MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

'Às vezes faltava comida', diz avó de menina que dividia merenda escolar


Após denúncia, criança foi recolhida pelo Conselho Tutelar, em Curitiba.
Prefeitura informou que a família é atendida pela FAS desde 2003.

Adriana Justi Do G1 PR

"Às vezes faltava comida", afirma Sebastiana Teixeira, avó da menina de sete anos que guardava parte da merenda escolar para levar para casa. A criança mora com ela e com o avô desde os quatro anos de idade, no bairro Pinheirinho, em Curitiba. A professora da Escola Municipal Piratini, onde a menina estuda, Cristiani Kusky, explicou que a aluna ia para a escola debilitada porque além de não se alimentar em casa, não comia todo o lanche na escola. "Mesmo percebendo que ela estava com fome, a gente a via guardando uma bolacha aqui, outra ali ", disse. Os professores relataram o caso ao Conselho Tutelar e a menina foi recolhida na sexta-feira (10).
A idosa contou que cuida da neta a pedido do pai da menina. "Ela sempre foi muito amorosa. Qualquer coisa que ganhava, trazia um pedacinho para nós. Na escola, ela procurava não comer quase nada e trazia pra nós. Eu cuido dela porque eles [os pais] queriam trabalhar e ter a vida deles", explica a idosa, de 65 anos.
Sebastiana contou ainda que vive da aposentadoria do marido, de 78 anos, mas que parte do salário mínimo é utilizado para a compra de remédios. "Ele recebe um salário mínimo, mas às vezes falta comida, sim. E sempre quando falta, a gente arruma alguma coisa. Já recebemos cestas básicas da Rua da Cidadania", conta Sebastiana. Ela disse que o marido costumava levar a menina para a escola todos os dias e que os dois lamentam o acolhimento. "Eu já fiz o que pude pela minha neta, mas, hoje, por causa de problemas de saúde, eu já não posso fazer muito", relata.
A educadora Cristiani relatou também que e a criança chorou muito ao ser levada pelo Conselho Tutelar. "Os professores e os alunos também se comoveram muito com a situação porque nós já tínhamos feito várias campanhas para tentar ajudar a família com roupas e alimentos. E o que me partiu o coração foi quando ouvi o avô dizer que não era contra o acolhimento, mas que queria que eles o acolhessem  também".
A mãe da estudante, Sônia Menezes, disse que costumava visitar a filha aos domingos. "A minha filha sempre quis morar comigo, mas o pai dela nunca deixou, queria que ela ficasse com os avós mesmo. Mas eles não têm mais idade para cuidar de uma menina de sete anos".
"Ela não tinha, sequer, roupa limpa para usar. Quando ela vinha aqui, queria tomar três (...) quatro banhos porque lá [na casa dos avós] ninguém dava banho nela. Além disso, lá ela não tinha nem uma cama decente para dormir. Costumava dormir em um colchão no chão. E agora que ela foi levada para o Conselho, eu estou desesperada, eu não sei o que fazer para tirar ela de lá", argumenta a mãe.
Sônia contou que pretende pedir a guarda provisória da menina, mas que não fez isso ainda por causa da "burocracia". "É muito documento pra ver, mas eu estou agilizando isso. Quero que ela volte a conviver comigo o quanto antes".
Nota da Prefeitura
A Prefeitura Municipal de Curitiba informou que a família é atendida pela Fundação de Ação Social (FAS) de Curitiba desde 2003, tanto com cestas básicas como com outros serviços. Entre eles está o Vale-Vovó, que corresponde a R$ 70 mensais. O valor, segundo o órgão, pode ser trocado por alimentos nos Armazéns da Família.
A nota diz ainda que o recolhimento da menina ao Conselho Tutelar não tem ligação com a merenda, mas sim com outras circunstâncias que, por obrigação de respeito à intimidade da família e pelo que determina o Estatuto da Criança e do Adolescente, estão sob sigilo. Segundo a nota, o Ministério Público (MP) investiga o caso.
Doações
A Prefeitura afirmou, por meio da assessoria de imprensa, que como a família já recebe assistência não precisaria de doações. No entanto, quem quiser ajudar pode procurar a Rua da Cidadania do Bairro Pinheirinho, em Curitiba.

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