Serviço de QR Code vai ser inaugurado no sábado (2), em Curitiba.
'Achei brilhante', diz neto que disponibilizou informações sobre o avô.
A
partir deste sábado (2), os lóculos (compartimentos em que as cinzas
são depositadas) vão conter QR Codes (Foto: Mylena Cooper / Crematório
Vaticano)
O Crematório Vaticano investiu R$ 20 mil para implantar a ferramenta.
Por enquanto, apenas os lóculos da Capela Vaticano, na capital
paranaense, disponibilizarão a tecnologia. A previsão é de que, até
2014, o sistema seja implementado no Crematório de Balneário Camboriú, no litoral de Santa Catarina.Cerca de 200 famílias já aderiram à homenagem tecnológica, de acordo com a diretora do Crematório Vaticano, Mylena Cooper. O serviço é gratuito para os parentes que desejarem aplicar o QR Code nos lóculos dos entes falecidos, cujas cinzas estão guardadas na "Sala de Memórias" do crematório.
“As informações contidas na página da pessoa [dentro do blog] não falam sobre a morte, apenas sobre a personalidade e os hobbies da pessoa, somente as boas lembranças”, explica Mylena. Segundo a diretora, o crematório é o primeiro do mundo a disponibilizar a tecnologia nos lóculos. “No Japão, já lançaram o QR Code em um cemitério. Mas em um crematório é inédito”, garante.
“Eu não tenho ideia de quem foi meu tataravô, mas tenho certeza de que meus tataranetos terão acesso a informações a meu respeito – na internet é eterno. Eles vão saber minha história e meus gostos. A ideia é eternizar e homenagear a pessoa que se foi. A família vai poder compartilhar no Facebook, os amigos vão poder curtir. Esse desabafo na rede social é uma forma de fazer uma homenagem para a pessoa falecida, fora o próprio processo de luto que está sendo beneficiado”, diz Mylena.
Os textos que contam a história dos mortos são escritos por uma equipe composta por jornalistas e um psicólogo especializado em luto juntamente com as famílias que, depois de aprovarem o conteúdo, assinam uma autorização para a divulgação das informações na internet.
'Achei brilhante'
O universitário Kaike Siqueira, de 19 anos, aderiu ao serviço para homenagear o avô Carlos Roberto Siqueira, que morreu em 2011. Ele conta que o fato de informações sobre o avô ficarem disponíveis para outras pessoas não o incomoda, pelo contrário, o agrada. “Foi uma pessoa que todo mundo gostava. Por onde ele passava fazia amizades. Falo com orgulho de quem ele foi e de como ele foi. Fico gratificado de saber que as pessoas vão saber como meu avô era”, afirma.
A ideia da homenagem tecnológica partiu do estudante. Apesar de a família não ter ajudado na elaboração do conteúdo, ele garante que todos gostaram da iniciativa. “Achei brilhante homenagear meu avô desse jeito. É uma forma de lembrar das coisas boas que ele fez e transmitiu com o seu jeito de ser”.
“Cada um tem seu herói, e eu tive o meu. Vive com ele por 38 anos e, infelizmente, ele partiu. Quero que as pessoas saibam quem ele foi. É importante para mim saber que a memória dele está viva. Se ninguém contar a história dele, ninguém vai saber. Acho importante esse registro para a gente [família e amigos] e para quem ainda vai vir [parentes que nascerão no futuro]”, explica Ferreira.
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