O engenheiro agrônomo e ex-deputado afirma que os assentamentos não melhoram a renda dos beneficiados nem combatem a fome, mas geram massa de manobra para o movimento. Entrevista à Crusoé:
O
engenheiro agrônomo, produtor rural e ex-deputado federal pelo PSDB
Francisco Graziano Neto, conhecido como Xico Graziano, estuda a reforma
agrária desde o seu doutorado, em 1989, na Fundação Getúlio Vargas.
Hoje, ele dá aulas no curso de MBA dessa instituição.
Graziano
conhece com profundidade o Movimento dos Trabalhadores Rurais
Sem-Terra, o MST, com quem negociava na época em que era o presidente do
Instituto da Reforma Agrária, o Incra, em 1995, no governo de Fernando
Henrique Cardoso. Segundo ele, o movimento atualmente não passa de uma
fábrica de sem-terras.
Ao
contrário da crença de que há uma população de potenciais agricultores
que conhecem a lida no campo mas que estão privados do acesso à terra,
Graziano afirma que muitos integrantes do movimento habitam as cidades e
têm pouco conhecimento da zona rural. “Não são mais trabalhadores
rurais que querem trabalhar. Eles são desempregados, desajustados
urbanos ou oportunistas, que pegam carona e invadem terras”, diz
Graziano. Depois de receberem verbas governamentais para se instalarem
ou construírem suas casas, o que eles normalmente fazem é comprar um
carro velho e ir embora do lugar, segundo Graziano.
No
Crusoé Entrevistas, ele afirma que é falsa a ideia, muito difundida
pelo presidente Lula e pelo PT, de que a produção de alimentos por
agricultores familiares pode reduzir a fome no Brasil. Isso porque a
maior parte do que vai para a mesa dos brasileiros é produzido pelo
agronegócio. Na produção de feijão, apenas 27% vem de pequenos
produtores familiares. “Se alguém não come feijão, não é porque não tem
feijão. Se tem gente que passa fome, é porque as pessoas não têm renda
para se alimentar”.
Acreditar
que a distribuição de terras seria uma maneira de gerar renda para a
população carente é outro engano. Pesquisas citadas por Graziano mostram
que a renda dos assentados não melhora com o tempo. Para ele, seria
melhor que o dinheiro gasto pelo governo fosse dado diretamente para
essas pessoas. Com o que é gasto fazendo a reforma agrária seria
possível pagar um salário mínimo para cada família assentada por 13
anos.
Outra
opção seria incentivar as pessoas a ocupar as vagas de emprego abertas
no campo. “Hoje, se alguém quiser trabalhar na agricultura, pode ir que
acha emprego. Existe um apagão de mão de obra no agro brasileiro e os
salários são melhores do que os salários urbanos, na média geral, para
tratorista, ferramenteiro, caminhoneiro, operador de máquinas agrícolas.
Pode procurar que tem”, diz Graziano.
Assista ao vídeo: https://youtu.be/RomUB7-eAqk
Postado há 3 weeks ago por Orlando Tambosi
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