MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

quarta-feira, 6 de março de 2013

Desembargadora do Acre já foi diarista e garçonete no exterior


A desembargadora é a primeira mulher a presidir a Câmara Criminal.
Sem clientes como advogada, ela foi ser empregada doméstica no exterior.

Veriana Ribeiro Do G1 AC

Denise Bonfim é considerada a primeira presidente da Câmara Criminal do TJAC (Foto: Veriana Ribeiro/G1)Denise Bonfim é apaixonada pela área criminal, onde atua há 15 anos, e preside a Câmara Criminal do
TJ/AC (Foto: Veriana Ribeiro / G1)
Há dois meses como presidente da Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Acre, a desembargadora Denise Bonfim é considerada pela casa como a primeira mulher a exercer oficialmente este cargo. Mas antes de entrar para a magistratura acreana, a desembargadora já foi empregada doméstica no exterior.
Denise Bonfim nasceu em Rio Branco em 1965. Quando a mãe se aposentou, foi morar no Espírito Santo com a família, onde se formou aos 19 anos em direito em uma faculdade particular, ao mesmo tempo em que cursava Letras/Inglês na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes).
Recém formada, ela montou um escritório de advocacia, onde não teve muito sucesso. "A gente tinha poucos clientes e, no final, minha mãe que estava pagando a sala", lembra a desembargadora.
Foi nessa época que uma amiga, que morava na Flórida, conseguiu um emprego como empregada doméstica nos Estados Unidos. "Como eu fazia letras Inglês foi fácil conseguir o visto", disse
Com poucos clientes em sua firma de advocacia, ela foi empregada doméstica por mais de quatro anos no exterior (Foto: Veriana Ribeiro/G1)Com poucos clientes ela foi empregada doméstica
por mais de quatro anos no exterior.
(Foto: Veriana Ribeiro / G1)
Por mais de três anos ela morou nos EUA, trabalhando como empregada doméstica durante o dia e em um restaurante durante a noite. Já casada com um brasileiro, ela não conseguia visto para o cônjugue.
Foi quando sua chefe pediu para que fosse para a Europa. "Eles tinham uma casa em Londres, e estava faltando caseiro", lembra.
Na época, não era necessário visto para viajar para Portugal, então a atual desembargadora e o marido decidiram que iriam se encontrar no país, para depois irem para Londres. Só que o irmão mais novo de Denise, que tinha uma bolsa estudantil na Europa, estava passando por necessidades e ela precisou ficar em Portugal para ajudá-lo.
Após um ano trabalhando como diarista e garçonete no país, Denise voltou para o Brasil. Decidiu então estudar para um concurso de magistrado no Acre. "Meu marido ficou trabalhando com a irmã dele, entregando marmitex, enquanto eu passei dois anos estudando para esse concurso", relembra.
O concurso demorou para ocorrer, enquanto isso ela conseguiu um emprego como assessora da Câmara Civil em Rio Branco. "Fiquei um ano e dois meses trabalhando, quando fiz o concurso e passei em segundo lugar", diz.
Assim que tomou posse foi trabalhar na comarca de Sena Madureira e depois na 2ª Vara Criminal da Comarca de Rio Branco, onde trabalhou por 15 anos até ser empossada desembargadora.
Mulher da Lei
A desembargadora acredita que é um desafio ser a primeira mulher a dirigir oficialmente a Câmara Criminal. "Por ser mulher, temos que nos impor diante de um cargo, que a princípio só teve homens. Mas se você trabalha direito, observando as regras, não tem porque temer", comenta ela. "Os meus colegas que compõe a Câmara me dão total apoio", acrescenta.
Denise afirma que sempre soube que não iria advogar. Sua vocação no direito sempre foi a magistratura. "Não me vejo fazendo outra coisa do que aplicar o direito ao caso concreto", afirma.
"Não me vejo fazendo outra coisa do que aplicar o direito" 
Denise Bonfim, desembargadora.
Para ela, lidar com casos penais como latrocínio, estupro e outros, só é possível quando se tenta entender o motivo pelo qual eles aconteceram. "Aí vem o aspecto social, então isso deixa a gente um pouco frustrado porque sabe que de um modo geral, a pobreza leva a pessoa a não ter uma família estruturada e leva ao crime", comenta. 
Ela lembra que sempre quis explicar para os réus o motivo da pena quando trabalhava na Vara Criminal.  "O juiz entrega a sentença e publica na mão do escrivão, eu não, eu chamava o réu, sentava do lado dele e explicava", diz.
"Tinha colega meu que dizia que eu era louca por ficar explicando, mas eu me sentia na obrigação de explicar pra eles, pra família, e pedir para eles mudarem o comportamento", afirma.
Como desembargadora, ela precisa lidar com outros tipos de casos, mas fica feliz por estar presidindo a Câmara Criminal.  "Eu me apaixonei pela área criminal", sentencia Denise.

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