MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Sem emprego, pais sustentam famílias recolhendo lixo no Amapá


Alumínio, pedaços de madeira e até alimentos são retirados do lixão.
Pais conseguem entre R$ 200 e R$ 400 por mês com reciclados.

Abinoan Santiago Do G1 AP

Aguinaldo trabalha na lixeira pública com 5 filhos e a esposa (Foto: Abinoan Santiago/G1)Moraes e a família em lixão no Amapá (Foto: Abinoan Santiago/G1)
Aguinaldo Moraes, 52 anos, é um dos 51 catadores da lixeira pública de Santana, a 17 quilômetros de Macapá, que consegue sustentar a família recolhendo materiais do lixão. Ele trabalha no local há 9 anos com a esposa e mais 5 filhos.
Tratado como 'paizão' pelos filhos, Moraes consegue R$ 100 por semana catando pedaços de madeira e alumínio na lixeira pública. “É melhor conseguir nosso dinheirinho dessa forma honesta do que roubar ou matar”, afirma. "Minhas filhas que começaram a recolher lixo primeiro. Mas não acho ruim porque cada um seguiu o seu caminho, sem ir para o lado errado”, diz.
Moraes mora na mesma casa com outras 14 pessoas, entre filhos, netos, genros e noras. "Lá em casa, cada um ajuda como pode na despesa. Somos bastante unidos e assim levamos a vida", afirma.
Carapirá Aguinaldo Moraes consegue R$ 100 por semana com o trabalho na lixeira pública (Foto: Abinoan Santiago/G1) Moraes consegue R$ 100 por semana com o
trabalho na lixeira pública
(Foto: Abinoan Santiago/G1)
O catador, assim como outros que trabalham na lixeira pública de Santana, optou pelo lixão após ficar desempregado. Ele, por exemplo, veio de Afuá, no Pará, e se viu obrigado a procurar uma fonte de renda.
“Eu levo o pão para casa trabalhando aqui, recolhendo lixo, alumínio e madeira para fazer carvão”, descreveu Aguinaldo.
Ailda Nazaré, 27 anos, é uma das filhas que trabalha no lixão. Ela foi a primeira da família a ir para a lixeira pública, empurrada pela falta de oportunidades no mercado de trabalho. “Como não tinha de onde tirar dinheiro, o único jeito foi viver daqui”, resumiu a mulher, que concluiu apenas a 1ª série do ensino fundamental e desde os 17 anos trabalha na lixeira pública.
Mesmo sob condições precárias de trabalho, sem a utilização de luvas ou roupas adequadas, Moraes não se vê em outro lugar. “Antes de chegar aqui, eu mexia com madeira no Afuá e era muito difícil porque eu trabalhava muito para ganhar pouco. Aqui na lixeira é diferente.”
Após horas de trabalho, familiares de Aguinaldo descasam debaixo de somba no lixão (Foto: Abinoan Santiago/G1)Após horas de trabalho, familiares de Aguinaldo descansam debaixo de somba no lixão (Foto: Abinoan Santiago/G1)
Por dia, cerca de 320 toneladas são despejadas na lixeira pública. O local também virou fonte de renda para Antônio Carlos, 38 anos. Mas diferente de Aguinaldo, ele não deixa os filhos irem para o lixão.
Antônio Carlos tem 3 filhas, de 11, 14 e 15 anos. Todas estudam e, apesar de morarem em um bairro que fica atrás do lixão, o Jardim de Deus, não trabalham. “Eu não deixo as minhas filhas virem para cá porque é ruim para elas, e todas vão para escola para ter um futuro melhor que o meu”, afirma.
O catador relata que as filhas não reclamam de seu trabalho. “Elas dizem que é melhor eu vir para cá do que procurar outro caminho, porque mesmo trabalhando na lixeira, não falta comida em casa, o que é o mais importante”.
Carapirá Antônio Carlos aproveita alguns alimentos despejados na lixeira pública (Foto: Abinoan Santiago/G1) Antônio Carlos aproveita alguns alimentos despejados na lixeira pública (Foto: Abinoan Santiago/G1)
Antônio recolhe lixo, ferro e alguns restos de comida para levar para casa. O catador começou a trabalhar na lixeira pública há 10 anos após ficar desempregado por causa do encerramento da atividade mineradora no município de Serra do Navio.
“Mandaram o pessoal embora. Eu fui demitido e, como não tinha emprego para sustentar minhas filhas, assim eu vim para a lixeira”, disse. Ele afirma que consegue R$ 200 mensais com o que recolhe de segunda-feira a sábado no lixão.

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