Durante
participação na 16ª Conferência da Biodiversidade, Gabriela Savian
aponta premissas para que região e suas populações não sejam
prejudicadas
Conceito contemporâneo, a bioeconomia deve se
basear nos limites e necessidades da Amazônia, de seus povos e da
floresta, fomentando iniciativas que não sejam prejudiciais às
populações locais e à sua dinâmica.
A afirmação foi feita por
Gabriela Savian, diretora adjunta de Políticas Públicas do IPAM
(Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) durante a COP16 da
Biodiversidade no Painel de especialistas: Ampliando empresas verdes e
impacto social na Bacia Amazônica e além.
Para Savian, quatro
premissas são necessárias para abordar essas oportunidades emergentes
para a Amazônia: conservação das florestas, promoção de sistemas de
produção diversos, fortalecimento do conhecimento tradicional, das
práticas e tecnologias sociais e compartilhamento justo de benefícios
entre as populações locais.
“Essas premissas norteiam o IPAM
nos territórios onde atuamos diretamente com os agricultores, bem como
as ações que apoiamos nas políticas públicas nos níveis federal,
estadual e municipal”, afirmou.
Como resultados preliminares
de pesquisa em andamento realizada pelo IPAM, identificou-se que das
mais de 13 mil empresas formais nos nove estados da Amazônia brasileira
que possuem relação com bioinsumos ligados à sociobioeconomia, quase
nenhuma delas têm o processo de inovação e tecnologia baseado na
Amazônia.
“Esses processos estão localizados no sul e no
sudeste do país, mostrando que as instituições de pesquisas, a
tecnologia e a inovação precisam ser fomentadas na Amazônia para criar
as estruturas, reduzir as distâncias e valorizar os produtos”, explicou
Savian.
Marcelo Furtado, Head de Sustentabilidade do Itaúsa,
trouxe ao debate a necessidade mudar a forma como a Amazônia é
valorizada, especialmente sua natureza.
“O desafio para
envolver o setor financeiro é, por um lado, tornar a natureza um passivo
financeiro, e isso não significa monetização da natureza, mas pagamento
pelos resultados positivos que a natureza produz para a vida, para as
operações industriais, a qualidade do ar, a chuva para a produção de
alimentos e assegurando que os recursos da terra estarão lá para as
pessoas que estão cuidando da natureza, em primeiro lugar”.
Furtado
mencionou o trabalho que está sendo realizado por um grupo de 22
organizações advindos de academias, sociedade civil, negócios e ONGs que
se reuniram para apoiar a iniciativa de bioeconomia para o G20 sob o
governo brasileiro. “Acordamos que não gastaríamos muito tempo definindo
bioeconomia, mas fizemos um acordo de que a bioeconomia de que estamos
falando é positiva para o clima, natureza e pessoas”.
Simón
Gaviria Muñoz, ex-diretor geral do DNP (Departamento Nacional de
Planejamento) da Colômbia, trouxe a perspectiva do país durante o
painel. “A Amazônia é muito presente no Brasil, no Peru... faz parte de
sua cultura, comida, música, turismo; enquanto na Colômbia, ainda
estamos descobrindo-a”, afirmou.
Segundo ele, os conflitos
históricos ainda existentes na Colômbia também prejudicaram o
desenvolvimento econômico e ambiental do país. “Não ter paz no
território cria desafios para o meio ambiente”. Para conservar de
maneira sustentável e permanente, ressaltou, são necessários
investimentos no país e envolvimento das comunidades que vivem na
floresta.
Para Ilona Szabó, cofundadora e presidente do
Instituto Igarapé, além do financiamento, os arranjos governamentais
multiníveis podem ser chave. “Há boa vontade, temos capital, há muito
conhecimento, mas estamos quase lá. A governança pode criar as condições
para trazer o capital para os territórios de modo que as pessoas que lá
estão prosperem e para que tenhamos impacto social”.
Informações à imprensa: Cali:
Sara R. Leal + 55 (62) 99255-2742 sara.pereira@ipam.org.br Brasília: Marcelo Freitas + 55 (61) 99964-2598 marcelo.freitas@ipam.org.br |
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