BLOG ORLANDO TAMBOSI
Até aqui, não se viu declaração de Boulos apontando que seus apoiadores passaram de todos os limites ao agredirem um menor de idade. Guilherme Macalossi para a Gazeta do Povo:
“Boulos,
você que defende democracia, por que defende ditaduras como Cuba?”,
perguntou o jovem Pedro Arthur, integrante do MBL, a Guilherme Boulos. O
líder de esquerda foi abordado em meio a um ato de sua campanha
eleitoral na Avenida Paulista. Como resposta o rapaz de 15 anos levou
uma série de empurrões e bordoadas dos militantes que cercavam o
candidato. Por pouco não acabou espancado. Está tudo registrado em fotos
e vídeos, mas há ainda quem queira transformar vítima em responsável,
como se ele fosse merecedor dos socos recebidos. Vai ver os militantes
do PSOL batem, mas em nome do amor.
Por
certo, a ação de Pedro Arthur pode ser considerada precipitada e, em
certa medida, até provocativa. Mas não há justificativa para a forma
como se deu a reação dos militantes do PSOL. Sua pergunta, afinal, é
legítima e foi feita de forma pacífica. O perfil ideológico do agressor
não concede a ele licença para a prática de violência política.
Desde
domingo, muitos sedizentes defensores da moderação, do diálogo e da
civilidade passaram a relativizar o ocorrido. E daí cabe perguntar:
modulam a postura de cobrança a depender dos envolvidos? Fosse o
contrário, com um militante do PSOL a ser atacado por integrantes do MBL
ou até mesmo bolsonaristas, diriam o que?
Em
meados de agosto, Boulos foi um dos que denunciaram a conduta de Jair
Bolsonaro e seus seguranças contra um cidadão que fazia perguntas
inconvenientes na frente do Palácio da Alvorada. Na ocasião, o
presidente tentou tomar o celular do youtuber Wilker Leão, que depois
levou vários empurrões dos agentes do GSI. Em seu Twitter escreveu:
“ABSURDO! Bolsonaro agride homem que o abordou. O miliciano passou de
todos os limites!”.
Até
aqui, não se viu declaração de Boulos apontando que seus apoiadores
passaram de todos os limites ao agredirem um menor de idade. Nenhuma
palavra de censura, nenhuma preocupação com o estado de saúde do rapaz.
Só se viu vitimismo e uma patética tentativa de transformar a coisa numa
perseguição de extrema direita, inclusive com a participação de
policiais militares supostamente bolsonaristas.
O
radicalismo não é monopólio de nenhum grupo político. Ou o cinegrafista
Santiago Andrade não teria morrido alvejado por um rojão disparado por
black blocs em 2014. O compromisso na luta contra a violência política
precisa ser de amplo espectro, e não circunscrito a denunciar
integrantes de correntes ideológicas antagônicas, sob pena de não passar
de hipocrisia e duplo padrão moral.
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