O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, evitou ontem comentar quão "suficientemente prolongada" deve ser a manutenção da Selic
Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil
Por Thaís Barcellos e Eduardo Rodrigues
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, evitou ontem
comentar quão "suficientemente prolongada" deve ser a manutenção da
Selic em níveis elevados para se que chegue às metas de inflação. "Vai
depender de como o processo inflacionário se desenvolve. Não temos como
quantificar o que suficientemente prolongado. Deixamos claro que existem
riscos para as projeções, que estamos vigilantes e que podemos
inclusive voltar a subir os juros", respondeu.
Disse ainda que a
possibilidade de retomada da alta dos juros não depende de apenas um
fator, mas de um conjunto de variáveis. "Não tomamos atitudes ligadas a
apenas uma variável. Falamos e temos uma preocupação com a inflação de
serviços. Tem um tema que ocorre em todo o mundo que é uma mudança
estrutural de mão de obra. É um conjunto de fatores", repetiu.
Ele esclareceu ainda que o Comitê de Política Monetária (Copom) considera como "redor da meta" um intervalo entre 0,2 e 0,3 ponto porcentual para cima ou para baixo.
O presidente do Banco Central ainda minimizou a decisão dividida da última reunião do Copom. Ele argumentou que o voto dissidente de dois diretores era por uma alta residual de apenas 0,25 ponto porcentual.
"Não foi uma diferença muito grande. O principal debate era se os 0,25 p.p, (adicionais) fortalecia a mensagem ou não. Entendemos que não fazia tanta diferente, mas alguns membros entenderam que como mensagem era importante. Alguns membros achavam que alguns componentes inflacionários podiam ter impactos mais persistentes", detalhou Campos Neto.
Questionado se o Copom pretende deixar mais transparente no futuro o posicionamento de cada membro do colegiado, respondeu que ao longo do tempo deve haver um processo para que o mercado olhe mais as opiniões individuais de cada diretor. "Não entendemos que o dissenso é usado para mensagem, mas, sim, para refletir de fato o que aconteceu na reunião", concluiu.
O presidente do Banco Central repetiu que as diferenças de projeções entre o BC e o mercado para a inflação decorrem de hipóteses e parâmetros. "Uma delas é a persistência de choques industriais, nosso hiato é mais aberto, há um debate sobre se a inércia mudou ou não, e tem o tema da potência da política monetária. Entendemos as diferenças de projeção e acompanhamos a progressão disso", respondeu.
Campos Neto disse ainda que o cenário alternativo de inflação
apresentado pelo Copom com hiato zero não significa que o colegiado não
acredita no seu modelo, que estima o hiato em -0,9% no segundo
trimestre. No mesmo período, a mediana do mercado é de -0,2%, segundo o
questionário pré-Copom.
Fonte: Agência Estado
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