MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Cerâmicas do Poti Velho atribuem identidade ao artesanato de Teresina


Polo comercial conta com 23 lojas apresentando variedade de peças.
Trabalho é desenvolvido por artesãos do bairro desde a década de 70.

Patrícia Andrade Do G1 PI

Teresina Heade (Foto: Adelmo Paixão/G1)
O bairro Poti Velho, local onde iniciou o processo de instalação da cidade de Teresina, guarda um dos maiores patrimônios imaterial cultural da capital piauiense. É no Polo Cerâmico do Poti Velho que está a maior expressão do artesanato de Teresina: as cerâmicas. Por lá, várias famílias se dedicam a uma tradição que teve início ainda na década de 70.
Ao longo dos anos os artesãos foram aprimorando as técnicas para trabalhar as cerâmicas (Foto: Patrícia Andrade/G1)Ao longo dos anos os artesãos do Poti Velho foram aprimorando as técnicas (Foto: Patrícia Andrade/G1)
Da argila, que é extraída de uma lagoa próxima, os artesãos soltam a criatividade na produção de mandalas, jarros, esculturas, objetos de decoração para jardins, aparelhos de jantar e até joias que são vendidas para vários estados do Brasil e países do exterior.
A antiga vila de pescadores deu lugar ao Centro Comercial que abriga hoje 23 lojas. A produção, que antes era apenas de tijolos, é diária e o trabalho começa por volta das 5h com a extração da argila e o seu preparo até ser levada ao torno (aparelho onde as peças são modeladas).
Francisco Leite, há mais de 30 anos se dedica ao artesanato com cerâmicas (Foto: Patrícia Andrade/G1)Francisco Leite, há mais de 30 anos se dedica ao
artesanato com cerâmicas (Foto: Patrícia Andrade/G1)
O artesão Francisco Leite da Silva, há mais de 30 anos trabalha com as cerâmicas. Ainda adolescente, ele aprendeu a técnica com Raimundo Nonato da Paz, conhecido por Raimundo Camburão, um dos pioneiros e responsável por instalar o primeiro torno artesanal e começar a fabricação de potes, jarros e filtros de cerâmica no bairro Poti Velho.
“Foi com ele que eu aprendi. Naquela época, a gente usava uma pedra para dar acabamento às peças. Trabalhei durante dois anos com carteira assinada, mas foi aqui que me realizei e é de onde eu tiro o sustento da família”, conta o artesão.
A produção no barracão administrado por Francisco Leite não para. Dependendo da peça, o trabalho só é finalizado após duas semanas. Ele conta com ajuda de mais três pessoas no barracão e um deles é o filho, Jhone Silva, 24 anos, responsável por dar o acabamento às cerâmicas. Desde cedo ele acompanha o ofício do pai e hoje divide o trabalho que para eles é gratificante.
Polo Cerâmico oferece uma grande variedade de peças para decoração (Foto: Patrícia Andrade/G1)Polo Cerâmico oferece uma grande variedade de peças para decoração (Foto: Patrícia Andrade/G1)
Dos mais simples jarros aos tradicionais filtros de barro, os artesãos do Poti Velho foram aperfeiçoando a técnica tradicional e hoje já confeccionam peças que imprimem a identidade local. Basta dar uma volta pelas lojas do Polo Cerâmico para ver que as peças ganharam requinte, mas continuam com os traços que representam a cultura dos pescadores, lavadeiras ou ainda o lendário Cabeça-de Cuia.
Maria de Jesus é responsável pelo acabamento das peças que produz em parceria com a mãe (Foto: Patrícia Andrade/G1)Maria de Jesus é responsável pelo acabamento das
peças que produz em parceria com a mãe
(Foto: Patrícia Andrade/G1)
Maria de Jesus, 32 anos, é outra artesã do Poti Velho que tem a sua história misturada a cerâmica do Poti. Sua rotina começa por volta das 8h, quando ela pega as peças ainda brutas e com seus pincéis e tintas vai dando as cores que cada modelo pede.
“É um trabalho que também funciona como terapia. Aqui a gente vai se envolvendo e soltando a criatividade conforme pede o estilo de cada peça”, diz a artesã que divide o ofício no barracão com a mãe e mais três funcionários.
Do Piauí para os Estados Unidos
A beleza do artesanato do Poti Velho ganhou repercussão internacional durante a exposição Mulher Artesã Brasileira, em Nova Iorque nos Estados Unidos. No próximo mês, as peças saem mais uma vez do Piauí para participar da mostra.
Os artesãos estão organizados pela Cooperativa de Artesanato do Poti Velho (Cooperart Poti). Mensalmente são produzidas cerca de 1.800 peças. Desde 1999, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas no Piauí (Sebrae) realiza diversas capacitações para a cooperativa como cursos e consultorias em gestão, produção, design, além da promoção de eventos.
Raimunda Teixeira, presidente da Cooperart diz que peças são conhecidas por todo o mundo (Foto: Patrícia Andrade/G1)Raimunda Teixeira, presidente da Cooperart diz que peças são conhecidas por todo o mundo (Foto: Patrícia Andrade/G1)
Apesar da participação na mostra dos Estados Unidos, Raimunda Teixeira, presidente da Cooperat Poti, diz que a produção do Poti Velho ainda não acontece em larga escala e não atende o comércio internacional.
“Nosso trabalho ainda é muito artesanal, o que não implica na beleza e identidade própria das peças. O mercado internacional é muito exigente e nós não trabalhamos em larga escala para atender o segmento industrializado. No entanto, nossas peças são compradas por estrangeiros de países como Espanha e Itália, além de compradores de diversos estados do Brasil”, diz Raimunda.
Serviço:
Polo Cerâmico do Poti Velho
Onde: Rua Desembargador Flávio Furtado, próximo ao Parque Encontro dos Rios, no Bairro Poti Velho, Zona Norte de Teresina - PI.
Horário: 8h às 17h30

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