 km com eles. Os jovens calculam que o cão tenha ao menos dez anos de idade. “Para um cachorro idoso, ele está se saindo incrivelmente bem. Normalmente ele lidera o grupo”, diz Ben. “É ele que levanta a nossa moral diariamente”, completa.
Ao ver que seria difícil levar o cão com eles para o outro lado do oceano, os amigos iniciaram uma campanha para encontrar um novo lar para o animal em Porto Alegre. Já existe uma possível candidata, mas eles dizem que ainda estão recebendo propostas. “Estamos abertos a outras ofertas se alguém puder oferecer a ele um bom lar. Não sairemos de Porto Alegre até encontrarmos uma nova casa para ele”, promete Pete.
Ingressos na mão
Os viajantes na jornada de quase 2 mil km (Foto: Arquivo pessoal/Walk to the World Cup)
No início da aventura, Adam, David, Pete e Ben não tinham ingressos
para nenhum jogo da Copa. Agora, eles já conseguiram comprar bilhetes
para Inglaterra x Itália, em Manaus, e Inglaterra x Costa Rica, em Belo
Horizonte. Nas duas cidades, moradores que ficaram sabendo da viagem
oferecem lugar para que eles se hospedem gratuitamente. “A generosidade
dos brasileiros tem sido incrível”, elogia Ben.Eles esperam, aliás, que o resultado dessa partida repita o de uma pelada que aconteceu entre eles e alguns uruguaios em Montevidéu. “Ganhamos deles e esperamos que isso seja um presságio para o jogo entre Uruguai e Inglaterra”, brinca Adam. A experiência, em um campo em frente à praia, está entre algumas das lembranças mais marcantes da viagem.
Outro momento marcante – mas não tão agradável – aconteceu durante uma parada na Estação Ecológica do Taim, no Rio Grande do Sul. O dia escureceu antes do que o grupo esperava e eles acabaram tendo que acampar perto de um rio. "Aprendemos depois que lá dentro tinha jacarés", conta Ben. "No dia seguinte, vimos um jacaré a cerca de 50 metros do acampamento. Foi extremamente assustador”, diz.
25 kg a menos e barba no rosto
Dave,
Ben, Adam e Pete com as barbas crescidas; eles prometem não fazre a
barba enquanto a Inglaterra não for eliminada da Copa (Foto: Arquivo
pessoal/Walk to the World Cup)
Depois de alguns dias em Porto Alegre, os quatro amigos irão de avião
para o Rio de Janeiro. De lá, partem para Manaus e depois para Belo
Horizonte, onde assistirão aos jogos da Copa, e depois voltam para o
Rio, onde ficarão baseados durante o restante do Mundial. Eles planejam
também ir a Curitiba em algum momento da viagem.Depois que o torneio acabar, a ideia é ir para o interior da Bahia, onde está sendo construído um poço de água que eles estão ajudando a financiar com doações. Até agora, o grupo arrecadou, pela internet, cerca de 7.700 libras -- 38% das 20 mil libras que pretendem conseguir até o fim da viagem.
De tanto caminhar, o grupo já perdeu, ao todo, 25 kg. Eles também deixaram a barba crescer, e prometem não cortá-la enquanto a Inglaterra não for eliminada da Copa. “Talvez a gente vá barbudo para a final”, diz Dave, para quem a viagem tem sido “incrível”. “Vamos lembrar dela pela resto da vida e contar todas as histórias para os nossos netos”, afirma.
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