João Borzino responde se a mulher pode se masturbar diariamente
A
masturbação feminina, ainda vista como um tabu em muitos círculos
sociais, é uma prática natural e saudável que envolve o autoconhecimento
do próprio corpo. Segundo o médico e terapeuta sexual João Borzino,
através dela, a mulher explora suas zonas erógenas, promovendo o prazer
e, em muitos casos, contribuindo para uma maior conexão com sua
sexualidade.
"No
entanto, o tema historicamente foi cercado por preconceitos e
desinformação, especialmente em comparação ao comportamento masculino",
ressalta.
Dr.
João afirma que ao longo da história, a masturbação feminina tem sido
reprimida por questões culturais e religiosas, diferentemente da
masculina, que muitas vezes foi encarada com mais tolerância.
"Nos
tempos vitorianos, por exemplo, acreditava-se que qualquer
comportamento sexual feminino fora do casamento, incluindo a
masturbação, era sinal de desvio moral. Infelizmente, resquícios dessa
visão ainda existem, alimentando uma repressão psicológica em pleno
século XXI. Felizmente, os avanços nas ciências sexuais e no movimento
de empoderamento feminino têm contribuído para uma visão mais aberta e
saudável sobre o tema".
Segundo
ele, estatísticas globais indicam que a prática da masturbação é comum
entre mulheres, embora a frequência varie. "Estudos apontam que cerca de
70% das mulheres se masturbam ao longo da vida, mas a frequência com
que isso ocorre é geralmente menor do que entre os homens. Os homens
costumam se masturbar mais frequentemente, possivelmente devido a menos
tabus culturais e a maior aceitação social do comportamento masculino
nesse contexto. No entanto, a prática feminina está se tornando mais
frequente à medida que as mulheres ganham mais espaço na conversa sobre
sexualidade e autonomia corporal".
O
médico relata que ao longo de anos de experiência clínica, pode atender
a muitas mulheres enfrentando problemas sexuais diversos. Uma queixa
comum é a dificuldade em atingir o orgasmo, seja sozinha ou com um
parceiro.
"Nessas
situações, a masturbação pode ser uma ferramenta poderosa para o
autoconhecimento, ajudando a mulher a descobrir o que lhe traz prazer, e
eventualmente, comunicar melhor essas necessidades ao parceiro. Outro
desafio frequente é a baixa libido, muitas vezes relacionada ao
estresse, pressões sociais e familiares, e até mesmo dores menstruais e
sexuais. A prática da masturbação pode aliviar algumas dessas tensões,
funcionando como uma forma de liberar tensões físicas e psicológicas.A
falta de educação sexual para as mulheres também é um fator que perpetua
o tabu da masturbação feminina. Muitas mulheres ainda se sentem
envergonhadas ou culpadas por explorar seus corpos, seja pela influência
religiosa, cultural ou familiar. Essa repressão cria barreiras que
dificultam a aceitação plena da própria sexualidade",
João
Borzino afirma que não há um número "correto" ou limite fixo para a
masturbação. "Desde que a prática não interfira nas atividades diárias
ou nos relacionamentos. A masturbação se torna problemática apenas
quando é usada como uma válvula de escape para problemas emocionais ou
interfere negativamente na vida cotidiana da pessoa".
Segundo
ele, a masturbação pode ter um impacto positivo na relação da mulher
com seu corpo. "Ao se conhecer e se tocar, a mulher pode desenvolver uma
aceitação maior de suas particularidades físicas, entendendo seu corpo
como uma fonte de prazer, e não de vergonha ou insatisfação. Em alguns
casos, pode até ajudar na melhora da autoimagem, já que o prazer pode
promover uma relação mais positiva com a própria anatomia".
O
terapeuta sexual ressalta que sexualidade feminina está diretamente
conectada ao bem-estar emocional e físico. "Mulheres que têm uma relação
saudável com sua sexualidade, incluindo a prática da masturbação,
tendem a ter relacionamentos mais satisfatórios e equilibrados, tanto no
campo romântico quanto no familiar e profissional. O autoconhecimento
sexual contribui para uma comunicação mais aberta e honesta, o que
fortalece a intimidade com o parceiro e também o entendimento sobre seus
próprios limites e desejos".
Não há contra-indicações de ser feita diariamente
A
masturbação pode ser feita até diariamente, de acordo com o médico.
"Desde que isso não se transforme em uma compulsão ou cause desconforto
físico. Para muitas mulheres, a masturbação diária pode ser uma forma
saudável de aliviar o estresse e promover o bem-estar".
Benefícios da prática
A
masturbação feminina pode ser benéfica para o relacionamento, pois
permite que a mulher conheça melhor seu corpo e o que lhe dá prazer,
analisa o médico. "Essa descoberta pode ser compartilhada com o
parceiro, tornando a vida sexual mais satisfatória. O segredo está em
manter um equilíbrio, onde a masturbação não substitua o sexo em um
relacionamento, mas sim o complemento".
E
são diversos os benefícios da prática. "Incluem a liberação de
endorfinas, que são responsáveis pela sensação de prazer e bem-estar,
redução do estresse, alívio de dores menstruais e, claro, o
autoconhecimento sexual. Além disso, a prática regular pode melhorar a
qualidade do sono e até fortalecer o sistema imunológico".
Borzino
pontua que não há malefícios inerentes à masturbação, desde que não se
torne uma compulsão. "O excesso pode ser um sinal de que a pessoa está
utilizando a prática como fuga de questões emocionais ou de
relacionamento, e nesse caso, pode ser importante buscar ajuda
profissional"
Ele
acredita que a masturbação é um ato de empoderamento, pois envolve a
mulher se apropriar de seu corpo e de sua sexualidade, sem depender de
normas externas ou de parceiros para atingir o prazer. "Trata-se de uma
quebra de paradigmas, onde a mulher é protagonista do seu prazer, o que
reflete também em outras áreas de sua vida, promovendo maior confiança e
autonomia".
Mitos sobre o tema
O
médico destaca que um dos mitos mais comuns é que a masturbação
prejudica o relacionamento ou a vida sexual em si. "Na verdade, o oposto
é verdadeiro: ela pode melhorar a vida sexual ao ajudar a mulher a
conhecer seu corpo. Outro mito é que a masturbação causa problemas
físicos, como infertilidade, o que não tem base científica. A verdade é
que a prática, quando feita de forma saudável, traz inúmeros benefícios
para a saúde física e mental. Importante salientar que que a salutar
quando não substitui o sexo, quando não é exclusivo ( só sente prazer
com a masturbação), quando não causa perdas nos relacionamentos e
atividade laboral, familiar e social"
Falar
sobre masturbação feminina ainda é difícil para muitas mulheres, devido
aos estigmas e tabus impostos pela sociedade. "No entanto, é
fundamental entender que essa é uma prática natural e que pode melhorar
significativamente a qualidade de vida sexual. Se você sente desconforto
ou enfrenta dificuldades para explorar sua sexualidade, saiba que não
está sozinha. Procure ajuda profissional, converse com seu parceiro ( se
tiver um) e permita-se a liberdade de conhecer e respeitar seu corpo.
Soluções existem, e seu bem-estar sexual e emocional merece atenção e
cuidado. A sexualidade não está isolada, ela é parte da vitalidade do
ser humano, e por isso deve ser devidamente cuidada como “parte de um
todo”. Ser reprimida sexualmente causa muita frustração e
vice-versa.Quebrar o silêncio e buscar informações é o primeiro passo
para uma vida sexual mais saudável e satisfatória", finaliza.
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