Silvana Hetzl criou 3 peças e está na final de concurso internacional.
Inspiração partiu do voo da libélula e das dificuldades da deficiente física.
Estilista e modelo no concurso de Moda Inclusiva
em São Paulo (Foto: Silvana Hetzl/ Arquivo Pessoal)
“As muletas são como asas para quem tem uma perna”, define a estilista de Americana
(SP) Silvana Hetzl, de 26 anos, sobre o desenvolvimento de um look com
três peças para uma modelo deficiente sem uma perna. O projeto, que
entre os destaques desenvolveu a adaptação de um shorts e transformou a
muleta em acessório, ficou entre os 20 finalistas do 5º Concurso de Moda
Inclusiva Internacional, realizado pela Secretaria de Estado dos
Direitos da Pessoa com Deficiência de São Paulo.em São Paulo (Foto: Silvana Hetzl/ Arquivo Pessoal)
A ideia da trajetória da libélula até o bater das asas foi norteadora no processo de criação da finalista, que encontrou funcionalidade para as peças. “Assim como a pessoa que usa a muletas como sustentação para se locomover, a libélula usa as asas para contornar o desafio de lidar com as seis pernas que não tem desenvoltura em usá-las”, afirma Silvana.
Detalhes
Os desenhos dos traços sutis das asas se tornaram os pespontados quadriculados que detalham o conjunto. O formato da abertura delicada das costas inseto também definiu a escolha da gola do colete e pelo estilo envelope do shorts com as pontas arredondadas. A cor amarela pequi escolhida para o conjunto está associada às inspirações da natureza, de acordo com a estilista.
A criação do croqui foi feita em 15 dias e depois da aprovação da primeira seleção as roupas foram confeccionadas em um mês. O concurso envolveu a participação de projetos de estudantes, técnicos e profissionais formados na área dos estados de São Paulo, Espírito Santo, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Rio de Janeiro, Distrito Federal e de uma estudante da Índia.
Primeiros passos
Silvana conta que encarou as queixas da modelo como desafio e desenvolveu uma modelagem com revestimentos específicos. “No armário de quem tem uma única peça, o shorts muitas vezes é desprezado por causa da estética e do desconforto. Pensei em amenizar algumas dificuldades, mas o principal foco foi a criatividade no estilo”, explica. Com isso, para proporcionar a facilidade em vestir a peça foi feita uma abertura completa na perna oposta à deficiente e também a utilização de botões de pressão para maior facilidade e autonomia no manuseio para vestir.
Apesar de conviver com pessoas com deficiência desde a infância, a estilista revela que foi a primeira vez que produziu vestimentas voltadas para a moda inclusiva. Formada em Moda pela Unisal (Centro Universitário Salesiano) em 2007, a estilista afirma que o concurso abriu oportunidade de crescer profissionalmente. “Acredito que a moda ainda tem que evoluir muito. O evento é válido para ajudar a pensar nesta necessidade. Apesar de despertar muitas ideias, os projetos envolvem investimento e isso muitas vezes acaba criando entraves no mercado ou abrindo novas possibilidades”, disse.
Croqui do projeto desenvolvido pela estilista Silvana Hetzl de Americana (Foto: Arquivo pessoal/ Silvana Hetzl)
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