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O criador do Facebook faz uma aposta alta no mundo digital e se torna o último gigante high tech a mudar totalmente o físico franzino. Vilma Gryzinski:
Pode-se
dizer que hoje o mundo se divide em duas turmas em matéria de redes
sociais: os que torcem por Elon Musk, com seu jeito caótico e libertário
de administrar o Twitter, e os que acham que ele é um brucutu de
direita que merece ser derrubado pela app que Mark Zuckerberg está
lançando, chamada Threads (tramas ou fios, uma palavra difícil de
pronunciar por brasileiros e muitos outros grandes usuários de língua
não saxã).
E
talvez derrubá-lo também no octógono, segundo o desafio que Musk
lançou, algo insensatamente, considerando-se que é um novato em
condicionamento físico e Zuckerberg ganhou até uma medalha de ouro num
campeonato de jiu-jitsu.
A
medalha coroou uma transformação excepcional, mais impressionante ainda
do que o físico malhado que Jeff Bezos ganhou depois que começou a
namorar Lauren Sanchez, com quem vai oficializar a relação em breve (lá
se irão muitos bilhões de dólares, dizem os cínicos, considerando que o
“pedágio” para encerrar o primeiro casamento, desfeito quando começaram a
circular os textos e os nudes dele para a outra, foi de 38 bilhões).
O
que adianta ter mais de 200 bilhões de dólares, conquistar Marte e
buscar a vida eterna se o corpo continua o mesmo do tempo dos nerds
trancados na garagem fazendo invenções geniais?
Com
o mesmo espírito obsessivo que põe em tudo o que faz, Zuckerberg se
jogou na malhação e agora se orgulha de poder completar com um bom tempo
uma das mais exaustivas maratonas físicas que existem, chamada o
Desafio de Murphy.
O
nome é uma homenagem a um comando especial, Michael Murphy, tenente dos
legendários Seals, morto no Afeganistão em 2005. Foi ele o criador da
série consistente no seguinte: correr uma milha (1,6 quilômetros), fazer
cem levantamentos de braço na barra, 200 de solo, 300 agachamentos e
daí correr mais outra milha. Tudo isso usando um colete de vinte quilos,
para facilitar.
Colegas
de Murphy começaram a fazer o Desafio no dia em que os americanos
lembram os mortos em guerras, na última segunda-feira de maio, e a moda
se espalhou.
Zuckerberg
exibe com orgulho os tempos alcançados e as duas filhinhas que
participam da brincadeira, fazendo um quarto da prova. Além do rigoroso
regime de condicionamento físico, ele começou a fazer jiu-jitsu
brasileiro, a modalidade disseminada pela família Gracie. As medalhas
conquistadas mostram que virou fera.
O
treinamento e a idade, 39 anos, indicam que ele teria todas as
vantagens sobre Elon Musk. Só recentemente o dono do Twitter resolveu
entrar em forma, depois de ver a foto em que aparece, branco e balofo,
no deck de um iate com Ari Emanuel, empresário do entretenimento, dono
inclusive da UFC, com físico inacreditavelmente esculpido para seus 62
anos. Musk, de 51, parecia ter uma duas décadas a mais.
Por
causa da foto, começou a tomar Ozempic para emagrecer e a treinar com
outra estranha personalidade do mundo high tech, Lex Fridman, um
especialista em Inteligência Artificial que também domina o tatame.
Elon
Musk diz que, se pudesse, não faria exercício físico nenhum e brinca
que sua manobra preferida nas artes marciais é o “Leão Marinho”, que
consiste em se sentar em cima do adversário. Mas Fridman diz que o aluno
o deixou impressionado pela “força, potência e habilidade, em pé ou no
solo”.
É
claro que a disputa entre os gênios high tech é movida pela parte mais
potente do ser humano (depois do bolso, este já devidamente forrado): o
ego.
E
a concorrência comercial também pesa, e muito. A revolução, ou
revoluções, que Elon Musk implantou no Twitter o transformou em inimigo
da esquerda por ter permitido a volta de personalidades como Donald
Trump. Musk também expôs como o Twitter, antes dele, agia em íntima
sintonia com os desígnios de autoridades americanas para censurar as
opiniões “erradas”, principalmente durante a pandemia.
Musk
hoje vale 249 bilhões de dólares, o que o colocou de volta no lugar de
homem mais rico do mundo. Zuckerberg, coitadinho, tem apenas 101
bilhões. Ambos são o mais próximo que o mundo de hoje produziu de homens
geniais: visionários, arrojados, obcecados e, agora, conscientes do
princípio que os antigos gregos já praticavam, de cultivar tanto a mente
quanto o físico.
De
que adianta ter QI acima de 150, como têm os dois, e barriga projetada,
ombros encurvados, fôlego curto e outros males da vida diante de um
computador?
Mais
do que o choque de egos e de fortunas, o embate dos bilionários também
envolve conceitos importantes sobre as redes sociais: o libertário Musk,
que já se descreveu como um fundamentalista da liberdade de expressão,
ou o cooperativo Zuckerberg, pronto para atender tudo o que o governo
pedia, em nome do bem e dos bons princípios.
Uma
decisão judiciária bombástica de ontem colocou a questão no centro dos
acontecimentos: um juiz distrital, Terry Doughty, proibiu que várias das
principais autoridades do governo entrem em contato com os responsáveis
pelas redes sociais por causa da censura “orwelliana” praticada durante
a pandemia a pretexto do combate à desinformação.
Estão
na lista o secretário da Saúde, Xavier Becerra, a porta-voz Karine
Jean-Pierre e nada menos do que todos os funcionários do Departamento de
Justiça e do FBI.
É
claro que haverá apelos a outras instâncias, mas a lista de assuntos
“suprimidos” do Facebook, Twitter e YouTube durante a pandemia feita
pelo juiz Doughty é impressionante: oposição às vacinas, máscaras e
lockdowns, defesa de que o vírus provinha de um laboratório chinês,
oposição a políticas de Joe Biden e outros integrantes do governo e
menções confirmando o laptop cheio de informações comprometedoras do
filho do presidente, Hunter Biden.
“Esta supressão dirigida a ideias conservadoras é um perfeito exemplo de discriminação do discurso político”, escreveu o juiz.
Em
defesa de Mark Zuckerberg, é preciso dizer que ele posteriormente
lamentou que funcionários do Facebook tenham atendido tão docilmente a
agentes do FBI e “rebaixado” o assunto do laptop de Hunter Biden – que
era verdadeiro desde o começo, bastava ter imparcialidade para analisar.
A
torcida para que Musk se dê mal tem a participação de todos os meios
que colaboraram com o governo nesse tipo de comportamento e os usuários
que simpatizam com a ideia de censurar conservadores. Mesmo que tenham
que passar a gostar de Mark Zuckerberg, uma das tarefas mais difíceis do
mundo.
Uma
pequena parcela não toma partido: nem deixa de ver os defeitos de Musk
nem engole o criador do Facebook e a limpa total que faz nos dados dos
usuários de suas redes.
É o pessoal do “F*** Zuck”, seja em sua versão nerd, seja o malhadão que agora quer derrubar o Twitter.
Postado há 3 weeks ago por Orlando Tambosi
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