Cliente ganha desconto se passar por oftamologistas indicados por lojas.
Prática, que é proibida por lei, foi vista em óticas do Centro e Zona Oeste.
Com uma câmera escondida, a reportagem visitou dez óticas espalhadas pela região do Centro e na Zona Oeste da capital paulista. A maioria dos estabelecimentos visitados não respeita o código do consumidor e oferece preços mais baixos para quem aceitar também a consulta médica.
Em uma das óticas, um funcionário explica como funciona o esquema: “Lá [no consultório], você não paga. Eu te dou uma senha. Você vai deixar um sinal aqui. Ele te faz o exame e você vem com o exame de volta aqui pra escolher os óculos. Esse sinal que você me dá é descontado no preço dos óculos”. O atendente confirma que o médico tem parceria com a loja e tranquiliza a repórter: “Não tem nenhum roubo, não”.
Além do código de defesa do consumidor, existem leis específicas para o comércio de artigos de óticas. Uma delas, criada em 1934, proíbe que as lojas façam a distribuição de vales, cartões ou consultas grátis ou com descontos.
Para Luis Alberto Alves, diretor do Sindióptica, sindicato que representa a categoria, a prática põe em risco a saúde dos clientes: “A visão do paciente pode estar em perigo. Uma casa comercial pode vir a indicar produtos que não são adequados ou necessários e isso pode prejudicar a saúde”.
De acordo com Alves, o Conselho Federal de Medicina, em seu Código de Ética, “proíbe claramente esse tipo de relação entre os estabelecimentos de vendas de óculos e os médicos oftalmologistas”, completou.
Procurado pela reportagem, o Conselho Regional de Medicina de São Paulo informou que se for confirmada a relação entre um médico e uma loja, o oftalmologista pode receber punições que vão desde uma infração ética até a cassação do exercício da função.
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