Sempre que uma nova corrente política (ou partido) surge, a pergunta é imediata: estes senhores são de Esquerda ou de Direita? A pergunta é repetida de forma exaustiva. Marco António Reis para o Observador:
Se há tema recorrente nas discussões políticas nacionais é o da classificação ideológica de cada partido político.
Numa
espécie de profecia de fé, herdada das assembleias francesas do século
XVIII, os conceitos de Esquerda ou de Direita são apregoados em causa
própria como validação de honra, dignidade, humanismo ou visão. Em
consequência, os mesmos adjetivos (ou a falta deles), são arremessados
para o quadrante oposto, no firme propósito da diferenciação
depreciativa.
Sempre
que uma nova corrente política (ou partido) surge, a pergunta é
imediata: estes senhores são de Esquerda ou de Direita? A pergunta é
repetida de forma exaustiva, até alguém, com responsabilidade política
ou ideológica reconhecida, sucumbir para um dos lados propostos.
É-nos
mais confortável simplificar, catalogar e arrumar as coisas na
prateleira correspondente. Ficamos mais descansados. Sentimo-nos mais
seguros. Fazemo-lo em quase tudo na nossa vida e, claro está, na
política também.
Em
dezembro de 2021, o Observador aproveitou uma Convenção da Iniciativa
Liberal para lançar a pergunta chave nestas coisas das “arrumações
ideológicas”. À falta de um rótulo unânime, o jornalista decidiu-se pela
citação anónima: “não é um assunto de carne ou peixe”.
O Liberalismo não é “carne ou peixe”. Vai além do bipolarismo de Esquerda e Direita.
Façamos um exercício:
Imaginemos que todas – sim, todas – as atuais correntes políticas nacionais, se baseiam na mesma ideologia: o Socialismo.
Imaginemos,
agora, que todas elas – sim, todas – concentram na ação do Estado a
resposta para todo o Mal, bem como a solução para todo o Bem.
Imaginemos,
por fim, que as várias correntes políticas, se propõem usar o Estado de
forma mais ou menos intrusiva, com maior ou menor pendor social, com
maior ou menor patrocínio empresarial.
Eis a tão apregoada Esquerda e Direita em Portugal!
A
Iniciativa Liberal surge fora desta matrioska de Socialismos, com base
na longa tradição Liberal. Quer menos – muito menos – Estado na vida das
pessoas e das empresas. Quer que sejam livres de tomar as suas opções,
mas também que cresçam na medida do seu esforço e talento.
Reclama,
passados 48 anos de uma Democracia mais ou menos Socialista, espaço
para a verdadeira Liberdade. Que nos soltemos de todas as amarras e que
nos desintoxiquemos de todos os vícios. Que possamos respirar fundo e
traçar o nosso rumo, sem a impedância sistémica de quem dela subsiste de
forma parasita. Que, no que de essencial do Estado prevalecer, haja um
escrutínio rigoroso.
Pode
pagar o preço por se desalinhar. Pode encontrar um caminho mais íngreme
e sinuoso. Mas reclama o direito ao seu lugar, sem ter de encaixar à
Esquerda ou à Direita. À margem de todos os Socialismos.
Entender
o Liberalismo pode ser desconfortável. Obriga a combater uma certa
letargia intelectual. Questiona a moribunda máquina do Estado e quem
dela sempre se serviu. Mas, como diz o mote, faz falta a Portugal!
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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