A
nova geração está alcançando a idade de ingressar no mercado de
trabalho. No entanto, esses jovens têm pensamentos, personalidades,
ideias, propósitos e objetivos bem diferentes dos integrantes atuais dos
quadros corporativos. Um fator determinante nessa mudança de percepção
sobre o mundo foi a pandemia. Nesse sentido, o estágio é o momento ideal
para moldar essas pessoas para o ambiente empresarial e preparar os
futuros gestores do país. Vou discorrer sobre a relevância dessa
prática.
Um
grande líder é formado por desafios enfrentados ao longo da estrada
profissional, ensinamentos e convívio com colegas exemplares. No
entanto, para quem nunca teve a vivência nesse universo, é mais complexo
entender o funcionamento. Por isso, o ato educativo supervisionado é
fundamental para fortalecer essa parcela da população e, daqui a alguns
anos, teremos grandes executivos espalhados pelo Brasil.
O comportamento dos jovens mudou nos últimos anos
Os
efeitos da Covid-19 afetaram toda a população, mas alguns sofreram mais
com os impactos. Isso ocorre porque o isolamento social, aulas remotas e
home office
aconteceram na transição da adolescência para a vida adulta de diversos
estudantes. Assim, muita gente ficou solitária e com dificuldade de
socialização. Além disso, existem consequências práticas no aprendizado,
pois diversas empresas não estavam preparadas para essa alteração na
maneira de atuar.
Logo,
as instituições de ensino assumiram um papel de protagonista no aspecto
de retomar todas essas rupturas. Esse período foi crucial para o
desenvolvimento de relacionamentos saudáveis, assim como ensinamentos
pessoais e profissionais. Quando falamos de estágio, é um pilar
essencial, pois só pode participar da modalidade quem está regularmente
matriculado no ensino médio, técnico, superior ou nos anos finais do
fundamental, na Educação de Jovens e Adultos (EJA). Afinal, tem o
objetivo de inserir essa classe no mercado, mostrando a eles como é o
cotidiano da profissão desejada.
Portanto,
essa prática se torna ainda mais valiosa no momento atual. A
conciliação entre sala de aula e corporação auxilia e evolui esse
indivíduo. Para tudo ocorrer da melhor maneira, a Lei 11.788/2008
assegura alguns direitos cruciais. O discente tem a carga horária
limitada em seis horas diárias e 30h semanais, sem a possibilidade de
ultrapassar esse teto. A cada 12 meses na mesma companhia, o membro pode
desfrutar de 30 dias de recesso remunerado. Nesse ponto, sempre
aconselho a combinar com as férias escolares, permitindo um descanso
completo.
De
acordo com a Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, 70% dos
alunos relataram quadros de depressão ou ansiedade por conta do retorno
ao ensino presencial. Sendo assim, esse movimento deve acontecer de
maneira correta, cautelosa e sem pular etapas. As organizações, colégios
e universidades também precisam se preocupar com a saúde mental desses
jovens. Afinal, isso terá reflexo na sociedade e nos futuros executivos.
Em
2020, segundo dados do Fundo das Nações Unidas para a Infância
(Unicef), cerca de 44 milhões de crianças e adolescentes passaram a
estudar virtualmente devido ao Coronavírus. Desde 2021, com a
flexibilização das medidas sanitárias e a retomada gradativa das
atividades, a convivência presencial voltou a fazer parte das rotinas.
No entanto, cada colaborador tem suas particularidades, características e personalidade única. Além disso,
a maioria dos integrantes da modalidade vivem essa experiência pela
primeira vez e estão ali para aprender. Sendo assim, é fundamental os
supervisores terem noção do seu papel e como cada atitude nesse contexto
pode marcar aquele iniciante para sempre, seja de maneira positiva ou
negativa.
Portanto,
deve haver uma preocupação com a formação do cidadão e não apenas do
funcionário. Para isso, é necessário começarmos a criar empatia, a
consciência de se colocar no lugar do outro. Ou seja, se esforçar para
tratar o colega como você gostaria de ter sido quando ocupava aquela posição.
Quando
isso acontece, cria-se no outro a liberdade para tirar suas dúvidas,
expor opiniões e sugerir novas ideias. Dessa forma, desenvolve-se dentro
dele a capacidade de elaborar soluções e debater sobre assuntos
corporativos. Assim, além de aumentar a chance de construir um bom networking, pode levar inovação para sua companhia.
Contudo, desse momento difícil também surgiram boas alternativas, como a opção do modelo remoto. Ele proporciona
vários benefícios para os envolvidos. Um morador de uma cidade pequena,
por exemplo, pode estudar em uma grande faculdade e estagiar em uma
metrópole. Dessa forma, os contratantes também ganham um leque maior de
opções para preencher suas equipes. Nesse caso, não há necessidade do
pagamento de auxílio transporte, pois não terá deslocamento.
Com
o uso adequado da tecnologia, é possível formar times unidos, realizar a
integração positiva de novos componentes, cuidar do emocional de todos e
manter a alta produtividade. Para isso, basta ter equilíbrio. Promover
conversas descontraídas, motivar o grupo, criar a sensação de
pertencimento, utilizar dos canais de comunicação e promover encontros
presenciais são algumas atitudes interessantes.
A gestão de pessoas se tornou fator determinante para o sucesso
Nos
últimos anos, o conceito de sucesso profissional foi ressignificado. As
pessoas passaram a enxergar algumas questões com outros olhos e
deixaram de valorizar apenas o fator financeiro e o status. Portanto, para os mais novos, só esses pontos não são suficientes para conquistá-los.
De
acordo com uma pesquisa realizada em conjunto pela Confederação
Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), pelo Serviço de Proteção ao
Crédito (SPC) e pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas
Empresas (Sebrae), a Geração Z (nascidos após 2001) não tem apego a
altas remunerações. Para 42%, o mais relevante é ter felicidade na
carreira, seguido pelo equilíbrio entre trabalho e vida pessoal, com
39%, enquanto 32% almejam reconhecimento.
Ou
seja, os comandantes devem enxergar seu grupo como seres humanos, sem
pensar só em números e resultados. É papel da organização criar um
ambiente positivo e entender pensamentos, preferências, jeitos e
histórias diferentes de cada um. Hoje, a conexão dos valores e cultura
do empreendimento com os do candidato são levados em consideração na
hora da busca por uma oportunidade.
É
importante lembrar: os sujeitos estão ali para serem treinados,
ensinados e preparados para a carreira. Portanto, acontecerão erros e
por isso é obrigatório ter alguém experiente responsável por eles.
Nesses momentos, o feedback é imprescindível para esses equívocos não se repetirem.
O
chefe também deve incentivar hábitos corretos e explicar como funciona o
cotidiano empresarial, pois a postura, apresentação, modo de falar,
vestimenta e outras características fazem a diferença. Além disso, pode
lapidar uma joia para, daqui algum tempo, se tornar um executivo e
ocupar um alto cargo na corporação.
Costumo
dizer também: o dinheiro não é mais o fator de decisão, mas continua
bastante relevante. Logo, ofereça uma bolsa-auxílio condizente com a
capacitação desejada e as tarefas a serem desempenhadas por esse
integrante. Ainda, recompensas por bons resultados chamam a atenção.
Folga, bônus, comissão, prêmios, tudo isso pode ser disponibilizado e
conquistará o público.
Abra
as portas do seu negócio para essa garotada cheia de vontade de
aprender e mostrar seu potencial. Assim, além de fortalecer a sua
equipe, você estará ajudando a economia e a educação do país. Conte com a
Abres. Estamos juntos nessa caminhada!
*Carlos Henrique Mencaci é presidente da Associação Brasileira de Estágios - Abres
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